Nietzsche Hoje 163l5b

como, nJo í meu propósito afora, mas c assim que vejo as coisas. £ n r Cümrns: Gostaria de fazer uma observação a peleuxe: ele se esqueceu do museu, a propósito da pop an, e esquecimento a seu parfhpris no problema da jus* parrt-prij que n i o é. evidentemente, nietzschia* no, mas que entrava Nictzschc. Hufhej I.sbmzje Estamos em plena paródia, e a iene* dade do debate me parece comprometida Afirmar que HtoMfel teria um adepto da pop an nâo tem H M H D algum, Por outro lado, Pauirat evoca o tociaaimo. Nós nos haviamos desviado antes para a noçAo de "juftiça popular' \ £ uma utilizado muito suspeita de Nictxsche. sobretudo te pensarmos no que escreveu sobre o socialismo em s u forma mais gregtria..* Jacques Derrida: O que Nietzsche pensa do socialismo é problemático Hughes Labruat; fcmio. coloquemos o problema! Gtíks Deirvzt: O problema da justiça i totalmente njetzschiano, per corte toda a sua obra P*trrt Boudot- Em todo caso, Dekuze permanece dentro d* tcmàuca aictzKhiana quando fala de uma estrutura que destruiria ao mesmo tempo a cópt* c o modelo. £ mo que Klossowski oomoa com uma palavra que me parece muito importante: "insurreição". Na tocftdade totalmente uniformizada, alguns teriam a possibilidade de se afirmar, de "surgi:'* de desmontar, conscqocmemtfuc. pelo simples fato de serem eles mesmos. Mas percebo ai uma ambigüidade, que í de algum modo revelada pelo que diwc Ddeuze. pois recusar i um só tempo a cópia e o modelo, c recusar a eicmfVlaricUde, mesmo se involuntária ou "natural". Piem KtossowskL Certamente' Mas nlo creio, absolu-

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lamente, que se por milagre o projeto se realizasse, s^tzschc seria tenudo a ver ai um novo modelo. A o contrário, eJe traniformaria cm derritlo esses produtoi ideais. esse* tipoi superiores, e nada disso resistiria um segundo a seus urcasmos. E por isso que se trata de algo que recua ao infinito. Tal c, justamente, a virtude do detirio. JeoaNoti Vutmet: Creio que poderíamos colocar aqui a questão da lese e do mito, o que levaria. lahez. a distinguir entre teses que slo contrações, isto c. que visam a uma mu* dança imediatamente realizável, e. por outro lado, á experimentação de mitos ou de ficçôes reguladoras. Exatc ai toda uma dimensio de utopia que excede o universo da tes* c que está presente mesmo na obra de M a n . Ciaudt yivtrn: Temo que percamos de vista o qu£ era o ponto de partida de Pierre Klossowski. que ele nomeou a dissolução do principio de identidade. Negligenciando as conseqüências desta dissolução, que podem ser. ás vezes, conseqüências práticas, lançarno-nos em uma série de equívocos talvez atuais, mas que nio corresponderiam nem ao modo pelo qual Nicusíhc coloca certos problema*, nem. sobretudo, àquele pelo Qual Klossowski os recoloca ou os trans* forma. Quando (alamos de insuireiçJo — e nos terios de Klossowski trata-K de um tipo de insurreição bastante parti* cular, isto í , de forças incontroláms no interior do próprio sujeito — ai imeiuidades sio, justamente, o que dissolve o principio de identidade, na medida cm que o sujeito nlo pode, cm caso algum, ser responsável por isso. Foi dito há pouco que. em um universo mediocrizado, só alguns indivíduo* poderiam sef o que slo; mas. justamente estes, sef*o os que nâo teráo identidade. Arruinar o princípio de identidade c. entio. ceder terreno a forças que nlo serão mais economizâvcís — no sentido de Baiaük — que serio puraa força* de gasto ou de excedente, mas de modo algum recuperáveis... Hughes Lcòmsst: E jamais entregues ao frenesi da eficácia a qualquer preço. CJéudt Fíviffr É o contrario! Menos se è recuperável, mais se è eficaz. Gities Deieuzt: Certamente a noçJo de perda de identidade t importante; c, quanto a esse ponto, devemos muito a Klossowski, e há minto tempo* Mas boje o que KJossowski desenvolve e a noÇ*o de compld. Sem dúvida, ela está ligada

cucviwvmonus á precedente, mas nao e a mesma cotsa~ Gostaria de resumir u m parte dt discussão que acate de acontecer: ttotsowski nos trazia a noçlo de cocnpió; Alfrcd Fabre-Luce d ir a . basicamente: "mas. K há compló. pode ter um temido político atual?''; quanto a mun, testava dizer: "mas sou, certamente, vncmos DO interior drie. vivemos no interior deste probkma", c Labrusse intervinha para dizer Que se traia de um cornplft, que nlo se doe falar que ek mesmo fica estupefato. Ha um tema que Kloacwib desnudou, a a o , ao mesmo tempo que o da perda de identidade: e o tema da singularidade» )á que as singularidades suo. literalmente, nlo-idcmida* des. Um comptô. te couupreesdcrmoi bem o pensamento de Klossowtki. è uma comumonde de singularidades, E o ponto cm que o problema ic tona poitico (em um seaúdo aovo ou vcJbo. pouco importa) è: OMW conceber uma comunidade de singularidades? Aí esU um tema caro a Klossowski: cie o perseguiu com Founct, Sade. cfc o «pós cm La MOMO* Wvunfe\ O que se chama de sociedade è uma comunidade de regularidade* ou. a rigx, um certo processo seletivo que retém singularidades bem oroih^las e as rcguianxa* Geralmente ela escolhe, para falar cm tatuagem psiquiátrica, singularidades paranóicas, porque isto se ajusta ao funcionamento de uma sociedade. Mas um cocaptó sena uma comunidide de singularidades de um outro tipo, que olo se deixariam regularizar, que entrariam em conexões novas* que nesse sentido seriam revolucionárias Parece-me que Pterre Klosso^ski fez avanços nessa direção e, a menos que trata seu pensamento.. o problema que aos colocou boje consiste realmente se e possível conceber hames entre singularidadesf cujo critério seriafinalmenteo eterno retomo, impbcando a perda de identidades, e, entretanto, nlo se remetendo a nenhum individualismo, ao contrario, formando sociedades, grupos. Jean-Sotí Vuarnet: Parece-me que, para Klossowsài. todo pensamento revolucionário inclui algo como uma relação com o mítico ou com o metafórico - Será que de itiria que uma paródia c algo que ena ficçócs reguladoras assim

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como teses, numa csptoc de impurc/a. de balanceamento continuo entre i tese e a ficção? Pierre Klosu>*nkt: Podemos formular a qucst&o dessa maneira, te te tratar, realmente, de uma oscilação continua. Jton+Mcrtt Btnotsi Pergunto-me se a dificuldade de articular uma política de Nieusche a uma política de Marx n l o provém do fato de que Wem de maneira diferente o livro oitavo da Republico de PlatAo e, cm particular, a parte que concerne à decaída da classe dos limocratas ate a tirania. Enquanto Marx iria ate o fim desse processo, mas encontrando ai a dinâmica, a d.aJet»ca das contradições entre ai classes, o que Platão nlo colocara, b l , cm Nict/schc. ao contrário, um sobressalto que seria o complfi e o reconduziria ao segundo momento, que i o d o timocraia e corresponde à vontade de pottncia. De um Lado. em M a n . a dinâmica de classes; de outro, cm Nletische. uma etrttlca de castas, ambos haurindo suas fontes, ainda que em dccalagem, no livro oitavo da Repúblico* de Platão, mais do que no recurso a um modelo oriental de casta. Pierre Klossomki: Sim, mas penso que, precisamente, o circulo vicioso, em s«a versAo nletischlana. i a maneira pela qual Niet/schc renova esta noção, juntando Platlo a Manu — isso tudo perdendo aqui todo peto cultural — graças à obsessão pelo eterno retorno, que e o desdobramento de tudo que sei ou de tudo que faço e de tudo o que foi, de forma que n i o há instalação possível. O que voe* acaba de dizer c muito sensato, mas se n l o mantivermos essa ideia de corretivo per* rnanente, sem a qual todas as conclusões que se tirassem de um enunciado de Nkt/icbe se solidificariam, nada mais*ntJk> teria sentido. O que faz a força de Nieusche e afirmar coisas que slo imediatamente refuttveU, mas unicamente por de mesmo.

Nietzsche e o eterno retorno do mesmo ou o retorno da essência artística na arte* Danko

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O eterno retorno do mesmo, que c a tdtta f undamen

tal de Nteizsche. significa, ao mesmo tempo, a verdadeira superação dos siitemas traitficxmats d * estética1. A idfcia do eterno retorno è i mau alia conquista c a idéia mais ewncial de Zaratustra. t a rodos que Zaiatuvira fala da morte de Deus; c a alguns que fala do attm-dohomem e da vontade de potência; ma*, no fundo, è apenas a u próprio que fala de eterno retorno do mesmo. O que marca, igualmente, a hierar* qiiía que o próprio NietZKhe estabelece entre tuas idüai fun damentab. E se de fato e**e jogo do a r m o retorno fosse ape* nat um oquema tc&fco ou o umbuLu Jc uma representado artística, uma metáfora símbolka. um aforismo, ealé mesmo tuna concepção do mundo o» da «ida, em suma, se o eterno retorno nâo pastasse de um* categoria estética ou epistemoLógica, ou de alguma categoria metafísica, supra-individuaJ. como, por exemplo, a tontade em Schopenhauer. emio Nietzsche olo teria deixado o solo da tradição. Em compentafâo. se essa idha deve exprimir a estrutura ontotógfca do

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mundo, se nflo éB na arte enquanto jogo, nada senão o índice da ordem cósmica das coisas, então no» encontramos no limiar de um domínio que nlo poderá mais ser qualificado de "estético". A idt» do eterno retorno, esse esforço anistico para pensar a estrutura artística do mundo, abole a oposíçAo entre o ado e o futuro» ou. mais exatamente, ao conferir ao ado a marca de um porvir aberto, potencial, dá. simultaneamente, ao futuro a permanência, a solidez, a imutabilidade do ado. Entretanto, o eterno retomo do mesmo nto t somente uma nova dimensão do tempo, da existência doe objetos reais e de tua determinação espacial. Toda a coita t e nlo é nesse lugar, todo lugar desaparece e reaparece de novo» a alma supera e nega toda limitação espacial assim como a temporalitUde ordinária. " ò minha alma, ensinei ic a dixer hoje como outrora e axtfi* gamente c sobre todo aqui. aL e acolá, dançar tua roda1/1 Em uma tal concepção, fundada oatologkamentc, a arte se despoja de todas as idéias e categorias que náo cessam de obscurecer tua estenda* Poli. para Niemche. o homem desnatara o mundo precisamente ao tentar apreendi-lo nos coocettot ao edificar e construir ininterruptamente categonas quaisquer, que em seguida impõe a ele; assim imagina a estro* tura das coisas e predetermina os fundamentos da realidade inteira e da totalidade de sua experiência. E por isso que o homem, na medida em que conhece todas as coisa* de uma maneira determinada por esse sistema de categorias e cm que K conforma exclusivamente a ele, separa-se da realidade c nlo deixa de tornar-se estranho a da com todo ato teórico desse gtnero. Somente quando o mundo e o homem juntos se fundirem numa unidade, somente quando "ontologia", "antropologia" e "estética" se pem a falar a mesma linguagem — isto é. apenas quando o ser do ente apresentar-se também ao homem como o eterno retorno do mesmo — o homem se reencontrará a si próprio ao mesmo tempo em que se ultraará enquanto homem. E só cnt&o que atravessará a ponte, k só entlo que se poderá elevar acima das coisas e

Amtm MO* Zsrmmmtt*, (II, Da Gmár M*foku

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dos abismo* e vttxcr o "espèrito do peso", dançar sua roda, íer artista, jogador animado por uma exaltação dionisíaca, c tó entlo que %c poderá tarar do espirito de vingança — pois, de quem e por que se vingam no eterno retorno? Ele poderia, portanto, ser aquele que se ckva acima de iodai ai coisas, poderia ser o aJ4m-do-horaem, Al está por que "alênvdo-hon e m " * o nome dado a um ser humano que responderia a seu ter» isto eB ao eterno retorno do momo. Ora, o akm-do-homem de Nictxiche. por sua determinação fundamental» nao esta. entretanto, em contradição com o eterno retorno do mesmo? Através da idéia do alemdo-homem, Nictxsche pensa* de fato, abolir o ado, ja que o ai em-do-homem e por definição um ser que vive DO inacabado, n i duração infinita do tempo, ele è a "flecha do porvir**, ele e o perpetuo colocar em condição para o ainda nao-percebido, para o naoreaJ. o oaoeosiente, e portanto, também para o nao-reücràvel* O alem-do-hor&em se despoja do ado, da tradição, enquanto, por outro lado. pelo rterno retomo do mesmo. H se anuncia no pasmado a possibilidade de ser também para o futuro, de forma que o ado nao c abolido, mas antes confirmado, no sentido em que se repete. Mais de uma veí. o próprio Niemcht sublinha essa aparente contradição — aparente em relação ao que para Niei/whe é o ts**naai — em particular quando identifica o eterno retorno com o tempo empírico, ou em geral á realidade empírica: por exemplo, aos elementos cuja soma c finita. c que por essa raxAo v*m sempre a se repetir, após um tempo determinado. Nesse sentido, a tese do eterno retorno è verdadeiramente insustentável — mas longe de ter uma realidade empírica, essa tese tem uma rtoitdóde transerndentai especificamente nictzschiana. Com efetto. o tempo nao è pensado como um tempo concreto histórico, ou ainda menos como tempo físico, mas como tempo essencial, como a temporais dade do tempo, como o que torna possível o tempo empírico, tuperando-o. Pois tudo o que se produz no tempo oio c necessariamente tempo real, tudo o que se produz nlo tem a dignidade do que determina o tempo como tempo, do que terna possívtJ o tempo ao conferir-lhe sentido e faz dele o tempo humano. O acidental no tempo, que constitui simultaneamente o câo-tempo no tempo c, com efeito, destruído no além-do-honiem. mas apenas para que o tempo K manifeste

mais claramente cm Mia própria lemporalidade, pata que o eterno artístico posta viver, paia que o tempo, naquilo em que è tempo para o homem enquanto homem possível, isto é, para o altm-do-hocnem. seja então abolido em seu falto pastado, mas lambem em seu futuro mentiroso — por exemplo» o do " ú l t i m o homem" — e para que seja reconhecido, em virtude de seu panado, de seu presente e de seu futuro reais, como o eterno retorno do mesmo Pois como os "últimos homens", por exemplo — essa impressionante e assustadora visto do " p o r v i r " , onde todo mundo pensa igual, e onde aquele que perua de modo diferente entra voluntariamente no asilo de alienados — poderiam, até m o m o . ser os últimos, le tudo fosse um eterno retomo do mesmo? As palavras **oi últimos" sublinham que " d e p o i s " n i o ha mais nada. de modo que nada tampouco pode se repetir. Mas os últimos homens sâo um falto porvir, um porvir desfigurado, doentio, desumano, esse porvir que n i o retorna rnait. que deve desaparecer definitivamente. Somente retoma o que foi uma vez, o que c e o que terá criado pelo além-dohomem e para o al*nf-do-homem, aquele que superou o homem " e m p í r i c o " , o homem médio, o homem t u l u a d o à mentira, c que enquanto artiita viverá eternamente no eterno retorno- Assim nio há contradição cssenoal entre a tese do atem do horaem c a do eterno retorno. O altm-do-homem í um artista que. mesmo apôs a morle de Deut. c r i i « mhdo seu próprio ser e seu universo c que se diverte com todas as coisas. Homem poderoso, t livre para dominar a necessidade do mundo asiumindo-a. apropriando-se dela e confirmar.do a. porque diz alegremente Sim à vida, porque "ama o destino" como eterno retorno. O alèm-do-homem apenas pode ar o mundo porque t artisti; longe de ser despedaçado pelo eterno retorno, experimenta, ao contrário, intuitivamente, a estrutura do cosmos» esse eterno jogo a um sò tempo trágico c alegre, como a realidade natural de sua própria natureza. P o u o artista, contanto que trabalhe realmente como artista e para a eternidade, comunica sempre o intemporal (empirico) e. se se certificar de que para ele ou para o mundo sua obra viveu apenas por um tempo, dirào entlo que nAo é uma obra de arte que foi criada, mas uma pseodo-obra de arte. e que tanto o artista quanto o mundo se enganaram ao supor isso, pois a verda»

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i d r t arte, ou mais timpLcsmcme a arte. jamais pode perecer; *eu tempo oAo patsa j i m i ; t '

Sc I arte í o eterno retomo, o demento anUnco na ane 1

0 qoa nio iiavifiO «ar a a m ata taa* rb o í ^ r w v i aa refru *r, * A t u i » i h iiih#t jf duracia , oa nada. co • ? ac A i "tôrtalua*" Baauavota*. por daa íVawaa da Mkchrtuaato aa c***it»*c\ t> aaofcfaomo Qflc ar tapai êaico fUado aa padn tioModoaMMKi.off Fkrcnça O aaat tftaafcota. da Itaartada ataraa do para 1 f*ff mdad*. o»j a Capata *** w^»»*oun»J»aao. pcfc>e*al fala toa* a •ataria, ptto qaal o « t t * * *a **% ai cala aa aaaado i*aJ daa mintas a da* n A atoaajaMa de a » paofeu Madaa, Uana tal ara a aa* Inaaaaa* CfUiatM da '*vi *#: no*«moata, poaa a cada caa a aara coso o&ra a como «mdo. Fw W j M j i t o * aaaa|i^r oaoa • «aja " a J M " taanbon ama nuaado. ttbcta-aoa d* i o d a o q a r l • VMkdàaao. parifk* ooa da i talt daòr baaal £ pot M O ajur l i a I Boata, coos ra«iok aurorai iua Mwfrm étAru -<>èjúiaa».aiao4atanioo aaaaaM ateaaa da w« daatiivo Nki tadomo* I n *!•-* atta r.tiiMi íva a da b*** *M*fKu da irw [»*>•-» aaaaa aoi »Hino ao lAaiaoia aun #a# a *d». aoa o a a j * u ao** mfc> m : lha i

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nio lem, portanto, hàsiòeia*; scmdhimc á ffcnix. ela renasce a cada dia de suas cinzas, para sempre retornar de novo a si mesma. Mas essa dimensio do eterno, do imperccivcl e também» em certo sentido, do transcendental, euc esudo de embriaguez dionisíaca qoe nos eieva acima da fna apreciação raciona) da realidade, c inclusive acima da própria realidade, parece estar em contradição afcnoluta com os esforços constantes de Nietzsche. radicalmente contra toda idéia de um além. Para um filósofo idealista, nio é muito difícil justificar e fundir essa ekvaçSo *o eterno, Ji que sua doutrina repousa »obre a idéia de uuscendéoaa. Mas como "permanecer fiel A Terra", como nio fugir diante da rcahdadc e nio reduzir a vida a uma sombra da verdadeira vida, a vida transcendental das Idéias, justificando sobre o terreno de açfto Que lhe é o nais especifico, com a quintessência de todas as suas preocupações, isto c, com a arte, a supcraçfto da realidade natural? Será que Nietzsche nio retntroduz cm sua doutrina, por um desvio, o cristianismo e a transcendência metafísica que de

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r oio n«n t o ptma ao g mo* a r n r t o i t u p i J M — de horas • • f U l — ccr. i «riudaoa. ) Quando ducara guc o n i i i M y a r t K » m arte "nio toai auidna" odo perna r o i ( »b»o*--^.'»fric, ncaar • ficJaçio lailOnca dr emoa |ènc?c* e níilcn a/tu ecoa — do apoanco. Fedrrtamoi J J * - &m Smnchc — o* M | a» UBmíotroa íòc* í-ti t K i ^ B da craçao arauc». t r*w»c i a te»anca dai preocupação <S> a*iwa O i 41*MK* É H de ítmara, « • a ottnraçSo "otietn-a" dt*crjmc dr ceno* frvpoe da arUKai BO *QO de ocM detcraua*lai nSo importam ataoaau• C M porá tabar N I M M ato m ttftw* da caatUa arQttica — ao, aajvtaft ítocuache. do dtoantiaoo Eacio» por ajar toaaot. aaMa koje e de aatuoa fomu. ' 4 K * t ^ i por eaaa VtBra ou por « M Apoio, pôa to e para a arte apenas alto j o > r t * , * BrpH rei »** i r i . i : - i da íOQLrtar • rtAi^la LHorca do qu* * *u#naaa"trTtfe arttttKO e i anc, nio drîa etefu a aau cociirxeafe cocclnáo» poa «ca u i tvokcdo *ia^ôr u c o « • -drai CS fàratao » qi_t a arte ic d r o - a t r * . em aVaâo «O qual pro^ndr. qjaia> a rcauacaJ Orne LCB»1 — ate devia cbefar tvxuiDW conduao ao» coobnda, dr ajva, ao» aodoa oaaaa aapanoa, a art* t * paraunac* para ate. çjanm a «m i^v-r-kc defino, aca rrtVfcV pauada*'' iHffri. ^4Tdrr dr ajaarwan Tocin aataifâa aru prgfekwrt a arta ires ataa k n o n * ' . r recoatru ibe U K I raposa ^ 4 * 1 <= " • f«aaio XaftsfirH-a^rfUr u>tf JTunsí iHo&

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umentc a imagem mais profunda da criação artística* Nio l i o palavras lobre a atividade criadora, c a própria chaçlo que exprime o "sentido do criar". "HSc algum dia a mim veio um sopro d<> sopro criador c dota celeste necessidade que ainda força ac**os a dançar roda» de astros; Se um dia ri do riso do relâmpago criador, a que sucede o longo tre^âo do ato, estrondoso ma* Obediente; Se um dia na meta dos deu»» da Terra, com os deuses joguei dados, e tremia a Terra, e se abria e csnpéa noa de fogo; Pois uma mesa de deutei è a Terra, estremecendo com novas palavras criadoras, e Jogos de deuses; Of Como nâo deveria sentir ardor pda eierrudadt. e com o nupdal anel doi anéis — o and do retonsoT Ainda nlo encontrei mulher de que quisesse filho», senão drtfa mulher que amo; pois tf amo. 6 Eltrntdadc! Pois eu te amo. ô Eternidade!1" Se. portanto, vivemos a arte como mistas, como nio teríamos a nostalgia da eternidade, como nâo desejaríamos o eterno retorno do mesmo? A única mulher que cie ama. essa eternidade que c o "anel dos anéis"; o eterno retorno do mesmo 4 para ele esse sopro do espirito criador, que enquanto arte é Jogo. $6 o jogo t eterno e pode verdadeiramente ser amado como **w eternidade. Qualquer outra eternidade penaada como estagnação real ou ilusão ideal da metafísica cristi seta objeto da negaçAo, do ódio. e nâo do amor. O eterno retorno do mesmo, que se (ornou possível pda morte de Deus e pelo altm-do-homcm enquanto encarnaçao da vontade de potência, portanto, enquanto arte. è idêntico MO Jogo. O jogo — por oposição ao trabalho (e Nietzsche declarou em um de seus primeiros escritos intitulado O Eitodo Grtgo, que **© trabalho * vergonhoso") — nâo pode ter outro objetivo que nio ele mesmo; o j o | o nâo c jogo se oAo k livre, se c servil, se serve a um fim eitcnor; se deve favorecer a alguma outra coisa alem de si mesmo, se em geral se joga por causa e em nome de alguma outra coi*a. A gratuidade do jogo * seu verdadeiro objetivo. Ele* em *i e para si umaete»na impulsfto criadora, è o espirito inventivo, a liberdade das harmckt,

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combinações, a imaginação criadora. O jogo é como a arte: de tem um fim pelo qual n i o étranscendido, seu tempo e leu opaco * i o apenas pelo e para o jogo. ele vive fora do que se a " h i s t o r i a r a ! " . O jogo. etn sua inocência, se e m e constantemente a si mesmo, recomeça sem trégua, o jogo é o eterno retorno» Kant. >á em sua tese sobre o prazer desinteressado, e também em sua tese sobre o "jogo livre*" — enquanto harmonia de nossas faculdades, harmonia da imaginação Knshei e da inteligência — sublinhou a significação do )Ogo paia o fieroento artístico: " À espontaneidade ao jogo das facuidades de conhecer (...) faz do conceito pensado o mediador da conexÀo dos domínio» dos conceitos da natureza com o con» ceito de liberdade." iCrttkv do Juízo, de Gruyter. Berlim, 1961. i. V. p. 197.) SchillcT identificou precisamente esse desinteresse especifico* do instinto do jogo. que designa como o fundamento de sua estética. + ,(> homem, quando joga. pertence somente a si próprio, t só joga quando pertence a u próprio." Spencer. por sua vez. identificou de vfcnai maneiras a arte com o jogo. e na verdade, até com uma espécie de luxo. de transborda* mento de forças, de vitalidade, que tem necessidade de se dev pender sem outro objetivo que o de se despender. Segundo ele. só o inútil é belo*. Em seu célebre livro Homo l.vdrns. J. Huizinga propôs uma definição quase clássica do logo1, ao escrever: "Consi*

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vmçimnámum c o n t r a mu — o mito o* foolO < « r r i M . i pooor» netv* * m r * i * fwk» *«oitf* p*m OI«B oio OO* fuolpoor W0% WÊÊk V I « M O p n i mm momttf « M n i c ittéétomQ p*io eowuco. * no* po— o.ooodo OO* k k P ^ K i i t t a de >Miaooi ioaorqoc ç*ig«ÉCtcc ' AéWü. Spwwr Mo coondffi be*o* ot orsoot on*i*M «*f O* è M «o O T * « * I M O bnfho 4o pote « fe ptoftMfM * M » »o»«B* oao t IOTTS • o» « u r a do» cauoteo fortificados, f<x on. « — i í*i*i po#o ot o a i r a i 6* 14*0* MOtta. por* o j t ton-aoi Fors odo» otM K H f « * . ootoMpotdoToom M I w l t o Pionoai 1 No
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dcrado em sua forma, pode-se, portanto, em poucas palavras, definir o jogo como uma açlo livre que é experimentada como ' n i o querendo dizer isto' e como algo que se mantém fora da vida habitual, apropriando-se entretanto inteiramente do jogador, uma açlo que nto estt ligada a nenhum k H M material e nio traz nenhum p r o n t o , que se desenrola no interior de uni tempo especial determinado e de um espaço especial determinado, que se desenrola numa ordem c segundo regras definidas, e
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rarrzxHE t o ETLA.NO UTCAM?. nesta T e m . O cmriter de fkçio do jofO fictício ato reside mais cm seu enraizamento num além. nlo mais no fito de que t uma forma intelectual, no tentido em que se trau de uma exisiÉncia situada numa esfera irreal, inteligível, numa esfera do puro pensamento. O jogo s6e) ineal e "fletido" M medida em que te concebe como mundo "verdadeiro", como único mundo real este aqui t o trabalho; desde que se compreenda como a verdadeira vida a preocupação cotidiana com as necessidades da vida de todo o dia. e nlo essa "vida de exccç&o", a vida do artista. QuaJ será o mundo mais humano, e conseqüentemente mab real. o inundo do jogo ou o mundo do trabalho» o mundo da obsessão c das paixões ou o mundo da fria rentabilidade, o mundo da plenitude da vida c da alegria ou o mundo da obediência ás normas morais, o mundo da embriaguei» do êxtase, ou o mundo da m.veria, dos lofrimentos da ascese? Dtóniwo ou o Crua ficado?, interroga-se Nieusche, pouco tempo antes de perder ic na noite da alienação do espirito. A arte ou a moral? O eterno retorno do mesmo ou o "progresso" penoso na hiwòna re*l? Questões fundamentais que Nictxschc resolve tempre em favor do primeiro termo da alternativa. O eterno jogo do artista: o eterno retorno da arte lò poderia encontrar uia eipreulo adequada no mundo artístico. Zaratustra exprime essa idéia no instante de sua mais alta invpiracio: "... t u mesmo, pertenço l i causas do eterno retorno. Retornarei com este Sol e esta Terra, como esta águia e esta

icrpcnte — Mo paia uma vida nova ou uma vida melhor, ou uma vida icmeüiante; — eternamente retornara para esta mesma c idêntica vida. no que è maior e também no que e menor, para de novo ensinar o retorno eterno de todas as coesas.

de novo duer a palavra do grande meio-dia da Terra nem, para de novo anunciar acw homem o akm-doO artista continuamente retorna i lua própria vida de mista, e olha cora olhos de artista unto as "pequenas como KL -o

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as grandes coisas" — pois para de tudo è objeto de arte — e anuncia assim o eterno retorno do mesmo e o atem-do*ho* mem. O jogo do artista, seu eterno retorno como estenda e única possibilidade de vida. e o além^lo-homem. como única existência autêntica no mundo inâutêmico dos últimos bo~ mens — como a idéia do "sal da terra" -~ exprimem esse mundo tal como í em sua existência real e n*o em sua rcab< dade mentirosa. Ilusória, alienada d*s almas medíocres, a dos pequenos comerciantes, dos pregadores da morte, das tarin tulas. dos "sábios" caridosos e virtuosos, "célebres" e "cuk tivados", dos falsos poetas, dos fllisteus, dos santarrões no mundo dos pálidos cortetios. essas "moKas da praça pú< bbca", dos estreitos de espirito no mundo pretensamente real. que na verdade t Irreal para o homem e para o cosmos, sem logos c desprovido de sentido. Nío * um paradoxo o í ü o de esse pensador, que ao longo de sua vida aspirou * realidade, que tachou de enwnenadores os que se dctligaiam da "Terra", esse pensador que desmascarou as ilusócs morais e religiosas como tcgunrai metafísicas e que, obstinadamente» saiu em guerra contra toda espécie de transcendência* nfo ter encontrado na realidade histórica seu verdadeiro apogeu humano e intelectual1 Nesse sentido dirão que Nietischc. com a recusa que opõe ás conclusòes teáritai da filosofia clássica aleml, permanece. no entanto — mas com os sinais invertidos — dentro do quadro desse pensamento. E até o eterno retomo do mesmo, como realidade efetiva ou história do espiruo — como conceito antitétko ao conceito hegdiano do progresso da história na consciência da liberdade — ni£ supera, por mais logicamente que ele o deduza da morte de Deus e da vontade de potência, esses limites característica dos sistemas especulativos do pensamento filosófico do *éc. X I X . £ somente na arte, isto é, no eterno retorno como jogo. que Nietache encontrou a verdadeira dimcnsAo nova do tempo, que nlo c um verdadeiro tempo histórico. mas nio mais um tempo transcendental no sentido clássico* O homem só è homem enquanto artista; sua verdadeira íriaçlo humana tem uma significado artística", Mas enquanto artista, vive em seu 1

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tempo "artístico", no tempo do jogo que comunica com a eternidade estando ancorado na realidade, em um tempo, conseqüentemente, que vai além do desdobramento histórico porque dura eternamente, sem que seja o tempo do puro espírito, do espirito sacrossanto WÊ>maculado pela realidade efetiva, c que * a t m o tempo real, o tempo "corporal", "expen»c«tado". o tempo prôpnoà arte e a todo o cosmos. Nictische. ao conceber o ser e o vir*a-*er como jogo. como o eicrno morno do mesmo, fk náo se mantém no 10I0 da metafísica européia, jâ nio esti pego em sua clausura. Entretanto, o Jogo de Nieusche nlo é uma concepçio do ser do homem transposto ao ente em geral de maneira nlo crítica e subjetivisUs Diríamos antes que o contrário se aplica a Nieuxhe. O jogo — como excelentemente mostrou Eugen Fink — è a estrutura do universo, a estrutura cósmica e nlo uma coisa parcial, "interior" ao homem, uma parte de sua esfera Intima ao lado de outras coisas, ao lado do espirito, da vontade, da raxAo, dos sentimentos O homem \omente é homem em lua totabdade; ele t akm-do*homem quando, enquanto artista, joga livremente, e. fajeodo isto. descobre c enuncia o ser do ente do universo, o eterno retorno do mesmo. E só assim que o eterno retorno do mesmo torna-se o eterno retomo do humano verdadeiro, isto é. do homem artista. Al esta o grande meio-dia, o pensamento supremo e o mais fundamental da concepção artística e filosófica da arte çm NkUAcht c de tod* a obra de lua vida.

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Notas sobre o retorno e o Kapital* Jtan-Fwnçoix l.yotarà ! • A partir ôo momento em que nos colocamos A /a*V aqui, estamos na representação e na teologia. Os muros deste castelo sáo as paredes do museu. isto *, o distanciamento em relação aoi afetos c o prMItgio de desierrltorialidadc dos conceitos; t o resguarda-se, c portanto a çuérscfncia das tnien\tttudt\t sua mís+tn-srtnt. 2. O que suscita a riocuuçlo t a fraqueza, a per d* de intensidade, o resfriamento. Mesmo se suprimirmos os micros do castelo, mesmo se mantivermos estes discursos no me
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grave em relaçto AO que Nkusche diz. ao que de desc>a: insistência u elamura da representação c teologia ato no tema» mas na paaçâo. Pois e deter-se DO secundário, na distincia regrada, no sistema, na discunividade, isto c. DO energético cm seu ponto mais ttdo. cinzento; * parar todo» c* momentos, ai imenüdidct. o i processo* de efeitos, na reniao mlnimGi è portanto, por isso mesmo, colocar-se (powç*o) na ordem da representação que nasce desse enfraquecimento, t permanecer no dedirao, declínio de Zaratustra descendo de novo. permanecer na tarde ao lado da coru>a hege4. Euste uma espécie de falha simultânea; duas falha* condensadas* a que existe em relação á transvaloraçto ou ao Retorno, isto c ao desejo de Níctzsdie. e u m bem e simulta* neameme a mesma implicada cm todo discurso filosófico c teológico. A fraqueza e a deprcsslo nostálgica de ter/nio ter a presença, a tristeza de reconhecer/n*o querer reconhecer a representação, a corrupção do ura c do nlo: t mo que pode conduzir a ler Nietzsche no seu circuito. O próprio NictZKhc. como um frpcaxso, como uma experiência de prtsentoçâo que se salda por anta nova representação. Maii uma vez. porém. Mo l ó * possível te nos mantivcrrnoi na tntertsêdade medíocre, no processo secundário, na energia canalirada. quiescente, na ordem do signiftcantc» no discurso filosófico enquanto incluí todos os discursos (comum, cientifico, religioso, potilko, etc.). Ê a mesma coisa que colocar Ntetzsche no programa da agregação , mo e, no confinamento mala estreito da repretcataçio cultura) "cuhtvada". 5. Se fizermos uma teoria do eterno retorno ou da transvaloraçto, faremos o mesmo: co/ocor-TOs-emoi na depressão, c produziremos como representação algo que dela pode curar nos^ Uma depuração aristoteiica* Um fantasma freudiano. Uma reconciliação numa base depressiva, Uma falsa força, uma facça ia embaixo, uma força obscena, gcsticulamc, teológica, wagnenana. 6. Um discurso de intensidade máxima? £ muito mais do que uma de^conjrruedo. cia mesma c talvez simplesmente 4 iCrtlAttO * c « M U te óc patUn de prolMNHI

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ditcrsio d cg enerada. f também muito num do que um gnio, pois o grito ainda pertence, c Nieaache sabe disso (veja o ódio a Rousscau e ao romantismo). A representa-lo e m teotoaja: volta e/ou evocação da origem, a tmfurtzê* Contra o gruo. Ntetzscbc defende senapee, atí 1I8S, a forma, a bela fonna torra, a minúcia, o trabalho, a reserva, o clauicumo. os írance*ei. Como compreender ao mesmo tempo Voltaire e 0 furor de Dioniso? ?, GUIes Dckuzc perfumava: então o que teria uma arttura intensiva de Nsrtxache? — Seguramente nio uma leitura no sentido de iatcrprctaçêo. de bermentutica. menoa ainda de acumulação de saber Sena preciso partir novamente do aforismo 20* de Humano, demauado humane onde o autor se transforma cm onza e oode o Imo t o que transmite a cftctEia cm i j a iDtçrissdadc mixini: O escritor é «ma ssrpmi sempre renovada que *eu livro continue a ter vida própria desde que se desliga dck; ele toa a impressão de que tena um inseto cuja parte se separa&*e para doravante seguir o se* próprio caminho. Talvez o aqueça quase por completo, talvez o deve acima das opuutas que ali colocou, talvez MS* matoso o compreenda mais e tenha perdido ai aaas com que osstrora voava quando meditava nesse livro: enquanto isto» este procura seus leitores, inflama a vida, ateara, apavora, engendra novas obras, torna-se a alma de projetos e ações — cm resumo, vive como um ser dotado de alma e cntcndismcssto e DO entanto nao é um ser bumano. O aator tera tarado o anettor partido quando puder dizer na sua veJnk* que em seus escritos continua a viver t^do o que nele na%sa de pensamentos e de sentimentos portadores de vida, força, nobreza, htm, e qie ele mesmo nio significa asais nada a nio ser a onza enquanto o fogo em toda paru foi salvo e propagado. Se cooasderarmos agora que toda ação de um ser humano, e nao somente um bvro. acaba de alguma inajmra por propiciar oufrat açta, resoluções, peasamentos. que íudo o que acontece se encadeia indissolu*elmenie a t táo o que acontecerá, eotio reconheceremos que existe a vada* deira imorraudade. a do movimento1'. £ um caso de metamorfose: "Assim como as geleiras aumentam quando, nas regiões equatoriais, o sol queima com mais ardor do que ante» not mares, assim lambem um pensa memo b m muito forte e em plena expantlo * sinal de cuc

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" Ufttf.. » » . A lotara intensiva c portanto i produção de novas dadcs, diferentes A Lotara é um momento da metamorfose feraJ. 00 Retorno O pr6pno nv*o» enquanto iA> Jfwo, enquanto lança incandescíneia, e simplesmente fornu mctamòrfíca, profundamente ot+oicscentr. O autor anula-se ao icxto. o tetto anulase nos leitores. Oor. em Níetucfcc, f A região onde esta metamorfose te opera.) A anubcâo é anto dnéduçAo. crise salutar, bquadaçao. perda do quanto-A u. do quanto a obri. de quam<>á-»igiiir»caçAo — mas perda de forma alguma negativa, perda somente do ponto de vista de «. da obra, da significação — ato 4, da representação e da teologia» de todas ai instâncias construídas na dimensão do espetáculo, mo e» na oVpreMáo. Se damos ênfase á dimensão da perda, da JüfokfêCK t porque ainda permanecemos na depressão teológica, teologia do Em. do stgmficaatc, do trabalho rebatido *obre um sujeito. A metamorfose opera-se afirmativamente enquanto processo incessante, infinito, sem* pre cm decalagcíD, deslocado, desceatrado. 1. O desecotramento c o que é coogruente com a diferença. Quando o processo toena a paatar petos mesmo* efeitos, de se msuoi, se encerra, se bioqueM em objetos e su>«tos, dispositivos, inscrições, quantidades c distâncias regra das, cm estruturas e representações Se a metamorfose fosse repetitiva 00 sentido usual, m o é, simplesmente regrada, se observasse regra* de distância constante — como quando o aparelho tocador, pelo jogo regrado das contrações e das odusòest transforma expirações cm fonemas —. ela seria clausura i.v.èmk* e representativa. O Reiomo seria o percurso da estrutura. 9. V{-se aqui o que Nieuscne e para nos hoje. O Rtfomo regrado è o Wgttt A afrmaçâo t e será a dissolução da regra única do Kapital. isto e. da ki do valor* 10. O Kapütf nada maus è do que produção como consumo, consumo como produção, isto *, metamorfose sem fim e sem objetivo. Esta metamorfose de um lado opera como dissolução das artigo* instituições, prc-caprtalatas: de outro, como au todrooluçâo de suas próprias tnstituiçdes, constantemente desfeitas e refeitas. Entendo aqui oc* instituição tudo o que te dá como significação estive] (potitjea, jurídica, eul-

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f[AN FEAÍ In ensina. A modernidade enquanto uma tal dissolução t profundamente afirmativa N|o há nuL vno ntstt movimento. Existe o esboço do além-do-humano ov inumano; "A total irrcspotuabtliújde do homem quanto a seu agir e a seu ser c a gota nuit imarga que o homem de cunhei une nt o deve engolir se habituado a considerar o* titulo* de noterza de sua humanidade na respcauabiüdade e no dever. Todas as suas apreciações, distinções, aversões tornaram-se desse modo desvalorizada* r falsificadas, seu tcniimcnto mais profundo, que ele apresentava ao mártir, ao herói, devia-se a um trro; ele náo pode mah elogiar nem censurar, pois e absurdo louvar e censurar a natureza e a necessidade (..) — Pode causar profundos sofrimentos dar-se conta de tudo isso, mai entáo existe um consolo: tau sofrimentos s-o dores de um pano (. ) Nesses homens, que sio c*paz*s dessa tristeza — como deve haver poucos! —. c feita a primeira tentativa paia a humanidade poder tr*wfvtmar~i* de moral em \âh\a (...). Um hábito nove», o de compreender, náo-amar, ntCKKliar. olhai de cima» pouco a pouco cria raízes em nos. no mesmo solo. e terá talvez em milhara de anos suficientemente poderoso para dar á hamanidadr a força de produzir o homem sábio, inocente (consciente de sua inocência) táo regularmente quanto peodur hose o homem nSo-sábio, injusto, consciente de sua culpa — isto é. o esboço necessário, náo o coatráho do outro'* ("Humano, demasiado humano", p. 107)* 11« O Kapiial c simultaneamente a depressão, o niilismo. e o cumulo da teóloga. Nlo porque rnntroduz representações e instituições já destruídas. Pois na realidade náo o faz. Náo pode fazê-lo. mergulha a humanidade na teologia do o. na teologia da a-teoiogia. na atnça em (a morte de) , Nâo rcintroduz nada. mas ele mesmo repousa na lei do valor, isto c, na igualdade das panes em jogo em toda a meta* moríosc, força de trabalho mercadoria, mercador ia-dinheiro, dinheiro-mercadoria, f esta igualdade que constitui os objetos e sujeitos aparentes, representados no jogo do Retorno, f ela que impede que este Retomo seta a verdadeira viagem.

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porque obriga a metamorfose a ar de novo sempre pelos mesmos lugares e canais, e portanto i uuutmr-se. Deste modo eU se mantém numa intensidade minima, e com ela mantém toda a humanidade na depressão niilista c no pequeno temor. (Assim, o filósofo que ensina a perda de sentido, e seu caráter sempre protelado» e o vigário da teologia neo niilista, é o padre da religilo da mercadoria.) O Kapital opera no pequeno temor e através dete. pela açfto do medo de perder (perder seus bens. seu trabalho, seus benefícios, suas vantagens, sua saúde-força de trabalho, sua vida). O medo de perder na teologia neoruilista é como o medo de guardar na teologia antiga. Quando a representação queria dixer que Deus vive. era necessário que a potência e o desejo lhe Tossem reservados e que todas as coisas fossem dedicadas a ele; quando cia quer dizer que Deus esti morto, t preciso que todas essas coisas sejam reservadas ao Homem, isto é. ao KapKal. 12, O crescimento da potência, o desejo de um potencial superior, torna-se DO Kapvtal o t m t i w i / o . a formação de Kapital. o desenvolvimento. Isto quer di/er que toda intensidade máxima ou min mu esti oclutda (superaquecimento, recessão). Só se ite a energia com intensidade media regulada, tal como se deixa captar, veicular, escoar pelos canais (relações de produçlo) Energia cujo potencial intensivo • detlocabilídadt foi excluído. Sociedade que funciona A base de vallium. £ isto. e nlo a ahcnaçio. categoria religiosa, se i considerarmos estritamente, que esti em questio nas condições de trabalho* na "sociedade de consumo11, na "crise de civilização"» etc. Que a (orça que trabalha, por exemplo, se traniforme simplesmente na força-de-trabalho. mercadoria ivel de ser calculada em tempo. 13, Com toda certeza, cm Freud existe uma intuição muito próxima no seu Jtnsens (para-alem do Principio do prazer), Eros-Logos e o Kapital enquanto mantenedor de unidades constituídas, de instituições estiveis, de investimentos iempre recuperáveis. A puhòo de morte nlo c outra coisa sento repetição, como Ervs. mas ela c relativa aos efeitos que, do ponto de vista de Erou do Kapital, slo perceptíveis somente como morte, dtssotuçào. Hi conivência da pulsio de morte com a multtpikidode* Ela nlo é uma outra pulsio. uma outra energia. Ela t a mesma energia enquanto desregrada-d cs regi adora. Isto c. ela e a possibilidade de aumento

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ou de dimtnuifâu do potencial atè intensidade*-hrm:es: o prazer, desse ponto de vista, t uma etpcîe de modelo, enquanto esquartejamento e monc por excesso. Nietzschc também pedi mct\ prazer Rekiamos. por exemplo, o quarto artigo da l*i contra o cmttanamc no final do Antkristo, este texto póstumo da tpoca da Gata Ciência: "Filosofia da indiferença. O 411c ouuora provocava ma * cxdtaçao. atua Agora de maneira bem diferente. »ò é considerado enquanto jo%o e a poe tal (as puxões e o trabalho), como uma utjj pautada fundamentalmente no oâo-verdadeiro. como forma e exotaçio. mas desfrutada e cultivada esteticamente; nos nos comportamos como crianças em relação ao Que out rota constituía a seriedade da existência. Mat a nona aipiraç&o ao seno é compreender tudo como vindo-ater, negar-nos enquanto indivíduos, ver o mundo com o maior jnimro paastvH de olhos, viver em irnpulsoes e ocupaçoes. para com iuo enar obos. dedicar um tempo à vida para em vtguida deüuv o odiar repousar um pouco «obre ela (.*•)» Como M comportará a vtda em relação à toma de teu bem* estar? Ume brincadeira de crianças* a que te dirige o olhar do tàbio, dispor de poder sobremoura/estado — camorteK isso nfto for possivd. Ora. vem o conhecimeaco mais pesado que torna toda etpeoc de vtda temvetmente aleatória: tem de se demonstra/ um encadeou absoluto de prazer, scnJo tô resta escolher o sniquilameoto de nos mesmos cm relação à humanidade tnquanto meto de antquiUmento da humanidade < ^ r (Cai* OrWi*. fragmentos póstumos, II («0)V Mas, em Freud. a problemática da pulsio de morte permanece uma metáfora estrutural (o sistema do aparelho psíquico, como te dii). e o próprio jogo das pulsões í pensa* do em termos de mecânica quannutlva-qualitativa (como diz Klossovski) excluindo realmente a intemtdade (fragmentos dtadoi em La Cerde vmeux, p. 159*164)*. No entanto, trata-se de uma problemática econômica c 1

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MOTAS flOMf Q U T C W E O KArrT AL

trata-se de movimentos de afeto*, foca das representações. (Analisar a teoria da representação em Freud; a fabricação do fantasma, do sonho a partir da fvfta, da deprtssào e da corja. À implicação devcna \ct suspender ou manter a incen* lidade para obter a metamorfose energética mais elevada. A implicação será: obter a descarga ro dispositivo da linguagem judaica da relaç&o analítica*) 14. bm relaçáo ao capitalismo, mesma soluçlo: suspen» der ou manter a intensidade no mais alto nível para obter a mctamoTroKener^tKaamauronepossivri(AfacA/). Aafir* macio t isto* O que isto pode querer dizer, como isto pode especificar-se, í potaivd « n a pcttkú nietzschiana que nlo se)a a "grande política" dofelumoperiodo, o complô. acana a Bismarck e ao Imperador — política que se vai prolongar muito naturalmente no memorial das recepções cm Turim, na Basilèti cem lena? "Basta, vuào tempo em que st aprtndtrá a rteortyerter 0 pofl/icv" (citado por Klouowtki, p. 215). A Unwtrtung itrans>aloroçòo) deve realmente atingir a política, o fato polkKo. Vfevmo nos movimentos mais crlli* cos. a polltka permanece profundamente intacta. Daniel Conh Bendid duendo: No fundo eu sou um >elho político; Oi situacionistas4 conservando, com seu estilo Saint-Simon stc. XX, uma ligaçlo Intacta ao hegeJianismo. c portanto ao cristianismo; o S D, S alemão* dominado, na sua problema tica, pelo pensamento de Frankfurt, pelo pensamento critico c pela dialética negativa* 15. Na velha Europa nlo eUtte afirmação suficiente. Nkt/schc dizia, t preciso que se encontrem a agitaçio -in.es lante da Europa e doa E.U.A. e a dissoluçio que vem do Oriente (russo e asiático); eniio teremos, nessa combinação, "a soluçlo do enigma do mundo". "A AgitAylo moderm cxoct de uL. modo que todai ai gr*niici aquisições da riviliiacio se perdem com isso; pouco a pouco, ralta-Lhes o sentido *3cqu*do. Desse modo. a dvüuaçJc

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JfAS- ftANCOO L t OTAID desemboca ruma nova barbam M u nao te deve ooaduafc a humanidade nai* o u un*ca corrente de "homens de AWAO" Tenhc esperança DO ccetnpao: o elemento cOMcmpiatiio do camponês russo e do auitico £ este elemento que «Jjum dia oorrujèrá mima lar$a mcdtda o ca/iter di hum*n*ÍAdr (...) lodo para o Oodcfii*. A loucura do movimento cresce cada vez min. de tal modo que todos oi europeu» já apare m , para <>» americano», como pessoas de l*/rr t praacr A humanidade atinge o >eu objetivo, onde ms duas correm»* te juntam c se confundem o ccmbccimcnio supremo do valor da existência (de um Lado impoatKti porque a atividade do pen umento ai c muito pequena, de outro lado unpoitivci porque cita atividade ai tomou uma outra direção) (...) Imagmo futuro* pensadom cm quem a ajxacao da Europa e da América te unirá á contemplação aaiauca. herdeira de centena» de gerações uma tal combinação l o t r t É solução do enigma do mundo. Enquanto iuo. o* «pinto» livrei coattmpUlivo* i t a sua rxissao: abolem todas a* barrara* que constituem obstáculo para uma umâo doa homem, rciifiOcs. Estado*-instinto* monárquico*, ilusões de riqueza e de pobrra. prccoaccrtosdc higiene e de raças, tu" (//i^ntno. demasiado humana, frar mento* póstumos 1?|S3 a 95|.) EfU combicaçio estf tendo feita. A corrente americana timboluada pelo nome de John Cagc já e e u t combina-lo. 16. Podemos começar a perceber essa combinado onde ela está mais avançada, mau experimentada, onde suscita maus eiperitecias, inaca barrentos fecundos: "Freqüentemente o incompleto produz mais efeito do que o completo (...). O acabamento tem por efeito enfraquecer" {Humano, demasiado humano, v 199 — relacionai com o fragmento póstumo 23 (26): "NAo há coisas"). Há um momento {Humano, dema séodo humano exatamente) enj que Niettsche procura curar-se do wagnerismo, do rousseauísmo. do romantismo, procura a medida, o clássico. Voltairc — e portanto incLína-ie para uma posição critica. Ele está para Wagner assim corno Adorno estará para Stravmski. A musica que este Nietzsche espera è a que SchOnberg vai fazer: manter-se á beira do crepúsculo, estabelecer a obra numa rcUçio de ana/ogia critica com a "realidade"* a sociedade, Entkunstun$, dissolução d a "obra", tsioé. rttornada sobre ü . na sua própria forma, do que se manifesta na realidade como dissolução* A nova forma dissolve o seu matenal. mas o próprio material t apenas o

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O R B T Q W • O SATIT AL

resíduo da antiga forma. Desse modo. i nova forma é como o Kapitaí dissonância - dissolução dos códigos amigov E mais precnanenie desseisibihzaçlo. intekctuali/açlo do material que corresponde à predominância do valor de troca na realidade social• A q w a / o r m * é decisiva (o voftairianismo em Nieínche, te quiiermos}. (Em Klee também existe um momento vohainano: quando ele iluttra "Cindido", quando o desenho começa a romper com a facilidade, a inclinação do fantasma, para te fazer teve. critico.) 17. Mas a musica qje era necessária ao ultimo Nietzsche já nlo era mau a de Schonberg- Adorno, * a de Cagc ou a de Kagel. Ai a questão alo t mais a da forma enquanto critica. ma» do som enqnanto atmsidadr. Revalorizar o material, ttto èt abandonar o ponto de vista critico (e paranóico, que existe em toda enrica — dogmática), adotar cm relação à "realidade**, o ponto de vista da afirmação. A dissolução das formas e doa indrviduos &a sociedade de consumo deve ser afirmada. 1 ^ 4 adxsaoiucaodai distâncias regradas, qucíl/eram da musica uma esenta, que é&nmwwn o som em nora* que recalcaram a anuoridade por cia mesma (o Tom), Movimento esboçado yX na kianifarbenmeiodx* Movimento que Café. aluno de Schonberg. vai conduzir tio Longe qunto possivd, n l o somente destruindo a pretensa dommoç&o sobre o tempo que i o ritmo c a organiraçao geral da peça musica] (ver o que Berg fez das fulguraçóc* de Buciiner na ópera tio dialética que e nozzrck'). mas também destruindo a relação uJènorVsom. mostrando que o nitaoo também ê som (o som do sangue nas orelhas, da coatraçao muscular aos maxilares)» subvertendo a relação compcwçloêwcuçlo. a relaçlo execuunte/audrfóno, a relaçlo cesa/saia de concerto. àdade, esc. D* Charles certamente tem razio de ver na nâooòra de Cage algo como o taotsoo (de preferência ao budismo) rela* ooaado com os objetos tècrucos do Ocidente americano. Mesmo esta relaçlo e "taotsta": cio relaçlo de dominação de algo pela tecnjca, e consequentemente relaçlo de dominaçlo sobre a técnica para algo. mas antes, deixar existir o técnico, o deixà-Jo produz*, fazer-se o seu amigo de duas face», corno pede o 7oo-/o-A«j<2í): ''Conhece o masculino, adere ao feminino. \k a Ravãag do mando L.X Conhece a glôna.

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JfcA»nLAHÇÜtSLYOTA*D

adcn à desgraça, se o Vik do mundo, t virtuôc constante i ' ^ 1 está nele". O técnico n l o mais como arma ou instrumento numa relaçlo sujeito/objeto, mas corno dispositivo cncrfHkco de c o n í ü o . suicetWel de produzir atravfa do exemplo das sonoridade* jamais produzidas, uma Zwtseton — Weit sonora. Caráter aberta, experimental, d o u i açfiet capitas. "Pulsâo de morte"; náo porque ela procura a morte. ma* porque e afirmação parcial, tingular. e tubvenlo d u totalidade* aparentei (o Eu. a Sociedade) no instante da afír* maçftc. Toda emoçto (one * efeito de morte, dhsoluçao do acabado, do hiu&nco. A vontade de potência como pultáo afirmativa do tingular (a/ com que o eterno retorno «*V> teja o 4 o Mesmo, tato é. de o/firm* cooa (um Daus escondido) qae ae representam nas uni u lar idade», então tomada! como "intenções". No m i r o do retorno, nao ha nada Nioexitfe centro. Ai unjularidadet remetem uma» ài outras, tem refertecia ao centro, ao sujeito, ao tignificanie, etc Elas remetem, isto e. aitociaiiiK, tocam-te. contatam \c. recobrem se Na Intensidade medíocre ijretanai. uma singularidade se associa a outras poucas, e segundo as articulações estáveis. iminuícôet, concate nações, cansaalidades. significações • tetáncias regrada» Na intensidade mais alta (e na mais baixa), uma singularidade comunica com muitas outras: da e o ponto do circulo onde se produz a fulg uraçâo do circulo enquanto multidão de intensidade* singulares incompatlveu. umuhineas. Fora da representação, o prazer, o sofrimento extremo sio "experiências" dcaaa füguraç*o. Este remeter • o wrie/ como de agora há pouco. Náo é de Jorma aiguma representar, f associar. O crapirnnx» de Yetiwhr Associar t ainda direr demais, t ar de uma singularidade a uma outra. Ê a mascarada, máscaras que se tiram ou que se colocam, mas nada sob as máscaras. Esse tensa da máscara, do travesti alada è suspeito, vem do teatro. De preferência insistir sobre o esquecimento Na representação e na opoüçlo existe a memóm: ando de uma singularidade a Outra» uma c outra se manterá juntas (atrases de canais de circulaçáo. dispositivos, fantasmas ou figuras BbJdinaii dos investimentos). Seita memória está implicada •ama identidade, o mesmo. No eterno retomo, enquanto desejo de potencial, exatamente nada de memória. A Ytezcm t

P * Q f M SOME O P L E T O * N O f O * A f 1T-M

uma agem tcrn vestígio, um esquecimento. instantâneos que vò s l o múltiplos p a r i o discurso, a l o para a mesmos. Eis por que n l o custe rrpmentaçâc através desta viagem. J a t e nomadismo das intcnsidadca. Acabo de descrever " M u r t a u " . a ultima obra umuftinea de Café c Tudor. ouvida na B a i i k i i , cm junho de W2 Existe o Oriente, mas sem a piedade. E o Wtlk h o n t a d e l d o Ocidente em aua modernidade, mat tem a lei do valor. 20. Que pode ser uma potiticaiemmeniória 1 a Quanto mo esquerdismo. cita política deveria estar aa mesma relação que Nietuche corn Wagner denuncia Io como falsa ruptura com a mittria poJIUca. como maau tençáo lubjaccnte aa tcatrabdade do p o l u c o convencionado e recebido, como promessa religiosa de reconciliação 21 Mais importante do que o esquerdismo pohtico mais piôiumo de uma aproximação das intensidades. um vasto movimento subterrâneo, hesitante, o u melhor, uma movimentação pela qual a Ia do valor t átmjeioda Retenções na produçfto. tocnadai sem contrapartida (totjbot) no consumo, recusa a t r a b a l h a i " , comunidades (ilusórias). A a p p f i f t g j . movimento de liberação sexual, ocupaçOes, jquattixgi* teqôesuos. produções de sons. de palavras, de cores sem " i n t e n d o de o b r a " . Eis aqui os "homens do «o**, oa matrts de hoje: margina**, pintores experimentais, pop, ruppies e yippies. parasitas, loucos, internados. Há mais instnsidad? e menos intenção numa hora de sua tida do que cm trezentas mil palavras de um filósofo profissional. Mais nietzschiaaot do que os leirorts de Nieuschc 22. Com eks emerge uma nosa l i s u n o inumano, o alem do-humano, Dioruso? Figura das micnsidadcs fluidas, que emerge DO interior da figura do Kapttal-sabcr. A enuca da economia política nunca feita, impoishcl taNc* de ser íeita. ai c deslocada pela a f i / m a ç i o da economia libkttnaf. fPI

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Pensamento nômade* Gilles Deieuze

»5e perguntarmos o que é ou o que vem a ser Nietzsche hoje em dia, sabemos muito bem a quem é preciso se dirigir. É preciso se dirigir aos jovens, que estão lendo Nietzsche, que estão descobrindo Nietzsche. Quanto a nós, já somos muito velhos na maioria aqui. O que é que um jovem descobre atualmente em Nietzsche, que certamente não é aquilo que minha geração descobriu nele, que certamente não era aquilo que as gerações precedentes tinham descoberto? Como é que acontece que jovens músicos de hoje sintam-se ligados a Nietzsche naquilo que fazem, embora não façam absolutamente uma música nietzschiana no sentido em que Nietzsche a fazia? Como é que ocorre que jovens pintores, jovens cineastas sintam-se ligados a Nietzsche? O que acontece, ou seja, como é que eles recebem Nietzsche? A rigor, tudo o que se pode explicar, olhando de fora, é de que maneira Nietzsche exigiu para si mesmo e para seus leitores, contemporâneos e futuros, um certo direito ao contra-senso. Não um direito qualquer, aliás, porque ele tem suas regras secretas, mas um certo direito ao contra-senso a respeito do qual eu gostaria de me explicar logo mais, e que faz com que não se trate de comentar Nietzsche como se comenta Descartes, HegeL Eu digo a mim mesmo: quem é hoje em dia o jovem nietzschiano? Será aquele que prepara um trabalho sobre Nietzsche? É possível. Ou bem será aquele que, voluntária ou involuntariamente, pouco importa, produz enunciados particularmente * Trad.: Milton Nascimento.

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metzschianos no decorrer de uma ação, de uma paixão, de uma experiência? Isto também acontece* Pelo que conheço, um dos textos recentes mais belos, mais profundamente nietzschianos, é o texto em que Richard Deshayes escreve: " Viver, não é sobreviver", exatamente antes de receber uma granada durante uma manifestação. Talvez os dois casos não se excluam. Talvez se possa escrever sobre Nietzsche e depois produzir, no decorrer da experiência, enunciados nietzschianos. Sentimos todos os perigos que nos espreitam nesta questão: o que é Nietzsche hoje? Perigo demagógico ("os jovens conosco"...) Perigo paternalista (conselhos a um jovem leitor de Nietzsche...). E em seguida, sobretudo, perigo de uma síntese abominável. Toma-se como aurora da nossa cultura moderna a trindade: Nietzsche, Freud, Marx. Pouco importa que todo mundo esteja aqui desarmado de antemão. Marx e Freud talvez sejam a aurora da nossa cultura, mas Nietzsche é claramente outra coisa, ele é a aurora de uma contracultura. É evidente que a sociedade moderna não funciona a partir de códigos. É uma sociedade que funciona sobre outras bases. Ora, se consideramos Marx e Freud, não literalmente, mas o devir do marxismo ou devir do freudismo, vê-se que eles se lançaram paradoxalmente numa espécie de tentativa de recodifícação: recodificaçâo pelo Estado, no caso do marxismo ("vocês estão doentes pelo Estado, e serão curados pelo Estado", não será o mesmo Estado) — recodifícação pela familia (estar doente pela família, curar-se pela família, não a mesma família). É isto que realmente constitui, no horizonte da nossa cultura, o marxismo e a psicanálise, como as duas burocracias fundamentais, uma publica, outra privada, cujo objetivo é operar bem ou mal uma recodifícação daquilo que não cessa de se decodificar no horizonte. O caso de Nietzsche, ao contrário, não é absolutamente este. Seu problema está em outro lugar. Através de todos os códigos, do ado, do presente, do futuro, trata-se para ele de fazer ar algo que não se deixa e não se deixará codificar. Fazê-lo ar num novo corpo, inventar um corpo em que isto possa ar e fluir: um corpo que seria o nosso, o da terra, o do escrito... Conhecem-se os grandes instrumentos de codificação. As sociedades não variam tanto, não dispõem de tantos meios de codificação. Conhecem-se três principais: a lei, o

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contrato e a instituição. Nós os encontramos, por exemplo, muito bem na relação que os homens mantêm ou mantiveram com os livros. Existem livros da lei, nos quais a relação do leitor com o livro a pela lei. Aliás, nós os denominamos mais particularmente códigos, ou livros sagrados. Em seguida há uma outra espécie de livros que am pelo contrato, a relação contratual burguesa. É esta a base da literatura leiga e da relação de venda do livro: eu compro, você me dá o que ler — uma relação contratual na qual todos, autor, leitor, estão presos. E há ainda outra espécie de livros, o livro político, de preferência revolucionário, que se apresenta como um livro de instituições, sejam presentes ou futuras. Toda espécie de mistura é feita: livros contratuais ou institucionais que são tratados como textos sagrados, etc. É que todos os tipos de codificação estão tão presentes, subjacentes, que os encontramos uns nos outros. Seja um outro exemplo, o da loucura: a tentativa de codificar a loucura é feita de três formas. Primeiramente as formas da lei, ou seja, do hospital, do asilo — é a codificação repressiva, é o confinamento, o antigo confínamento que será chamado no futuro a tornar-se uma última esperança de salvação, quando os loucos dirão: "Bons os tempos em que nos confinavam, pois hoje em dia se am coisas piores'*. Em seguida houve uma espécie de golpe formidável, que foi o golpe da psicanálise: entendia-se que havia pessoas que escapavam à relação contratual burguesa tal como ela aparecia na medicina, e estas pessoas eram os loucos, porque eles não podiam ser partes contratantes, eram juridicamente "incapazes*'. O golpe genial de Freud foi fazer ar sob a relação contratual uma parte dos loucos, no sentido mais amplo do termo, os neuróticos, e explicar que se podia fazer um contrato especial com eles (donde o abandono da hipnose). Ele é o primeiro a introduzir na psiquiatria, e é nisto finalmente que consiste a novidade psicanalítica, a relação contratual burguesa que até então dela fora excluída. E, em seguida, existem ainda as tentativas mais recentes, cujas implicações políticas e às vezes ambições revolucionárias são evidentes, as tentativas ditas institucionais. Encontra-se aí o triplo meio de codificação: ou bem será a lei, e se não for a lei será a relação contratual, e se não for a relação contratual será a instituição. E sobre estas codificações florescem nossas burocracias.

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Diante da maneira pela qual nossas sociedades se decodificam, pela qual os códigos escapam por todos os lados, Nietzsche é aquele que não tenta fazer recodifícação. Ele diz: isto ainda não foi longe o bastante, vocês são apenas crianças ("A igualização do homem europeu é o grande processo que não tem de ser freado: deveria ser ainda acelerado"). Ao nível daquilo que escreve e do que pensa, Nietzsche prossegue numa tentativa de decodificação, não no sentido de uma decodifícação relativa que consistiria em decifrar os códigos antigos, presentes ou futuros, mas de uma decodificação absoluta — fazer ar algo que não seja codificável, embaralhar todos os códigos. Embaralhar todos os códigos não é fácil, mesmo ao nível.da simples escritura e da linguagem. Só vejo semelhança com Kafka, com aquilo que Kafka faz com o alemão, em função da situação lingüística dos judeus de Praga: monta, em alemão, uma máquina de guerra contra o alemão; à força de indeterminação e de sobriedade, ele faz ar sob o código do alemão algo que nunca tinha sido ouvido. Quanto à Nietzsche, ele vive ou se considera polonês em relação ao alemão. Apodera-se do alemão para montar uma máquina de guerra que vai fazer ar algo que é incodificável em alemão. É isto o estilo como política. De um modo mais geral, em que consiste o esforço de um tal pensamento, que pretende fazer ar seus fluxos por debaixo das leis, recusando-as, por debaixo das relações contratuais, desmentindo-as, por debaixo das instituições, parodiando-as? Volto rapidamente ao exemplo da psicanálise. Em que uma psicanalista tão original quanto Melanie Klein permanece todavia no sistema psicanalítico? Ela mesma o diz muito bem: os objetos parciais dos quais nos fala, com suas explosões, seus fluxos, etc, são da ordem do fantasma. Os pacientes trazem estados vividos, intensamente vividos, e Melanie Klein os traduz em fantasmas. Existe aí um contrato, especificamente um contrato: dê-me seus estados vividos, eu lhe devolverei fantasmas. E o contrato implica uma troca, de dinheiro e de palavras. A este respeito, um psicanalista como Winnicott mantém-se realmente no limite da psicanálise, porque tem o sentimento de que este procedimento não convém mais num certo momento. Há um momento em que não se trata mais de traduzir, de interpretar, traduzir em fantasmas, interpretar em significados ou em significantes, não, não é

GIU-IS DfLEUZI

isto. Hi um momento em que « r i necessário partilhar, è prédio coiocar-se cm sintonia com o paciente, * preciso ii ití de. partilhar seu estado. Trata- le de uma «pécie de simpatia, de empatia. ou de identificação? Mctrro i«sm f uto è certamente mais complicado, O que nós icoijmos * antes a necessidade de uma relaçlo que nlo leria nem legal, nem contratual, rem institucional. Com Nietzschc. t isto. Nós kmw um afo naano. ou um poema de Zaratustis Ora. materialmente c formalmente, taii texto* alo tio compreendido» nem pele estabelecimento ou apticaçlo de uma Io. nem peia oferta de una relaçlo contratual, nem por uma instauraçlo de instituiçlo. O único equivalente conctbivel teria talvez "estar no mesmo barco". Alfo de pascaliano voltado contra Paacal. Embarcou-se: uma esptoc de jangada da Medusa, há bombau que caem A volta. a jangada âttw a em direção a riachos lub tcrráneot gelados, ou então em direção aríoatôrridoa, o Orv DOCO. o Ámaionai. pessoas remam ju&tai, que nlo lupôcrn que se amam, que te batem, que se comem Remar juntos t partilhar# partilhar alguma coisa, fora de qualquer lei, de qualquer contrato, de qualquer tostituiçlo. Uma deriva, ura movimento de deriva, ou de "òcsterruorialuatlo": eu o digo de uma maneira muito nebulosa, muito confusa. |á que M trata de uma hipótese ou de urna vaga impreuAo sobre a originaiuJade dos leitos luetnchianos, Um novo tipo de livro. Quais alo, pois. ai características de um aforismo de NictzKhc, para dar cata unpmslo? HA uma que Mauncc lâncbot evidenciou particularmente em L 'Entrtiien Infim Ê a relaçlo com o exterior, Com efeito, quando se abre ao acaso um texto de Nieuscne, t uma das primeiras vezes qu* r.lo amos mais por uma mtenondade. seja a uitcnoriUde da alma ou da consciência, a interioridade da esstacia ou do conceito, ou *e>a. daquilo que sempre fez o principio da filosofia. O que faz o estilo da filosofia í o fato de que a relaçlo com o exterior sempre è mediada c d-ssohxla por uma tntenondade. numa ioxenoridade. Nietxacbe. ao contra* rio» funda o pensamento, a escritura, sobre uma relaçlo imediata com o exterior* O que t uma bela pintura ou um desenho muito belo? Ha um quadro. Um aforismo tambtai t enquadrado. Mau a partir de que momento se torna belo o que está no quadro? A partir do momento em que se sabe e se sente que o movimento, que a Lnha Que c enquadrada vem de

Ffc>MMtMU>âMAn

outro lugar, que cU nlo começa no* Limites do quadro, tia começou acirra, ou ao lado do quadro, c * Unha atravessa <j quadro. Como ao filme de Codard, pinta-se o quadro com a parede. Longe de ser a ddimitaçlo da tupCTnck ptetórica. < quadro é quaK o contrtrio. í o estabelecimento de uma rela cio imediata com o exterior. Ora. conecta' o pensamento ao eitenor é o que. ao pi da letra, ot filósofos nunca fizeram, metmo qjando falavam de política, mesmo quando falaram de eio ou de ar puro. M o basta falar tk MI puro. falar de exterior para conectar o pensamento diretamente e imediata* mente ao exterior. "... Ele» chegam como o destino, sen* causa, sem razlo, •em consideração. *em pretexto, ettto a) como o rato. tlc terríveis, tio repentino*, tio convincentes. Uo "outro»" par a tarnbím se tomarem odiado».. ". ( o otkbft texto de Nteua che sobre o* fundadores de bicado*, "estes artistas com olhar de bronze" (Pare * Onwfognf dê ,W<W. IV. 17) Ou scrl que t Kafla. o dt A Mifo/tada CM/ia*"Impossívelchegar i compreender como penetraram ati a capital, que estl todavu tio longe da fronteira. Entretanto cstlo aé. e caria manhj parece aumentar seu número (.»)• Co»»*nâr com dev impossível M o sabem nossa Itngua | . ) carnívoros tambtni MU» cavalos!". Diremos que tais textos séo atravessados poi um movimento que vem de fora. que nflo começa na plgiru do- bvro nem nas pagina* precedentes. que aio cabe oc quadro do IUTO^ e que é absolutamente diferente do mo\i menio imagialrío das representações ou do movimente atai ralo dos conceitos tais como eles acontecem habitual mente através das palavras c na cabeça do leitor. Alguma coisa salta do livro, entra em contato com um puro exterior, £ ksto, eu creio, o direito ao contra senso para toda a obra de Nietzsche. Um aforismo * um >ogo de força*, um estado d< forças sempre exteriores umas ái outras. L*m aforismo nlo quer dizer nada. nlo significa nada. e nlD tem mau significante do que tem significado. Seriararaaníirasde restaurar a inferioridade de um texto. Um aforismo t um estado de forçaa, cuja última força, ou seja, ao mesmo tempo a mais recente, a mais atual e a provisôria-últiml. * sempre a mm* txtenor. Nictocbc o coloca muito claramente: se voe* quiser uber o que eu quero dizer, encootre a força que dl um sen údo. se for preciao um novo sentido ao qu* eu digo. Conecte

o texto a cm força. D o u maneira nâo há problema de intrr* prctaçio de Nictzsche. há apenas problemas de maquinação; maquinar o texto de Nktuchc. procurar com qual força exterior atual ele faz ar alguma coisa, uma corrente de energia. A este respeito, todos nos encontramos o problema colocado por cerros textos de Nietzscbe que t i a uma ressonância fascista ou anti-semita .. E já que te trata de Nieusche hoje» devemos reconhecer que N*etz*che inspirou e inspira ainda muitos jovens fascistas. Houve um momento em que era importante mostrar que Nietzscbc era utilizado, desviado, completamente deformado pelos fascistas. Isto foi fato » revista Actphalt. com Jean Wihl, Bataillc, Klossowsb* Mis boje talvez isto nto seja mab um problema. M o c ao niv*l dos textos que è preciso lutar. M o porque náo se possa lutar neste nivel. mas porque esta luta mio é mais útil. Trata-** antes de encontrar, de assinalar, de reunir as forças exteriores que dáo a tal ou tal frase de Nietzsche seu scnbdo líberador» seu sentido de exterioridade. É ao nível do método que *e coloca a questão do caráter revolucionário de Nieusche: é o método nietzschiano que faz do texto de Nictzsche. náo mais aJguma coisa a respeito da qual seria preciso se perguntar "é fascista, é burguês, é revolucionário em ià?M — mas uín campo de exterioridade onde se defrontam forças fascistas, burguesas e revolucionárias, E se colocarmos deste modo o problema, a resposta necessariamente conforme ao método é: encontre a força revolucionária (quem e atou-do-homem?)* Sempre um apelo a novas forças que vim do exterior, e qW atravessam e recortam o texto nietzschiano no quadro do aforismo. O contra-senso legitimo é bto: tratar o afomrno como um fenômeno á espera de novas forças que venham "subjugá-lo", ou fazê-lo funcionar, ou cotio fazê-lo explodir. O aforismo náo é somente relação com o exterior, tem como segunda característica o falo de ser uma relaçlo com o intensivo. E é a mesma coisa. Sobre este ponto KJossowski e Lyotard disseram tudo. Estes estados vividas de que eu falava há pouco, para dizer que náo le deve traduzi-los cm represei*taçòcs ou em fantasmas, que náo se deve fazí-los ar pek» códigos da lei, do contrato ou da institusçáo. que náo se deve converter em moeda, qce é preciso ao contrário fa2er delis fluxos que nos levam cada tez mais longe, mais para o extírior. c exatamente a interuidade» ü m:cn5.dades. O estado

?LMAlftMTO OMA2C

vivido nlo c algo subjetivo, ov aAo o é ncccssarianxnte. N l o è algo individual. £ o fluxo, c A interrupçlo do Puxo. j l que cada intensidade está neccssanamenie em rclaçlo com uma outra de tal modo que alguma coisa e. E o que está sob os códigoi, o que lhes escapa, c o que ot códigos Querem traduzir, converter, transformar em moeda. Mas NicUsche, cotn *ua etenturj de MlmVafeÉmi ~c^ J.v * i o iroçuea! 4 intensidade por representações. A intensidade nlo remete nem a significados que feriam como a representação de corsas, nem i significantes que seriam como representações de palavras. Entio. qual é a sua coramtacia ao mesmo tempo corno agente e como objeto de decodificado? E o que há de mais misterioso cm Nietttche. A intensidade tem algo a ver com os nomes próprios, e estes t i o slo nem representações de coisas (ou pessoas), nem repraetuçtes de palavras. Coletivos ou individuais, os prr>socÁücos. os romanos, os |udeus, o Cristo, o Antkristo, Júio César. Bórgia, Zaratustra. todos estes nomes próprios que am e retornam nos textos de Niettscbe, nlo slo nem significantes nem signifâdos. mas designações de intensidade, sobre um corpo que pode ser o corpo da terra, o corpo do taro, mas também o corpo sofredor de Nietzsche. todos as morna da htstôna. som ML* HA uma espécie de nocnadttmo. de deslocamento perpetuo de mtensidades designadas por noaxs próprios, e que penetram umas nas omras ao mesmo tempo em que slo vividas sobre um corpo pleno* A intensidade sò pode ser vivida em relação com sua inscrição mòvd soère iam corpo, e com a exterioridade movente de um nome próprio, e é por isso que o nome próprio é sempre uma máscara, mascara de um operador. O terceiro ponto é a refaçlo entre o aforismo e o humor e a ironia. Aqueles que Kcm Nkizscbe sem rir. e sem rir muito, sem hr freqüeniemette, e Is vezes sem dar gargalhadas, é como se n l o lessem Nietzscfre. Isto nlo ê verdadeiro somente em relaçlo a Njct/sctic. mas em reiaçlo a todos os autores que fazem precisamente este mesmo horizonte de nossa contracufcura. O que mostra nossa decadência, nossa degenercscència, c a maneira pela qual experimentamos a necessidade de situar a angaria, a sobdlo. a culpabilidade, o drama da comunicaçio, todo o trágico da uitcnondadc Mesmo Max Brod conta como os ouvintes eram rociados peio riso quando Kafka Lu O Processo. E Bcckett também è difícil

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ler sem rir, sem ar de um momento de alegria a outro. O riso, e não o significante. O riso-esquizo ou a alegria revolucionária é o que sobressai dos grandes livros, ao invés de angústias de nosso pequeno narcisismo ou terrores de nossa culpabilidade. Pode-se chamar isso de "cômico do além-dohumano", ou então "palhaço de Deus", há sempre uma alegria indescritível que jorra dos grandes livros, mesmo quando eles falam de coisas feias, desesperadoras ou terríveis. Todo grande livro opera já a transmutação e faz a saúde de amanhã. Não se pode deixar de rir quando se embaralham os códigos. Se você colocar o pensamento em relação com o exterior, nascem os momentos de riso dionisíaco, é o pensamento ao ar livre. Acontece com freqüência a Nietzsche encontrar-se diante de algo que considera repugnante, ignóbil, de causar vômito. E isto o faz rir, ele faria mais ainda se fosse possível. Ele diz: mais um esforço, ainda não está nojento o bastante, ou, então, é formidável como isto é nojento, é uma maravilha, uma obra-prima, uma flor venenosa, enfim, "o homem começa a tornar-se interessante". Por exemplo, é assim que Nietzsche considera e trata aquilo que chama de a má consciência. Então existem sempre comentadores hegelianos, comentadores da interioridade, que não possuem o senso do riso. Eles dizem: vejam, Nietzsche leva a sério a má consciência, faz dela um momento do devir-espírito da espiritualidade. A respeito daquilo que Nietzsche faz da espiritualidade, eles am por cima porque sentem o perigo. Vê-se pois que, se Nietzsche dá direito a contra-sensos legítimos, há também contra-sensos absolutamente ilegítimos, todos aqueles que se explicam pelo espírito do sério, pelo espírito do pesado, pelo macaco de Zaratustra, ou seja, pelo culto da interioridade. O riso em Nietzsche remete sempre ao movimento exterior dos humores e das ironias, e este movimento é o das intensidades, das quantidades intensivas, tal como Klossowski e Lyotard o viram: a maneira pela qual há um jogo de intensidades baixas e intensidades altas, umas nas outras, a maneira pela qual uma intensidade baixa pode minar a mais alta e mesmo ser tão alta quanto a mais alta, e inversamente. É este jogo de escalas intensivas que comanda as subidas da ironia e as quedas do humor em Nietzsche, e que se desenvolve como consistência ou qualidade do vivido em sua relação com o exterior. Um aforismo é uma pura ma-

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teria de riso e de alegria. Se não se encontrou aquilo que faz rir num aforismo, qual distribuição de humores e de ironias, e do mesmo modo qual repartição de intensidades, não se encontrou nada. Existe ainda um último ponto, Voltemos ao grande texto de Para a Genealogia sobre o Estado e os fundadores de impérios: "Eles chegam como o destino, sem causa, sem razão... etc." Pode-se reconhecer aí os homens da produção dita asiática. Sobre a base de comunidades rurais primitivas, o déspota constrói sua máquina imperial que sobrecodifica o todo, com uma burocracia, uma istração que organiza os grandes trabalhos e se apropria do trabalho excedente ("onde eles aparecem, em pouco tempo há algo de novo, uma engrenagem soberana, que vive, em que partes e funções são delimitadas e determinadas em relação ao conjunto,,/'). Mas pode-se perguntar também se este texto não reúne duas forças que se distinguem em outros aspectos — e que Kafka por sua vez distinguia e mesmo opunha em A Muralha da China. Pois quando se investiga como as comunidades primitivas segmentárias deram lugar a outras formações de soberania, questão que Nietzsche coloca na segunda dissertação de Para a Genealogia, vê-se que se produzem dois fenômenos estritamente correíatos, mas absolutamente diferentes. É verdade que no centro, as comunidades rurais estão presas e fixas à máquina burocrática do déspota com seus escribas, seus padres, seus funcionários; mas na periferia, as comunidades entram noutra espécie de aventura, numa outra espécie de unidade desta vez nomádica, numa máquina de guerra nômade, e se decodificam ao invés de se deixarem sobrecodificar. Grupos inteiros que partem, que nomadizam: os arqueólogos nos habituaram a pensar este nomadismo não como um estado primeiro, mas como uma aventura que sobrevém a grupos sedentários, o apelo do exterior, o movimento, O nômade com sua máquina de guerra opõe-se ao déspota com sua máquina istrativa; a unidade nomádica extrínseca se opõe à unidade despótica intrínseca. E todavia eles são de tal modo correíatos ou interpenetrados que o problema do déspota será o de integrar, de interiorizar a máquina de guerra nômade, e o problema do nômade será o de inventar uma istração do império conquistado. Eles não cessam de se opor a ponto mesmo de se confundirem.

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O discurso filosófico nasceu da unidade imperial, através de muitos avatares, estes mesmos avatares que nos conduzem das formações imperiais à cidade grega. Mesmo através da cidade grega, o discurso filosófico permanece numa relação essencial com o déspota ou com a sombra do déspota, com o imperialismo, com a istração das coisas e das pessoas (encontraríamos todos os tipos de provas disto no livro de Leo Strauss e de Kojeve sobre A Tirania). O discurso filosófico sempre esteve numa relação essencial com a lei, a instituição, o contrato, que constituem o problema do soberano, e que atravessam a história sedentária das formações despóticas às democracias. O "significante" é realmente o último avatar filosófico do déspota. Ora, se Nietzsche não pertence à filosofia, é talvez porque ele ê o primeiro a conceber um outro tipo de discurso como uma contrafilosofia. Ou seja, um discurso antes de tudo nômade, cujos enunciados não seriam produzidos por uma máquina racional istrativa, os filósofos considerados como burocratas da razão pura, mas por uma máquina de guerra móvel. É talvez neste sentido que Nietzsche anuncia que uma nova política começa com ele (o que Klossowski denomina o complô contra sua própria classe). Sabe-se bem que em nossos regimes os nômades são infelizes: não se recua diante de nenhum meio para fixá-los, eles têm dificuldade para viver. E Nietzsche viveu como um desses nômades reduzidos à sua própria sombra, indo de pensão em pensão. Mas, de outro lado, o nômade não é forçosamente alguém que se movimenta: existem viagens num mesmo lugar, viagens em intensidade, e mesmo historicamente os nômades não são aqueles que se mudam à maneira dos migrantes, ao contrário, são aqueles que não mudam, e põem-se a nomadizar para permanecerem no mesmo lugar, escapando dos códigos. Sabe-se bem que o problema revolucionário hoje é o de encontrar uma unidade das lutas pontuais sem recair na organização despótica e burocrática do partido ou do aparelho de Estado: uma máquina de guerra que não reproduzisse um aparelho de Estado, uma unidade nomádica em relação com o exterior, que não reproduzisse a unidade despótica interna. Eis talvez o que é mais profundo em Nietzsche, a medida de sua ruptura com a filosofia, tal como ela aparece no aforismo: ter feito do pensamento uma máquina de guerra, ter feito do pensamento uma

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potência nômade. E mesmo se a viagem for imóvel, mesmo se for feita num mesmo lugar, imperceptível, inesperada, subterrânea, devemos perguntar quais são nossos nômades de hoje, quem são realmente os nossos nietzschianos?

Discussão Clauâe Vivien: Você disse, Jean-François Lyotard, que é desagradável se deixar fascinar pelo Deus escondido, Deus com maiúscula. Hâ outras palavras que se escrevem ainda hoje com maiúscula, ou seja, num sentido único, que substituem muito bem Deus, já que as coisas designadas por estas palavras permanecem escondidas. Não nos deixemos pois fascinar pelo que está escondido, mas — e é minha questão "teológica" ou antes teofânica — não estamos tanto mais livres, hoje, agora, para amar, não para sermos "fascinados" no sentido de Lyotard, não para "fantasmar", no sentido de Deleuze, para amar pois o que não está escondido, o que é visível, tudo o que nos cai sob os olhos, e em particular estas figuras de reatualização do sensivel que se pode chamar de "deusas", ou "deuses" vivos, que não me parecem ilusões sem futuro? Jean-François Lyotard: Estamos mais livres do que nunca para amar não somente o que nos cai sob os olhos, mas sob as mãos, sob os pés, sob o nariz... É isto que você chama de "deuses" e "deusas". Eu chamaria de deuses e deusas, de fato (se quisermos absolutamente denominá-los assim) tudo o que pode cair sob o corpo, sobre o corpo... Claude Vivien: Quero dizer que esta palavra "teofania" pertence a alguém que não nomearei. Pierre Klossowski: Creio que Lyotard diz exatamente o que eu disse a respeito de Diana1- Mas, quando você rejeitou como se deve a disciplina chamada teologia, pode-se opor a ela uma teologia e pois um politeismo constante, que perturba talvez esta desconstrução da animalidade, sob a própria relação de receptividade que as artes supõem, e em particular a alusão que você fez no fim de sua exposição. Desculpe-me por colocar a questão através do que acaba de ser dito por 1

Trata-se do ensaio de Klossowski LeBain deDiane, éditions Pauvert, Paris, 1956 (Nota do Organizador).

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Ückure, mau crcso que ncsle momento n u m o i empreendimento de desanicnalizaçio t o u l flue supõe, qftciitcmcmc. uma f i u o l o f i a inteiramente n o w . incontrottvd» d i qual n i o se pode d i n r r i d a E tahre* a i novas pesquisai, ou as novas realizações das quais voe* fala no finaJ. sejam antecipações desta ftuotopa nova. Ti>do tira em corvo do corpo, de um novo corpo. Jr*n Fraxçou Lyotard Mais do que filar de tcoforua leria praciso falar daquilo que Nietochc entendia quando falava de homo n*tyr*t que n i o * o homem natural Cocn efeito. talie* esteja ai sobretudo, e somente. esta nova f l u o topa* N i o hà muitos deuses. Parece-me q u r . quando >c d i i deui, í ainda excessivo, porque isto implica p e r r n i n t m a ; ora, nesia " t c o f a r u a " nflo ha mata permanência Mesmo o* deuses de Epicuro. ainda s l o demais. Isto ainda n t o * uma fiuolofia suficientemente nova... ftrrw Kloaowtàí Tcofanéa n i o é permanência. Sâo instantes, portanto s i o intenudade* t u m outro termo para tnifntidadf. Jtv*françou Lyotard Temo a introduçio do fAraa nesta deuanaÂo, pvefUo os nomes próprio** Os nomes próprio* l i o o verdadeiro plural: o singular indeclinável. Cintar Pivam Oft nomes próprio* impedem os drusca o u a* deusas vivas? Reciprocamente, o* deuses t a i deusas vnas impedem os nomes próprio* ou o* corpo* próprio*? Jtan-Fronçots Lyotard É preciso sepauar os nomes próprios c os corpos próprios. Os nomes próprios s i o o desaparecimento doa corpo* próprios e s i o lambem o desaparecimento dos deuses c deusas enquanto corpo* próprioa. O nome próprio é justamente a perda da apropnaçio. a p a d a da propeíedadc, a perda da penaanenda. £ • singularidade. Por flue ducr deusca c deusas? HA nto. este. esta c aqucks, n i o h* nem mesmo deuses e deusas... Ha emergências./amos de intensidade* JmhMchH Rty; Primeiramente, uma quesito de defin i ç i o . de informaçto* V o e i disse num certo momento. Lyotard, que a descontfruça\o de uma opcraçto ou de uma pratica era uma operação o u uma pratica defèncrada. O que voot entende poe isto? Jicn-François Lyotard: Eu disse que ela "poderia » M ( W - "Degenerado" pode ser aquilo que Nietzsche de*

FWIAIIUCINOMAP*

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u^na efetivamente como "aparência de força", mas que na realidade nio é senão esta força que provtm da fraqueza, da depressão c do ressentimento. Jec^MêcM Rty: Voe* disse* num certo momento, "uma economia que Kja mau do que uma economia política", e quando você falou em seguida de economia tibãdinal. creio que 4 a feto que voe* te referia. Voe* disse tunWin que hà dob ou t r t i M a n . o que pode ter interessante, c enfim, um pouco mau tarde» que há uma dissociação entre a forma e o* pretensos materiais a propósito da arte, e que * i mama relação que aqueU que se encontra cm O Ciptíml. Minha questio * tem dúvida ingênua você estabelece entre estes elementos uma bomologia estrutural que K desenrolaria lobre um paço de fundo fenomenològKOT /M**Frwnçi>í$ i towd O que quis duer. no domínio muiK*l, è que a obra de Adorno * provavelmente o fim do pensamento negativo, enquanto ela è ao mesmo tempo o que kk de mau belo e o que esti terminado. E uma tentaiiva de transferência para a modernidade pela crkica. Quu mostrar que a critica ( n i o somente uma critica da sociedade pela obra, ma», de uma maneira análoga, ao pi65x10 taitrior da obra. a critica daquilo que foi at* o presente a forma muvcaJ. pela nova forma musical, a de Schónberg, por exemplo, que (ai aparecer como puro material o que er% a forma am«a A rcUtio da obra com uma sociedade, ao momo tempo na 10* hdio de Sctanberg c c m i u i eficiência botitica. t análogamente a mesma que aquela que se encontra no interior da obra, entre a nova forma (tchemberguiana) e o matenaJ mim* cal tal como foi herdado dela. £ este, creio, o ponto final do pensamento negativo, ou ieja. Adorno Mas este ponto finaj i ao mesmo tempo a impossibilidade de faxer a critica da economia política. Ela e anunciada por M t i * c de n i o pode fazê-la, porque *ó acrediu í u t - l a aplicando-a sobre a descriçAo do Kapital como metamorfose perpétua, como mon nmortaüs, uma dialética, ou se>a, uma mitica. Talvez tc>a impossível fazer a críuca da economia política, e temos experiência disto com aquilo que se chama c^pttahimo, precisamente porque o Kapital t de mesmo a critica. O que me parece importante, na categoria da economia ubidina). tal como Deteuze a ignora em Freud com má-fè (e que è todavia abW,utamentt evidente, ainda que ai tafnbém. assim como

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cm Marx< esteja sufocada, recalcada pela aplicação de uni pensamento negativo, de testo aâo cristão, no dispositivo analítico) * que se trata de uma pura intensidade, de um puro deslocamento, de um puro nomadismo das intensidade*. Somente se pensarmos isso, nâo digo que a economia poütica será feita, mas digo que haverá (e creio que bá com efeito] uma espteie de desinvestimento, uma desafecçáo, ou sei** que os afetos nlo estarão mais colocados e ligados ai, eiet nfto terto RIAIS pegos na armadilha da negatir.dade. No fundo, o máximo que um pensamento negativo poder* dar, digamos ao nível das obras, ser* SchOnberg, e talvez o que um pensamento afirmativo (se for ainda um pensamento) poderá dar será antri alguma coisa como Cagc. ( isto que eu queria dizer: nlo creio absolutamente que seja sobre fundo fenonsenolôgíco. J*Qtt*MkM Rty: Uma última quesito ainda mais ingênua: quais sto os representantes literários, aluais ou nftot do movimento que você descreveu a partir da música ou da pintura? Jfan-Frünçois Lyotard: Nêo seí, creio que è prédio olhar do lado dos americanos... Sarah Kofman: Minha primeira questão diz respeito *o pensamento como baixa de intensidade, concepção que você em seguida opto mais ou menoi á concepção de Freud. enquanto que Freud, no Projeto, fala precisamente desta baixa da quantidade de afetos como constitutiva do pensamento. M « em Para a Grnectogia de Morai, a propósito da má consciência, trata-se. penso, muito mais do retomo dai pulsOes contra si do que de uma baixa dat intensidade*. p c do pensamento. Finalmente, que relaçlo voe* vê em Ntctzsthc entre a representação (no sentido amplo no qual voct emprega esta palavra) e a imaginação? Afinal de contai, os mestre* c os artistas de olhar de bronze sfto. numa ccrU medida, pensadores! Eles pensam, e talvez nlo seja ficção. Jtan>Françoó Lyotard: Pare«-mc que. para lhe responder, seria preciso utilizar oquadro-negro. Seria preciso mostrar que o pensamento vem de uma baixa num certo loc*l»

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rW5AMENTO f*OMA« que os fluxos. as intensidade*, ot afetos encon:ran>*c divididos, distribuídos. Urna pane dos afetos vmi ser bloqueada num dispositivo estável, a muralha da China, se você quiser* oi muros deste castelo, se voei quiser, as paredes do museu» o enquadramento da cena. dispositivos representativo* c. a partir desta divisão (que * sempre dupla, ou seja, um primeiro recinto, e no interior dele. um segundo, o da cena, o do quadro tomado cromo aquilo que vai delimitar e que vai estabilizar ot fluxos), teremos este famoso retorno ou reviravolta, pob c nestas condições que o sujeito poderá coMtttnfc-tf como o olho que olha a representação, o espetáculo. No texto em que eu pensava. Nictische fala do pensamento como enfraquecimento. Em substância dir: quando estamos na plena intensidade, entlo t a crueldade (ele emprega o termo) e. quando estamos fatigados. nós nos pomos a pensar. Crao que a fadiga ê a constituição dos muros; neste momento, o sujeito só existe na üuslo do dispositivo que. como voe* vi, è um dispositivo de filtragem* Insisto sobre o fato de que um tal dispositivo lô existe enquanto massas importantes de fluxos libidinais e de üitensidades estão bloqueadas enquanto muros, e enquanto cenas niu transponivets, como o que vai permitir a representação e a autocorutituiçáo de um sujeito. Ora. o espantoso è que Frcud pensa exatamente assim o fantasmático. a pintura, sempre sob a categoria da tt*trah dade, Mas a novidade em Freud 6 que julga más e ilusórias as descargas por imagens, boas as descargas por discursos; no lugar deste dispositivo DO qual o sujeito, em sua ilusão, se constitui em face da representação que nio ê nada mais do que os fluxos, as intensidade*, captadas, canal iradas, filtradas e localizadas sobre a cena. o que ele propor como dispositivo de descarga t uma relação na qual. justamente, o espetáculo deverá desfajer-sc em benefkio de um discurso. E ai que a implantação por Freud, de seu dispositivo, apresenta uma ruptura muito violenta (mas talvez eu tenha tendência a superestimar esta ruptura) com o dispositivo represenuuvo tal como ek o vi encarnado no gosto espontâneo do povo de Israel pelo veado de ouro e o gosto dos cristãos pela cerimônia suntuosa, ruptura que vai no sentido de um "você nio verá nunca, voc# nunca representará", e, no fundo, "nunca terá voei que falará, voe* será sempre dito por um outro", ou seja. por uma critica que, de minha pane, acredito ser

n otutsc*uL/* fundamentalmente e inicialmente judaica. Peruo que, no caso de Freud, estamos diante de um outro dispositivo que. no fundo, nlo c mais representativo. Samh Koffian: Minha tegundi qucstlo diz respeito 4 modernidade como afirmação, como esboço do alertadohumano e do inumano, c ao que voei disse do capital como diitoluçfto afirmativa. No caso de Nieizsche, parece -me que foi simplesmente o dnmno que jamais leve medo de tf mostrar a nu» Nietrsche evoca o filmei* que não (cm medo de se mostrar a nu porque, akis, ele tem o apoio da púrpura, como cie disse, de modo que esta famosa força c de fato uma força exterior ao Estado. E t o drusino mesmo.,. Jean^FranCots Lyotard: Nlo creio que se possa interpretar assim em texto* Fie implica que. mesmo em relação ao Estado (ele o diz quase), ninguém pode mais falar de direito sem nr EMC cinismo c equivoco, ck esU sobre o fio da navalha, Sirah Kofmún: TaKcz de seja. mais a paródia do afirmativo do que o próprio afirmativo. JfonFranCoa Lyotcrd* Sim. mas Nietitchc realmente o considera como algo que * o beneficio da modernidade, se nâo um beneficio adquirido, pelo menos um beneficio cm potencial. Jtan Mauni: Depois de ter Opoito a ingenuidade do grito romântico * astúcia nictzschiafla. o que è muito profundoe muito interessante, voct mostrou um Nietzsche cada vez maii interessado pela tolice. Ora* exatamente sobre este ponto, parece-me que faltou perspicácia a Nietzsche durante muito tempo, c que soraeme muito íarde t que cie compreendeu que a tolice poderia ser a maior astúcia de todas. Talvez Nictzsche nlo tenha acertado cm retaçlo aoi mais idiotas, aos "imbecis" do século XIX, c penso que esta falha tem uma signifícaçio política, ou. se se quiser, esta falha talvez se explique pelo isolamento político de Nictzsche. pelo falo de que ele era por demais "aIeiBlo"Bc que assim nlo acertou, por exemplo, cm relação Aquele que publicava AM no momento em que aparecia a Aurore, entrando paradoxalmente ao mesmo tempo cm conjunção com ele*. Jc*n VUurfl rffcif H *q* ft VtoO* H^D ASA*. MM M M è CottûM. 4* «•tOu uni cMuaT^cfto tom a EK«é> " H ^ f k n t k , mnàlon unp#*#*vrf*\

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Jcan*Fraftçots LyotanL Mas cie nfto deixou de ver alottee y«in Mauret: Segundo certos textos — especialmente cm Para além de bem e mof — eie parece ler compreendido que o mais astucioso é aquele que se escoode em seu próprio contrário, o que nio c teto conseqüência do pomo de vista da paródia e da estratégia pohtica. AndréFJéehcux; A primeira coisa que me espantou na ejtposiçlo de Lyotard se refere á questfto do texto e da interpretação: acreditei compreenda que o poder metamórfíco está ligado nfto somente á exctasêo da representação, m u á rtclusfto de uma interpretado que. para ele. e a repetição das estruturas da representação. O problema (um pouco inocente) que me coloco se refere desde catão ao estatuto da energia m exposição que ouvi: que rdaçfto existe entre a progressão que voe* faz o conceito de energia sofrer a panir da economia capitalista clássica e o fato de que, de outra parte, você se manttm num conceito de energia, que í erfim herdado da rntrttta aríslolilica. ou se>ap ainda empanturrado de ideologia? O que pode significar uma liberação da energética numa 6poca em que reina uma tècaka planetária de utilização deita energia'* Sobre este ponto, como voei responderia á questão de Heideggcr sobre o problema do estatuto metafísico da energética na cultura ocidental, quando sua transgressão da rncrgttica. a partir de conceitos marxistas» apõia-se ainda sobre uma teleologia implícita? Uma segunda qucstfto. que articulo com a outra. * a seguinte: como é possível que. a propósito da arte. voei retome finalmente o nívd do pensamento nsctxschiano que era o do Nasamenio da Tragédia? Parece-me que dado o papel que voei faz a música exercer, quaisquer que sejam as modalida des hbtâncas. a arte permanece um opto no interior de sua interpretaçãoÉ Nfto estou certo de que voei ultrae a metafísica do artista . Jean trançou Lyotard: Suas questões sfto colocadas a panir de um ponto que me impossibilita qualquer resposta. André-Fltcheux: Isto quer dizer que eu deva ser confinado? Jean-Françou Lyotard: Antes o contrário... André-Fttcheux Talvez eu tivesse mais sorte com Gillca Delcuzc. O que gostaria de saber, é como ele pensa fazer a

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GOU3DCUUZE

economia da descoctstruçio. ou seja, cocao ele poisa contentar-se com uma leitura mooádica de cada aforismo, a ptitü da empiricidade, e como que do exterior, o que me parece, de um ponto de vista beádtggcriaoo, extremamente suspeito, Eu me pergunto se o problema do "já aqui" que a üngua, a organização estável, o que voei chama de <4o déspota", constituem, permite compreender a escritura de NWizsche como uma espécie de leitura errática que ela mtsma dependeria de uma escritura errática, caquanto Nietzsche apbca a si mesmo o que ele denomina uma autocrítica e que as edições atuais o revelam como um excepcional trabalhador do estilo, para o qual, conseqüementeme, cada aforismo náo e um sistema fechado, mas está vopbcito em toda uma estrutura de reme* itaoas. Este estatuto de um exterior sen desconstruçáo. segundo você. talvez se ligue ao da eocrgétK* segundo Lyotard. Segunda queatio. que se articula aioda aqui com a primeira: numa época tm que a organização estatal, capitalista, enfim, chamem-na como quiserem, lança um desafio que ê finalmente aquilo que Hddcgger chama da inspeçJo pela técnica. voei pensa «em rir que o oomadismo, tal como voei o descreve, constitui uma resposta seria? Cilks Dtltuze: Se compreendo bem. voof diz que há motivos para se suspeita/ de num do pontd de vista hcideggcriano* Alegro-me com isto. Quanto ao método de desconsttuçio dos textos, vejo bem o que ele c. eu o iro muito, mas ele náo tem nada a ver com o meu. Nlo mi apresento absolutamente como um comentado* de textos. Um texto, para mim. é apenas uma pequena engrenagem numa prática extratextual. Nlo se trata de comentar o texto através de um método de desconstruçlo. ou de um método de prática textual, ou de outros métodos, trata-se de ver para que isto serve na prática extratextual d** prolonga o texto. Você me pergunta se acredito na resposta dos nômade*. Sim, eu creio. Genghis Khan, é alguma coisa. Ele vai ressurgir do ado? Nlo sei, em todo caso, sob outra forma. Do mesmo modo que o déspota interioriza a máquina de guerra oõcoadc. a sociedade capitalista nfto cessa de interiorizar uma máquina de guerra revolucionária. Nlo c na periferia (pois nlo há mais periferia) que se formam novo* nômades. Eu perguntava de quais nômades. se necessário imóveis e ao mesmo lugar, nossa soeiedadeécapaz.

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rCMAMOTO MÕHAM

André-FUchmx: Sim, mas voe* achriu na SUA exposição o que você chamava de interiondade... Gilks Deittze: Vorf jefa con a palavra "interioridade". André-FUchtitx: A viagem no imerior? Gtües Drtruzr Eu disse "viagem imóvel'*. Nio t uma viagem no imerior. * uma viagem sobre o corpo, se for o caio. sobre corpo* coletivo*. Robert Sesso: Minha questio se dirige a Lyotard. Por que preferir o tema do esquecimento em Nietzsche ao tema da máscara? Se Kke» na pintura, e se Café, na música, representam a estética intensiva, nâo existe neks um projeto, mesmo para dissolver ou para desestruturar, e, por conseguinte* a memória nâo c necessária a estes artistas para realizar um projeto» que só pode inscrever-se DO tempo? De outro Lado, falamos deles» aomeamo-los, eles nlo am seu tempo a se fazerem esquecer. Parece-me pois que eles têm necessidade do tempo, com o inconveniente de assumir uma singuhridade cuja ação sc inscreve no projeto derritório de uma nio-obra, uma singularidade que nlo se articula mais ao culto da personalidade. Nio seria melhor ter a coragem de colocar a miscara, e finalmente agir c aparecer sob a forma de gracejos do bufio? Lembro que ê um bufio que, no prólogo do Zaroruura. saha sobre o acrobata e o ultraa, ou acredoa uhraà-lo. O bufio. o anio. sio os avessos, os duplos de Zaratustra. E na medida em que o duplo traz urna máscara, cm que é absolutamente caricatural, nio se pode dizer que de suprime a teatralidade. rcafa/ando-a até ao absurdo, j i que somente o bufio tem coragem de assumir uma figura humana tal que. para ela. nio ha nem açfto. nem maneira séria de ser» e que nio se possa nem louvá-la. nem censurá-la, pois nada se pode dizer da máscara, e sob a máscara talvez nio haja nada tenio outra máscara? Jean-Fnwçois Lyotard; Quando você diz: há Klee, há Cage, sio nomes, eles nio tém obras, têm intenções; lemo que, a partir da singularidade, do caso fortuito. voei deslize para a individualidade, ou, sc quiser. > oce deslize da intensidade para a intcnçio. A questio é saber se é possível evitar este deslizamento. E voe* responde, parece-me. que è tmpov ÁvdT porque há sempre uma máscara que c bufio, c máscara de um anio. Se desconfiei da palavra "máscara** i exaiaB&f. "

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mente porque. 10b certos aspectos, nada está «condido. Per * manecemos na categoria da máscara c da teatrabdade. nlo se deixa a categoria da representação, ou seja. um certo tipo de bloqueio e de filtragem das intensidade*. Quando Nietxsche fala dos grandes nomes da História, nlo penso que os considere como miscaras; slo antes pontos de intensidade» e, sob certos aspectos, nlo representam nada. no sentido pleno do termo. Você mesmo disse, uma máscara esconde alguma cotia, e esta mesma cova esconde uma outra ainda; entlo, sò se renova a teatrabdade e a representação; no fundo, isto nlo t nada mais do que o neoruihsmo, c CTbo que Nietzschc quer dizer algo diferente: que nada esiá escondido» que tudo esli ai enquanto metamorfose intensa, e que tahez possamos nos curar do niilismo e mesmo do neonüiísmo, ou seja, da máscara. Robert Sasso Sem ser niilista. Nietncheri.eeu pensava neste texto significativo: "Para o homem espiritual e que olhou alguma vez por detrás das máscaras, sabendo olhá-las, que compreendeu o quanto de um modo geral tudo c más* cara* este espetáculo lhe inspira com razlo o melhor humor do mundo**, Nieke Taaf: Gilks Ddeuzt, se eu o compreendi bem, você opõe o riso, o humor e a ironia á má consciência. Voe* estaria de acordo que nr de Kaíka. de Bcckett, de Nietzsche nlo exclui chorar por estes escritores, desde que as lágrimas nlo sejam as que jorram de uma fonte interior ou interiorizada» mas simplesmente uma produção de fluxos na superfície do corpo? Gdles Deieuze: Certamente você tem razlo. Nieke Toãt: Ainda uma outra questão. Quando você opõe o humor e a ironia á má consciência, você nlo os distingue mais um do outro, como você fazia na tópea do sentido, onde um era de superfície c outro de profundidade. Você nlo teme que a ironia possa estar perigosamente próxima da má consciência? GUIes Dtteuze: Eu mudei. A oposiçlo supcrflcic-pcofundidade nlo me preocupa mais era absoluto. O que me interessa agora slo as reiaçOcs entre um corpo pleno» um corpo sem òrglos. e os fluxos que fluem. Nieke Toai: Isto nlo excluiria mais o ressentimento, neste caso? Gilla Deteuzr; Oh, sim!

O/Os "conceitos" de cultura nas Extemporâneas ou a dupla dissimulação* Sãnk

Kofman

Apí* O nascimento ds rrafMtt» Nietzsche etcrcvc uma icrie de panfletos destinados a diagnostica: o* rr^ci da civilização atua) c a :ndicar os teus ranbdM. Comida o filósofo i u n a tarefa para a qual o l o está nada preparado aquele que foi educado no recinto da tradição umversiiána; a tarefa de ser o médico da cmluaçlo. No* textos poltaicos Que t i o as Extemporâneas, Nictzscfae opôe-se i cultura da época, cultura filistèia, propondo « c a nova cootepçio da educação: "Gostaria de cokxar (,..) m probtma de cducaclo sem igual. um not-o CO&ceto da gffotfanpfrw*. da zuiodtfoa até a d w e a . um ^ T T » * * ^ para a fraadera e para tarefas universais, tudo isso cbcía ai Do mesmo modo qte Platão tinha se servido de Sócrates de uro* "semjôtica", que ShoperJiauer ha*ia u n h a d o u*3i4and*i&*fAl4f V**UM*if«ft + ftaKl • t

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i filosofia kantiana, a mitologia. budista ou cnstl, como hierôgüfos e procedimentos retóricos*, assim„ Nietzschr. porque procura exprimir idtias inusitadas c obrigado a balbuciv em vozes estrangeiras, a tomar emprestadas as linguagem òc Schopenhaucr e de Wagner: "Em resumo, icmei petos tabeioi ôou tipe* ceSrbrfi damente, que nio e*ta»am ainda fixados, como M uma oportunidade, pára exprimir algo. para ter á fflo nas forma». ugno*. mesot de ruvmto a mal*°". Relidos A du-ineta, o» pnmriroí eacrilot de Ntaxachc lhe parecem jà nâo fator senão dele menroo: o verdadeiro lema da terceira Extrmporânec nâo sena Schopenhjfyer rdu cméor, mas Ntetuche «fvcmdor, num certo temido, o tema contrário "Na ajroear* e avaria eifm/wjnrai como tndicactVi de um COUCMO mmu rtfnuWg de cultura, de uma reatam ação de» coocultvra", ato rrdorartai duas figuras dt mau dará tipos e*tcmp«ineo* por excelência, cbeso* de deapitio porM tudo que ao m redor te chamava "*ntnV\ "cultura'*. cru*iaiilamo". "frimarcV*. " • « • > -o É - Staopenhauer t Wagner, ou, «u*e palavra. N»n» "Aaora que oète co*n alguma dolàMa a tttuaçâo de que eues «tentos xâo testemunhas, nâo poderia nega* que no fendo e l o sô falam de min. Wagner <m Btyreuux e uma vt*ao do meu futuro; em "Scbopenhauev educador" t*U registrada minha historia ma» Intima, ateu ptwMV — «eJma de tudo manha promtíH sokm!. \ Todavia, apesar do grande vento de liberdade que jA ftopra nas Exttmpcrántaf. Nkusche reconhece que na ocasião estava bem looge daquilo que se tornou depois: 1

*0 que sou bo)et <mdt entou boje falo mais com palavras ' Cl. Twttrm

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numa altura en* que cJc —, 0b! como unda eu

<XOí -coNCinor- M ÇULTV«A NAS COUVOlAMAi

k*g t ouuoral — m i ey via o pais, íiao mt enganava am tomate totm enfarta, asar. pcngo — r wcesio!"*Assim, entre os dois Nietzsche. o de Ontem e o de hoje. hivcna ao mesmo trnpo continuidade e ruptura, mis diferentes escritos diriam ao mevmo tempo a -mesma coisa, e outra cotsa; a distftncia, antes de tudo, seria devida a uma qurvlode "estilo" ("Nlo falo mais com palavras, mas coca raios'*). Diferença de "estilo"* que marca a dutincia qiac iaia os doh Nietuche: a de uma viagem para a* alturas, para o torna/-** "si-mesmo": para a conquista de teu "estilo" ou de *eu " c W Para tornar-se um. * preciso primeiro ler udo muitas coiiau em muitos rufares, ler usado muitas mai caras, arriscado muitos mal entendidos, t preciso lei udq Schopenhaucr e Wagner, ter-st cultivado. A relação que o Ecct Momo intaura entre oi dois Nieuschr marca em profundidade a relação i^t t preciso estabelecer entre "naih*reza"e "cultura". Poique "ohotneni t uma espécie cujas qualidades ainda nao eu Io fixadas" *". hft necessidade de uma tarefa educativa que faça o homem chegar att ele mesmo- a unidade do tipo nlo preesnte A sua coeiquitta. a "natureza" humana rslo preeiiste à cultura. Porque Schopcnhauct c Wagner eram doti tipos ainda nlo fixados. N ktrsche pôde ekvA-k* a si mesmos, a si mesmo; pôde faxeV Loa ar de uma esptetc a uma outra superior. o que r a tarefa de toda cultura. Levar Schopenhauer ao txtremo e ttatlo chegar a si mesmo,fctransforma-lo cen seu contrário: Nietxschc. A cultura*, neste sentido, uma Aufhebuntf Alei* tura que Nietzsche fai de Scbopenhauer ê. como toda Leitura, orientada. A orientação k dada aqui por unu obsessão qu*, muito cedo. atormenta Nictrschc: a de resolver o proWcmj ám educação. Esta obsessão permite reunir um certo número de fragmentos esparsos, e constitui kw num texto. A latuxi cultiva simultaneamente o leitor c o escrito. Por da, ao mev mo tempo, chega-se a algo corno um texto de Schopenhauer. e N*etzs^chetta"iiinesmo" l escaiaosdeírauiqueoIe>^

54R.AHKQFMAN rio ao que. de um pomo de vista biográfico, poder-sc-ia denominar " l i mcimo". Nfto h i leitura tem interpretação e Ioda interpretação eqüivale a uma dominação, uma nova apropriaçlo*. Portanto, n í o há leitura sem uma reescritura, lem a constituição de uma nova forma, de um novo estilo. Entre a leitura que Nictzsche faz de Schopenhaucr e a que ele fax de seus "próprio»" escritos posteriormente, nío há diferença de estatuto: relendo seus "texto*", ele os rceacreve, reavalia-os» desloca seu sentido, rcorienla-os. reorganiza-o*, de outro modo: cultiva-os. e fé-los chegar à altura onde ele chegou. Esta reapropnaçâo de seus escritos, pela sua cultura. Lhe permite entlo vê-lo» blograflcamcnte como degraus que levavam a ele mesmo, como a expressão daquilo que ele chama cir Para J Gtntalogia, de um único terrenos um fcata Sol10. Assim, todo leitor t t i o filho quanto pai da " o b r a " : com a condição de " m a t a r " aquele que. pela atribuição de seu nome. se fax ar pelo único pai. com a condjçAo de

quedciapareçaaktóiadeumpal. senhor do sentido» autor da obra; que se apague a idfria de uma cultura na qual o pai se impOc como modelo c impõe suas avaliações como norma absoluta. A concçio nietzschiana da cultura t dirigida contra todos os pais: já era contra oi paii que haviam condenado Sócrates que Platio defendia uma educação estatal, t contra cies que Níctzsche quer fazer prevalecer uma cultura flloafrfica. libertadora: na cidade moderna, os pais. aliados do Estado e da burguesia mercantil, constituem a principal força de resistência a ser combatida. E entretanto, í inicialmente um pai que Nictzschc procura cm Schopenhaucr. um pai que lhe possa servir de modelo. Por Isso, nlo é por acaso que è a w>í do filósofo, voz benevolente, que começa por seduzi-lo: "Schopenhaucr fala a si mesmo, ou se se quiser supor uni ouvinte. cnuV>, que se pense numfllboinstruído por teu pai Trata se de uma maneira de te oprimir com probidade, firmeza c bondade, pari um ouvinte que ouve com amor (...) (...) O homem vivo cujo testamento grandioso eu deveria ler, e que prometia escolher para seus heTÒmot apenai aqurlo

* Cf. Pr* a G****Jí*M * Uoftt II. 12. ,1

O 05 cONLtiloa WC^LTlrtWNASEX7l>eOILWEAl. 1 quisessem ou pudessem ser mais do que seus leitores, ou K U I ruim*pupilo*'*". A sorte de Nietzschc é ter sido frustrado em seu doe;o procurando uma presença viva, afetuosa* ele n l o encontra; l i o descobre Schopenhauer. em pessoa, mas o \t Naquilo que de decfar&*, Nwttschc apresenta e n t l o o mesmo julgamento de condenação da escritura de toda a tradiçio roctafl* o escrito t um substituto imperfeito da presença v]va: "(.•.) CM* compreendera minha felicidade e minha lurprtu quando descobri Trirmmàaarri pressenti que havia encon rrado nele o sdscatlor * filosofo que há tanto tempo procura* va. Sem duvida era apenas um livro, e bao um grande defeito, Et forcei-me taafo mau para procurar o que se escondia tob «•e livro, e para me representar o boown vivo" 11 . "Cotunelcro um filósofo tanto n u » quanto poeta dar um exemplo (* ..)• Mas o exemplo deve ser dado pela vida e náo apenas pelos Urro*, como ctuuuuam oa filosofai %i efo*, pela expressão do rosto, atitude, vestuário, aboienuçáo, u n i u , ma» do que por aquilo que se dw ou te escreve"**. Mas naquilo que / t u . NicUschc mostra que. se o encontro com Schopenhauer pôde ser decisivo e übêrador. foi precisamente porque meduulo pek) livro' porque a escritura j i c icmprc ô r f l . porque? n l o tem apoio patcrnal, ela e força c txiftncia de cultura: n l o há cultura que náo seja de uma caentura e se a " n a t u r e z a " deve ser cultivada, c que ela também ft, não uma presença cheia de sentido, mas escritura. A cultura transforma a natureza num texto, e u dá um estilo à escritura*

• frrvrr Ctmnér*9ç4fi

t « M M B : -. ai MS *«t * cerne emafe pe«í* èé»^—tnnnmiiipîir) wmmfm cm CMK4. c«u eoaauoora cr«tao ai •maa<«< oceert K> pmtctfQ e »tM Vitn • nalMirai

lAJLAH KOfMAN Oi escritos ulieriores de Nkuscbc declar arâo que o verdadeiro mestre è aquele que te recusa a ter discípulos, que o verdadeira pai invoca ele mesmo o parríddio 1 ' Mas as Consi* deroçõts Extemporâneas, naquilo que dizem, permanecem ainda sob o signo da "juventude": o signo da probidade. £ ela que de inicio o atrai cm Scbopenhaucr, Mas a probidade fà t cultivada. Já aaunaa a probidade filosófica. Como et* preciso ar pela moral para superar a moral, era precúo que Nietzichc fosse Schopenhauer até o fim, para lornar-*c Nictoche. Lendo por nossa vez as Extemporâneas1*, armados desta arte d a inlerpretaçlo de que fala o prefácio de Pont a Gtneo* topo, armados de um terceiro ouvido agudo o bastante para escutai a novidade de um pensamento que ainda se diz na linguagem da t r a d k l o . devemos "cultivar" estes escritos, reescrevêMos. deslocá-los para outro Jogo. para um outro texto. Esta nova concepção da leitura como cultura permite estabelecer uma relação original entre os diferentes escritos de um " m e s m o " " a u t o r " . Obras de "juventude", obra de "maturidade": metáforas que remetem á de uma árvore que dá necessariamente seus frutos, desenvolvimento de um germe originário. Metáfora hegeibana. retomada por Niei/schc» mas reavaliada, deslocada parodicamcnte por ele: "Nao irmoi nenhum direito de estar» oode quer que Mja, tio todo*- ato podemo* nem eirai isolados, nem uoiadot eneon trar* verdade M o cewárkK com a nmma necessidade com que uma árvore dà tee* frutw, tiocem cm aò* 00*10» peru** mentoi. nossos valores, oossos tini e oâos t quandos e se* — aparentado* e refendo* todos eles entre *i e tetlemunha* de uma única vontade, de uma úmea saúde» de um Gnicoteneno, de um único * o T ' \ O que prova que as idcUs de Nletuche nio nasceram por acaso* mai que saíram de uma fonte comum? Ê que "elas it firmaram cada vez mais entre si» ate) se fundirem e se entre* laçarem"1* t que elas falaram uma linguagem cada vei m***

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clara: elas constituem i (rama de uai texto de grande estilo. A neccisídade do desenvolvimento implica uma lei do desenvolvimrnto, mis esta sò te constrói a partir de uma leilura rc tioipectiva, biográfica: 1

* Stnhuma natitrrza dá ra/m SC O homem Ainda evolui tio forte e parece saltai de uma cçouçio I opotiçlo contrária. obscrvando-K com maior precisão, por outro lado se descobrirá as engrenagem onde a aovt construção se desenvolve a partir da antiga. Esta c a tarefa do biógrafo; ele um Que pensa-' a vida segundo O pn&ripto de que nenhuma natureza dá laKoft1 • «

AHirn, nas obras de "juventude", tudo já está presente, mas nada está presente ainda: nlo slo elas que determinam ai obras ultcriorcs, sio estas que fazem com que as primeiras cheguem ate elas mesmas, por uma cultura que só elas tornam possível* Assim, a "natureza" teta a cultura jl í tudo e ao momo tempo todavia nlo è nada. indiferença e indiferente. O estatuto de nossa leitura dos textos nietnchianos t também o de uma cultura: num certo senudo esta leitura nio traz nada de novo: ela repete o texto uetzKtuano; entretanto, o conhecimento dos escritos u li er torci permite introduzir distanciamentos, jogar com o texto, introduzir nele o jogo: ele auUv riza uma dupla leitura de um mesmo texto. Uma primeira leitura, tniciramente metafísica, i possível: convocando cada um para a tarefa de "chegar a simesmo", enquanto exemplar úmeo. insubstituível, original, Nktzschc parece situar-K DO mesmo terreno de toda uma tra* diçlo de filósofos c de moralistas. O tom c o mesmo de Sí> crates ou de Pascal: ele convida os homens a se lembrarem de si mesmos, a encontrar sua verdadeira natureza, recoberta por uma cultura artificial. Em / V a a G€rmto$iG*t ele repete o mesmo apelo: nunca nos procuramos verdadeiramente, permanecemos estranhos a DóS mesmos, verdadeiros animaii de rebanho. Mas aqui a paródia do moralista pelo imoralina * facilmente reconhecível cm Sctopenheucr educador, nada permite de inicio distinguir Nicusche de qualquer outro mo*

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ralisia: i exigência de cultura í colocada cm ooroe do vaJof da probidade; i preguiça é invocada para explicar a renúncia do homem a si mesmo em proveito do conformismo. Em última análise, e paia acabai com o caiáter de*ol*dor e absurdo da exitttncia,fara ganhar a eternidade» que cada um, porque t> um ser único que n i o voltará jamais, deve assumir a respotv tabilidadc de ser ele mesmo: "Todo homem sabe muito bem que e*ti no mundo somente uma vw, como um caso uiuco. c que Jamais o acaso, por ma» caprichoso que seja» reunirá uma segunda v« uma tio M » ahaúivcrtidadr IV.LI:IL -lu? ta num loáo u l como ele è"". Nietzsche parece situar*sc aqui no extremo oposto da hipótese do eterno retorno e nada afastado do ide*l ascético. Sua concepção da "verdadeira cultura"» inscreve-se. ela também, em toda uma tradição metafísica. Sua tarefa, a principio parece ser negativa: bastaria libertar o homem da falsa cultura, libertá-lo das convenções, da opin.áo públka. da cultura comum aplicada do exterior, para que o gtnlo natural de cada um pudesse manifestar-se". A natureza e a cultura oporsc-iam pois radicalmente, assim como seriam antitèlicas duas formas de cultura, uma "falsa" cultura, artificial» uma "verdadeira" cultura, verdadeira porque sJiflptt* retorno i natu* reza. porque natural» ingtnua, honesta* Esta oposição 6 marcada no texto através de metáfora» náo menos tradicionais: o homem que foge de si mesmo e de seu ftaio í uma eptderme, uma casca sem creme4'; um exierior sem interior, uma forma tem conteúdo, uma superfície sem profundidade, uma apartaria sem realidade; estas opotiçOes constituem sistema entre si e Nietxsche. mais urde, verá nisto o preconceito típico da metafísica*.

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O postulado da cultura artificial é o de umi ruptura do homem em duas parto; ela privilegia ora uma parte, ora outra* Quando chama a atençáo sobre o exterior, f para dtssiroular a pobreza do interior ela esconde, pelo véu, que oâo há nada para esconder. Quando invoca a interioridad*. ê para fazer crer que aquek cuja natureza í muito frágü para te manifestar ao exterior, possui todavia um nco interior, rx» dois casos a cultura exerce a função de um feticbe. A casca tem pois unia lunçlo de engodo e de máscara: serve para d u íimuiar. Por isso Ntctzschc acrescenta a esta primeva meta Tora uma segunda que a desloca ligeiramente: a casca, pck que recobre, t tambttn um v*u, um cortinado, uma vesti menta. A cultura, longe de ser a expressão direta e ingtaua da natureza» t um suplemento que se acrescenta a da, um atrcsV cimo que pretende ser independente; podertamot nos drsfa zer da cultura colocando-a no vestiário, e a natureza permaneceria intacta. A cultura seria excedente. A autonomia da cultura parece manifestar-se em sua pr6pria diversidade; a vestimenta c estranha, misturada, disparatada, c um amálgama incoerente» heterogêneo, ao qual falta unidade. Travestido nesta roupagem, o homem torna-se um objeto de curiosidade, um espetáculo para si mesmo e para os outros: espetáculo barato, espetáculo de feira no qual fai o papel de malabansta e ilusionista: as cores com mil tons de sua vestimenta sflo destinada* a sedurir e a atrair o espectador que julga o " f u n d o " a partir da " f o r m a " ; ele cri entáo que a cultura artificiai lhe oferece verdadeiros valores e se compraz nisto, Narcisismo e conservadonsmo caracterizam a "falsa" cultura. Em outras palavras, ela c "efemiaada"; o ruge, o esmalte, o espelho fazem parle de seus artifícios A toalctc como lnonja substitui a ginástica e o cozinheiro substitui o mtdico. Nfto estamos muito longe de Platáo*1. O excesso de artifkialidade c o sintoma de uma cultura decadente e de urna natureza doente, mas que simula saúde ç alegria por um tur-

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bilhão factício e por um conjunto de adornos desunido» i tornar i vjdi divertida c i tirar o homem de seu tédio. Unu tal cultura, feita de peças e pedaços, c necessariamente cflmera e cinca falta-lhe fé no futuro, cm si mesma, ela está voltada para o ado e a morte Confunde cultura e cultura històrka. cultura c acumulação hctciõcUta de conhecimentos. A unidade desta cultura * negativa: naquilo que recusa, cia constitui um sistema coerente* Além disso, o íilisteu cultivado, porque encontra em todo lugar sua própria marca* da uniformidade desta conclui pela uniformidade da cultura* A unidade c pois ilusória e irrisória. A vestimenta multicor ic desfia • se desfaz; è desprovida de gosto e de estilo, ou melhor, é feita de uma mistura de todos os estilos; agrada a todos os gostos. Se a cultura é "a unidade de ntilo artístico em todas as manifestações vitais de um povo"", a cultura artificial e uma mistura de todos os estilos, de todas as épocas, uma parodia do estilo. Vestido com uma tal roupa, o homem europeu de hoje está realmente bom para ir ao Carnaval ou para ser o polichinclo de Deus, O único domínio no qual A originalidade ainda lhe t posAvd è o da paródia". Uma tal vestimenta, metáfora do artificio c do travestir-sc» t ela mesma um simulacro paròdko da vestimenta: ao invés de exercer lua funçáo nitural de protcçlo. ao invés de aquecer o fantasma tiritante que da cobre, icnt somente para mostrar o homem mais belo e nobre do que í. Graças a ela, um corcunda pode tomar *c por um galã e pawnear se cheio de ira* cio diante de seu espdho*.

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A metifora da cultura como vestimenta oposta a uma roupa fundamental marca a afinidade de Schoptnhouêt educador com a tradição platônica. Sistematiza i t com esta primeira série de opottçôei. nao menos platônica, entre a escravidão e a liberdade: ter vestido por uma cultura convencional t tornar-se o seu escravo, enterrando-se pouco a pouco nu torpor; a "verdadeira" cukura é liberdade e antes de tudo liberação. Nova metáfora: a da planta. A verdadeira cultura extirpa as ervas daninhas que enuavun o pleno desenvolvi* mento da planta humana. Ela nâo acrescenta dons suplementares ao homem a partir do exterior: "Seus educadora nads podem fazer por voe* a nk>icr terem os MUS überUdore* £ t toe o tefrtdo de toda foriruçlo (BtkJuna). Ela nlo empresta membros irtiftciaji. narizes dr cer«, olhoi com óculo»; muito peto contrário, K pudeste no* conceder tan dor*. tU íeru trenat um itmulacro de educaçao"* Entretanto, a tarefa libertadora e apenas o avesso de uma outra maii positiva Por ter viva. a planta sò cresce e te desenvolve te for colocada em condições ótimas de existència. A cultura ffltstaa t uma neblina venenosa para os germes vivazes, um deserto reswcanie: cia abafa a planta com uma educação puramente Itvraca e )ornaÜULca, dando a iluslo de oferecer oi frutos mais maduros e mais bdos de todos os tempos. A verdadeira cultura deve substituir a estufa quente do recinto universitário pelo ar livre t pelo sol: "Saber que te t uma Arvore o fruto que um execuo de sombra sempre impedirá de amadurecer, e ter bem perto de si o raio de sol de que tanto precisaria". Somente o Sol filosófico traz maturidade e

• H i <*•* cocaptou u J M dor * um» o l á * * o i "tiátm Knkrvt *nwuuoorgi icndMnrn*>aB.-*r iom toAu u "O akoUô imomm ata « M U ledo* « ucaf a< r homem moo«r*o> Mo • paflaciaàoi At prOru pomp* m decoro**

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fccundidade tassim o a n o t o da caverna platônica, porque nulo via o sol. estava todo encarquilhado e torto). Com efeito, t apenas excepcionalmente e por acaso que a natureza coloca • planta humana nas ccndiçta mais propicias. A c t f t u n d o e pob ajudar a natureza, tornando-a ao mesmo tempo como modelo: ria deve peneguir o i meamos fim que ela, ma* usar meios mal* eficazes. Deve tomar nas nulos os seus negócios e gerir melhor a sua economia. m

A aaturua gere mal MM negócio», iua» deipecai rueden cm minto uuu receita*. * dctpnto de ioda MIA riqueza ata haiá umdn pot u airuinar rafe wò© mali libea a* •aaanaai como regra: pouca dcapoa em cem vezes tnan lucro"* A finalidade da natureza t sempre a de produzir -oi exemplares m j i * perfeitos, maus raros e mait preciosos". Na eipKte humana o filóiofo, o artista, o tanto Mas falta lhe de tal modo o senso prático, que quase sempre filósofo t artnta vivem tobtarbo* em suas tpocai. ou como viajantes perdidos, como flechas lançadas ao acaso. Sua aparição t tio hmpryviaivel CCHUO a de um coaoetav Somente entre os gregoi o fitosofo parece ligado, como que por " u m * Lei de b r o m * " I uaacmhraçao. M o eln que o novo filósofo, mtdicodaciviu* favçAo. deve tomar c o a » modelo: deve transformar o acaio r m nccciudad*. dando aaacM bções á natureza ixachhrlfrn) A fim de que w a vida nâo se pareça com una acaso absurdo. para alo ser o foguete do tempo, sua marionete, o homem deve ser ele mtsmo o piloto de sua cxisttncia. Deixar a aatu* reza agir seria, de fato. dobrar-se i sua *poca. seria caminhai no mesmo sentido da cultura moderna. E s u . sob pretexto de um "obscuro eaforço" da natureza, a fim de reaazar seus objetivos em qualquer estado de causa» impõe sua concepção da cultura e f a i triunfar os seus interesses. O "ardil da natureza" é o m o m o áe certas potencial, o do Citado, o dos bur-

a a M B l M i ianaai * ao « i c«6m tjciécr 4i

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fiactcs, que abusam da cultura, rtduzcra-na a ícmdfto sub rel="nofollow"> mêndo-t t t e u obiccivot". L « v v a strio i U r t f s da cuhun t pois recusar ser o objeto de um adestramento inconicwnte, recuiar ter transformado, cotn a ajuda de uma disciplina exterior que visa colocar-nos DO mesmo o dos outro*, num animal, nuin animal de rebanno É recusar ser domesti* cado. A "falsa" cultura confunde disciplina externa e intcr* na, formação militar e educa«Ao*V A natureza tem pois necessidade de ter aperfeiçoada pela cultura, sob pena de sô ptoduzir esboços. A "werdadcv r a " cultura * portanto. eU tarobfrm. um suplemento da natureza: nio um acréscimo artificial, uma potínoa autônoma rm apartncia. mas um complemento natural. Aperfeiçoa a natureza, faz dela uma obra d* arte acabada: **(„ > t i * trrusaodeluzecaiof.RHimQ/M>amoroftodv« noturna. * irritação e adorarão da naiurru naquilo QVê fia Iam 4t a»atei aal c de nttmcoraoaot é a raafciatio da aaiu reza guando previa* teu* aottaos cruéis t mujéadotoi t a Ária* para o beta. quando lança um veu lobrc os casos cm iaaala nalurtra te mostri madratt* c manifnta tua intte imntcli-

O caráter materaaJ da cultura vem m-riar o sistema de aposições metafísicas que ate o presente vimos funcionar nas Çomudtrvçôes cxtemporúatai. O teWO citado anteriormente, abem disto, oferece o lugar a partir do qual è compreensível a J I if cm da ruptura entre a natiueza c a cultuta e a origem de todas as ctsdes que da ordena A natureza por u mesma nunca c "uma boa mie"; quase sempre t uma madrasta

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útotnu i«Ém«uaaaiMBpor rapapé

carta** « c 4 o ti Uaoa iHéc**** •

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1ARAH LQrXAfl i n f r i u c impiedosa que dc> c ser transílfurada pela cultura, A natureza 0A0 t «em boa nem má; é indiferença, mistura anárquica e fortuita, aorfncia de sentido e de unidade". A idéia rouiseaultta de uma "boa natureza" (em como orijem o excesso de artificiahdade da euHura c a aparência de auto nomia Que ela apresenta. D o mesmo modo que todos aqueles cuja natureza í deficiente procuram refttpo numa cultura artificial, a» vitimas da " f a l i a " cultura pedem noval**ta mente o retomo à mie natureza Mas esta. separada da cultura» t uma forca de morte, tanto quanto uma cultura que tatévtMc separada da natureza E. de fato„ uma unw a e rne* ma cultura, a cultura artificial, ela que tem interesse em fazer trunfar a idéia de que è a única pottlt ei, que separa a cultura da naiure/a. gerando ao m a m o tempo a idéia de uma cultura todo poderosa t auto-suficiente, e a de uma natureza boa por si mesma. Se uma cultura materna] nio é mais um simulacro da naturera mat tua limitação naquilo que a natureza tem de mi* KTKordioso' , ela também, como a cultura artificial, é d i u r mulaçlo: "Lança um v*u {etnrn Schtetrr) sobre o i caso* em que esta natureza se mostra madrasta" A cultara duplKa entio i natureza, porque i u n i u e porque a recobre com um véu. O que distingue doravante falsa e verdadeira cultura se tanto uma quanto outra escondem, dissimulam a natureza? A diuim uiaçio é o "próprio" da arte, entendido seja como artificio, lisonja, connlu» colagem, fessacem. ornamento exterior, simulacro de arte. e arte do simulacro, seja como embelezamento c estiliiaçlo. Neste sentido, nio pode haver probidade sem dissimulação, nio pede haver filósofo que n i o se>a a o mesmo tempo artista. Mostrar o homem cm sua nudez só * possível com a condiçJo de revelar sua beleza. M i s esta. sem estar recoberta pelo feio, nio aparece. Enquanto o artista, potência de mentira e de itusio, esu-

OXft "ft*<^ ITW Qf OATU1A HA* (XTTlá*Q^<«A3 *a excluído di cidade platônica, (ornasse para Nsetache c caso exemplar da lealdade, da probidade c da autenticidade Auün. Nkusche apaja a opouçAo «nlre o verdadeiro e o rabo. a probidade e a dmim-ulaçlo, o teórico e o priMo: "Someate ca artstat odeiam otc deiletudo l«arr-«*r. de mwciru fingidas t opiniOm pctticu* c rebelam o ttfrfdo. a ml — Í » de lodoi c a afirmação de que iodo hc*rcm 4 ura miU^retaKo;outam irwt/ar*mo% o homem taJ como th c, ànico em cada um de teus movimento» muiculares. omn unia. çue o > — t beto e digao de ter coouderado, rt^Drotameate era conicqdtncti de tua antOdade, aovo e raacrr fltfrttl. vomo toem m obrai da natur**a. c dt modo tiavta O fHòtofo-amua, que deve julgar «obre o valor da eu* t riwia. *ô pode we jtuto em reLaçAo a ela com a condição ót mentir: de dutimular ai feiurat de tua época recobnndo-aj com uma camada de pintura, de aumentai inversamente o valor de tal ou tal detalhe" Deve considerar a vida como um quadro, cm icu conjunto, ictn deserte nai corei particularei nem na mattria com a qual o quadro é pintado. Por c*U razlo opõe-te ao homem de estnoa. homem a&tiartlttico poi excelência, perdido no% detalhei, not ficov, 'honesto'* poi incapacidade de duumular e de dar icntiio e bekia i cxl* itocsa* A verdadeira cultura * pots iniartvci de uma ane de embelezamento: * ciãluaçAo artística. Artístico alo quaüficj a beleza do eitilo no temido '•formar' do ícrrr.o Um estilo t

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artístico quando sua unidade não * a de uma toma nem a de relaçtks lógicas, mas a de Justa proporção no interior do desenvolvimento, uma multiplicidade natural* Somente o domínio doi diferentes inmntos de tal modo que ncníium deles possa querer seu desenvolvimento ao infinito cm detrimento dos outros t toma powívcl. Cada um dos instintos Jeve ser submetido a um querer único: "O problema da «viliiaçto raramente tol bem apreendido Ela nao tem como objetivo assegurar • ma>or felicidade possível a um povo, nem o livre desenvolvimento dr todos ca seut doos, mas uma justa proporçlo no interior deste desenvolva mento. Teca como finalidade a produção de grandes obras, Em todos os instintos gregos, descobre-te uma unidade que os dítcipllna: n6* a denomlnamc* c/usvw helentco. Cada um de seus Instintos tende a exiuir sozinho até o infinito* A csviliiac|o de um povo se manifesta na unidade disciplinada dos instinto* deste povo» À filosofia domina o instinto de conhecimento, a arte domina o instinto reator de formas, a o txtase. o Afapê domina o Kros, etc/*"* A unidade artística do estilo c a unidade do vivente sAo uma coisa sò: um belo estilo, te)a ao nível de uma obra da natureza ou artística, ao nlvcl de um indivíduo ou de uma naçlo, <• sempre um estilo v/vo. Dar um estilo, é hierarqmzar ama pluralidade, acabar com a anarquia natural que. ae não fottc Imediatamente disciplinada, seria o mesmo que a morte. A noçlo de "estilo", introduzida por Nietische em sua definição de cultura, vem apagar o sistema das oposiçQes facticlas constituído pela cultura artificial: uma unidade I ò pode ser viva se nlo se dividir entre um dentro e um fora* uma forma e um conteúdo, se a fissura entre o dentro e o fora desaparecer sob os golpes do martelo da necessidade. As opo* liçOa. que pareciam operar no texto. só eram repetidas por Nieusche para serem melhor canceladas. Sâo sintomáticas de uma (poça doente, da morbidez da cultura* Nietxsche nlo uibstitui o ideal de uma cultura puramente formal pelo culto do conteúdo» Privilegiar a forma como o francís, ou o con* teúdo. come o alemão. dà no mesmo* Num caso. dedica»** •

41

A fitonf* *é époc* trét«*

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(} (U -U^ltnuV'Dfc^L1l*A>AàLXlLMWaÀ.NlAà uma retórica superficial carente do natural. No outro, a crença no natural, na inferioridade, o descrédito na forma 1A0 apenas o avesso do conformismo. Querer somente um« vida intenor c correr o risco de ver o conteúdo, i&visivd de fora, votatizar-te. O interior da alma do filisteu nlo tecn nada de natural: ek c feito da ingestão de elementos estranhos e contraditórios, tua economia c desordenada c "O homem moderno carreai coaitgo a massa eaorme e tmV l « u das ped/as para construir o saber, borborifot 64 pedras que murmuram traindo o estranho contraste entre seti ser Intimo ao qual ato corresponde nada do exterior. e seu BH menor ao qual nfto corresponde nada do mienor. coctrad> çao que oi penos aniijo» nSo conheceram. O saber aceno eu iMiti. sem fome* contra a vontade momo. cema de agir como um fator de trautormaçlo cxtcnoe. de formação, e permanece escondido neste mundo interior caótico Pte te ratão que se poasiu o conteúdo mas que se e carente de forma» e cata è uma contradição inteiramente insólita aos aérea vivos, Se nossa cultura moderna c carente de vida, e qoe cia alo te concebe sem csu contradição, ou seja. que da aio é ucaa *tr
rréiw* calSTaupa •msyamaaa >- o doilfii SBbvluu »* ettcrwt di quãi «uri* nd«« mw çmt* aatn«u ó€ nimot ci âofcÉaws^ m

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SAJtAH fcOf M A S

nJo substitui o conteúdo, o aúdco, pcU forma, entendida como epiderme. Ek propõe ama nova concepção da forau como estrutura, G**taltu*g. minulávtt ao * 'estilo' *'Eaa qualquer lufar onde r«Ai a T o r a ' , quer na sociedade. quer na cosmnaçao. aa rtprtuâo farina ou wm reíaccXt intcraaoonaus* entende-se por itto. malgrado nós mesme*. um verw atradavH, o coeroáno daquilo que do* acr « M forma, estrutura (Cotafruns) que cifruzx una verdade irttarr< «ai aada cm comum com o 'acradávcT ou'ImajartÉiaf f*a nau* de uma awcmtdadt e ato de uma anote art**

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Desfazer-tc da cultura amfKiai ato t pois tirar uma rou p*aon iuperficiaJ c fazer aparecer assim uma substância fun damentai E substituir urna cultura bárbara desprovida dt evtilo. mistura de todo* oa estSot, por uma cultura de pande ratilo na qual om instintos deitam de estar em f u m » um core oa outros, pois sio disciplinados pela unidade de um mesmo q u e m ; c substituir uma vestimenta de convenção por un*a roupa sob medida, á medida dos instintos. K idésa da cultura "como unidade de estilo artístico em todas as manifcstaçcKt vitais de um povo" apaga a oposKâo tradicional entre natureza € cultura, entendida como a oposição entre a nudez e a teme. Permanece somente a difereoça emrc dois tipoa de vaalamenta, um que embeleza, outro que enfeu; um que ousa *< confessar como estiUzaçto da natureza, outro que dissimuia que i apenas iravcslimcnio e máscara, um adaptado a cada natureza em sua originalidade; outro, roupa de coafccçAd. .dtniica para todos. Os testo* ulteriora de Nietzsche com» auam a opor às vestes humanas a nudez de Dkoruvo, este DciU que náo conhece o pudor porque c forte, nobre e belo. Mai i nudez e a mesma coesa que uma veste de ferocidade, que u*n primeiro texto tecido pelos instintos. Ela sô pode ser bela porque a multiplicidade antrc|uica dos instintos já está sempre disciplinada. Dioniso t inseparável de Apoio". Se Nietzsche denomina a natureza um uxto originário*

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para contrapô-la ài Interpretações segundas, falaciotas c *agas. è que cia * . posto que viva, bierirqairada. cultivada., estilizada. A estituaçâo. pela subaüssio. a um instinto doeni* ftante. t constitutiva do t a t o da natureza. Texto. icodoH trama, oodc todos oi fios se juntam Dum feixe rigoroso t ordenado. A mais preciosa virtude da verdadeira cultura deve tet uma virtude adstringente, pela qual ela possa Ligar numa tra n a sólida os diferentes fio* esparsos. Por uso ela precisa dc urna serie de anti-Akaandres "dotados da mau poderou energia, pari rrligar os ftot mais afastados e impedir que a ira roa sc)a levada pelo vento1***. Assim foi Wagner, aium deve ler todo artista: c a p u de animar grandes conjuntos. Ernbclcratf analurcia, torná-la m a . catili/á-Li t a l i a tarefa da cukuri materna). Cobrir comum v * u t violentar.colocandoemrck v o o * traços principais e diuirnulaftdo ot oviroi. Ê "ideaü iar"anaturera, aperfeiçoando*!: tto t vef utitta* O rmb« k/ancnio ê tubmittáo de uma diversidade natural i unu dura iòpcã, á grande lógica: a lógica de um gosto dominante. S4o há estilo icm i organuacáo dc um plano dc conjunto fedia peto pròprto estilo, tem uma ki que conurange a uma tubrmttlo cotidiana O aspecto livre e natural do estüo c co»quista sobre o Imisstr ftlrr O imperativo motai da natureza, iir se à mais U r d e * , c obedecer durante muito tempo i unu regra única. Recusar a lei. querer i liberdade tem ar peta joerçlo, ter o gouo do &rt*iráno. do selvagem, do fantástico, t mostrar uma alma serva e doentia, anárquica. rrmárquKa> Tal c o gosto o u a austncu dc gosto da alma moderna, que mais do que qualquer outra tena necessidade de ser embdo tada por unu educação que constranja.

• • A dcftaiçae do moderno me parece afisto*Og>aWÊBÊÊ0ÊÊ àc ri A rajJo d l educação eugina que. 10b uma fema coerçao. um destes sucemas dc uuuaio fosse peto mraoi paralisado para permitir a um outro manifestar ma forca, tomar-se vigoroso, tornar-te otenrc Hoje cm dia tò poderia* DOS tornar possrvd o iaduiduo ciricuítcreve»do-o: possivei.

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SAFAHLOtMAS quer diaer. ifitciro, O contrário acontece: a pretensão á índe> petidènoa, ao desenvolvimento livre, t o iatsser-tílltr aparece rom mais calor, precisamente naqueks para os quaii nenhuma rédea seria bastante J f w g ( b t o é verdade em política, isto t vrMade na arte. M u h i o é- um embolo de dev a d e r i a " * .

HA decadência cm toda parte onde houver mistura disparatada, riqueza desordenada, nfto dominada. incocríncia, caos labirimico c emaranhado; posto pelo ínfimo, pelo imenso, pejo desmedido, pelo detalhe; gosto histórico. Estilo bárbaro, moderno, europeu por etcctfncia, alemão". Em toda parte onde reina um gosto único, fotio pela perfeição, pela medida, reina o gosto nobre qu*j * também o melhor. Estamos entio diante de um estilo artístico, vivo*. Romano. No domínio literário, seus modelos tio$alustioe Horácio. Manifestase ai uma energia capaz de irradiar para todos os lados e de propagar a vida: "Este mosaico de palavras, no qual cada palavra, peto seu timbre, seu lugar na frase, ptla idéia que espume, fax Irradiai sua forca á direita. 4 esquerda e sobre o conjunto, csle miniaso At soma e no numero dot slnau c cate màiimo que se atinge assim na energia doa tinait, tudo isto e romano, a. se aa quiser acreditar em mim, nobre por mHênciÊ*mt

* Gemo Mjfrv Cf n m V m ^ | * m ^ i ( I 9 0 : "D*i *»nls> • wx c&ratfl - »*w anc cc4hta5c*4t«J t ràji 1 u atarcUa tjurk q«r tmpu cooi o oUhv a qa* tm njiwr/i *m d* friíO t forle t tflKrr ilio n*m pUno u i i m o •!* Qut tudo apa rata coeno arte a r i d o < o QI* ha d* fraco também nwihu o* oaaoa ( .) ara a (Otrflo di um mnmo toito eut donu**ti t forma** n u pajagai f paaaaaas coma, QÜi ajsj ajasa fotae fcaii o» ma%. uaoona saaaa* do a>r ae pemw— « K t t ) t M BOalo!" CT Lambem imm\ 29» u O emo Wagmr, *arj aaM aV í*** a mot I K 344. «rnuam Cem* Ejttmporénm, 2: SraroJ*. 4, Tare****, 4. i . Fmtao é anaaiJnaao o decadcnir. povqoe atuura coa/uwaicTi* toda* ai forma* át aatao. ,J

SffMwfo CaaaMÉaaBgafiajajMgaaajaaj4.

** 0l aaaja>jaab dor atota ia^crnanaas. a dacartlaria iiuráru cancutua-M pr -- f a » ii* •; i* • vida a*ornaocmfci no coejumo A paU»-* ionm m wPr raaa c sa&a para fora da fme. a frtH aanaa terreno e obacurace o saauSo oi pagiaa a paa«*a aanhart**a*a* d* >r»;V> r txuScr|ri< J ^* >vii -f^j da n a axaorca obras, o ratto poo^r de *idi Ea ioda paru. pa/aaaai, radica. :orpof, o* m ».f*i* a caos: um e oouç iftka*0o m*M aot oíhot. aa tnodiaa ca

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Horário, anteado de Nicuschc. Se i diversidade metzsctuaru de estilos** imita o estilo decadente» cada aforismo e uma fibra animada por um querer úaico, nlo è um fragmento atômico, i enerpa. intensidade, densidade: " O aforismo, a sentença, onde fui o primeiro a me tornai mestre entre » alemães, sAo formas da eternidade; meu orgulho è o dt dizer cm dez frases o que qualquer outro diz num volume* o gue um outro nlo consegue dizer num volume1'. Mas o modelo seguido para falar do estilo nlo c somente o da literatura, A metáfora arquitetura! impõe-se porque o estilo confere duração, porque* graças a ele, o tecido resiste. A arquitetura, mais do que qualquer outra pane, manifesta a necessidade da submissão a um ptano único. Ela mostra DO exterior a potência ou a impotência da arquitetura interna da alma do construtor: " A arquitetura ê uma espécie de rioqttència do poder pelas formas"". M o t qualquer morada que pode abrigar qualquer alma: **£ a r.ós que a pedra e a planta devem traduzir para que possamos ear em nóã mttmos quando formos a estas galrnai e jardins"» O estilo literário sô se compreende « referido á arquitetura. O livro t uma casa. Os mesmos critérios ifto utilizado* para julgar o estilo de um e de outro. Niet/schc se pergunta w D. Strauss t capai* enquanto escritor* de construir sua casa, le ck conhece verdadeiramente a arquitetura do livro: construiu o prcdio segundo um plano de conjunto e em boas proporções ou fez um livro em peças c pedaços?*. A arquitetura serve igualmente de metáfora para a muüca. Uma música de grande estilo constitui um edifício ao qual tudo está ordenado e dominado: "Tudo se compõe em dele. penetra nele. e quanto mais vasto e pesado for o

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edifício, mais firme se estende a arcada de seu pensamento dominador e ordenado!"". Todavia, a arquitetura nlo c a metáfora própria do estilo. Neste caso nao poderia haver metáfora privilegiada. Cada um dentre cias remete a uma outra, de modo cumular. Assim, a música c por sua vez uma metáfora da arquitetura. Uni edifício ejiá ordenado se as massas que o constituem forem submetidas aritmossimples O arquiteto dne possuir o Knto do ritmo para fazer surgir a harmonia a partir do conflito*. A mouca t uma (orça necessária para te sair da barbárie e dar movimento a forma ao sistema cultural* Mas ela nlo pode exercer este papel se aspira reencontrar a ginástica e a dança** Mas a escultura serve por sua vez de metáfora, porque nâo há unidade de estilo sem domínio de fragmentos esparsos, sem a organização de uma mattria anáíquka O martelo do escultor afirma a necessidade de ser duro de submeter a natureza á disciplina e ao adestramento* Afirma o carátrr plástico da natureza, a possibilidade que tem a cultura de transformar a sua economia para chegar á tonuruçáo de um tipo superior: *'Os homem com o* qual» vivemos assemelham-se a um canteiro oode Jazem esparso» os mais preciosos fragmentos de estátua e onde tudo nos grita: "Venham, ajudem nos. corapietcm-ncu. aproximem o que combina. de*c)imo* dolorosa* mente encontrar notta unidade***1* Wagner, músico, arquiteto, ator. dançarino, k lambtm escultor: em sua máo a hhtória i uma argila diitil, plástica e dócil; transforma o acontecimento isolado num valer de lipo*\ Paru a Gentalogia do Moral retoma esta metófora para declarar a própria organização da cultura, a imposição do Fstado por senhores vindos do exterior a uma populaçlo nômade, inorgânica, vivendo no estado animal» sem medida e sem lei. Sob o* golpes do martelo do artista de olhar de • /Jrm. 5 * CwpiBorf* doa êéok*

O QS -CONCEITOS'DECtn.TVUHMÍ3nnáKljlNCAS bronze, por mais inconsciente que seja esie artista, a populaCio è amoldadi, modelada do exterior, marcada. I m i prochgioia quantidade de instinto* que se descarregavam *** entfo sem coerçâo. teve de se dobrar, de se interiorizar. Esta tirania de artista modela, à sua rcvelii. o homem da má consciência. O senhor sente-se Justificado em sua obra assim como a mie em seu filho: para ele conta apenas Impor a sua marca, dar vida organizando, esculpindo formas0. Assim, a cultura, unidade de estilo artístico, te refere metaforicamente a todas as artes: " O artista realmente livre nâo se pode impedir de traduzir seu pensamento na fingua de iodas as artes ao mesmo tempo*1." Nenhuma arte isolada pode servir por si mesma para exprimir esta força de um querer capaz de unificar, de hierarquizar. de formai. Esta energia artística, dionisíaca e apolinca, * a mesma coisa que Nsetzsche mais tarde chamar* wnmdt de potência, com uma metáfora ainda humana, demasiado humana". Somente esta hipótese permite uma leitura ccneaJòfjca dos dois tipos de cultura disEinjuiJos desde as Consèdrrvcôrs Extemporânea*. Somente ela autonia apagar inteiramente a oposição entre a natureza e i cultura, entre a forma e o conteúdo. A cultura nlo pode mais ser considerada corno um suplemento eiterno, uma dis nptina social que seria como uma força independente da natureza: o poder social ainda t um poder da natureza, ou antes, daquilo que Nictzsche chama vida A força do social e a de uma potência agressiva e afirmativa. A vida c poder de organização, de coerçao. de dominaçlo. poder urinsco e seletivo. Mio existe portanto nenhuma hrferoteneidade entre corpo biológico e corpo social Estar vivo t estabelecer em si o reino de uma aristocracia sadia, de uma oligarquia que domina a anarquia inicial. Para se afirmar, toda força, qualquer que cia seja. deve restringir a possibilidade de ações de*outras forças, deve sujeita-las. impor-lhes a sua norma: "Viver c tatnaatmenit apropriação, violação, dominação to Que * ttuaagciro ? roait fraco, opressão, dureza, impo*»-

**»* III, "O* *clfc» r *>*> tatuaT*. 21 Ct. / M mmét dam r «ar. 22

II»

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çio di pròprit formm, incorporação, e ptio • elementar do* casos, exploração*" Entre corpo individual e corpo tocai sô existe um* diferença quantitativa nas relnçôes dê forças. Se pou. contra a cultura artificial de sua época. Niet/sche convoca a voltar à natureza, ele nao exorta a um retorno io ado, nem A procura, cm u ov fora de si, de uma ruiu reza essencial e acabada. Convida para uma marcha era direção ao longínquo, cm direção a "natureza tublime. hvrct e mesmo lernvel. que brinca* que tem o direito de brincar vom as grandes tarefai"*\ Voltar á natureza e indiferentemente entregar-se è cultura corno jogo de orguuraçSo nova ou deixar a natureza agir na medida em que alo é um bmer-atltf mas uma força de cocrçio e de superação. Se. nas Comam* çõei Exttmporânet*. a hipótese da vontade de potência ainda nlo é colocada, a r.oçXo de cstüo permite todavia operar iodo um jofo de deslocamentos. Já t possível afirmar que oi dois tensos natureza e cultura devem ser lidos rasurados S6 ha natureza ou só ht cultura, ou antes, dou tipos de natureza e de cultura: uma cultura artificial, expressão indireta e velada de uma natureza deficiente, incapaz de se organizar por si mesma e que precisa de estimulantes exteriores; uma cultura natural, ingênua, exprimindo diretamente a natureza, mas cuja ingenuidade e «mplicidade sAo o resultado de uma conquista, de uma cstüizaçâo, de uma arte da dissimulação. Desde entio, por mais que a casca tente esconder a temente, a pde revela tanto quanto esconde. Se a roupagem è multicolonda, c que o núcJeo também o c+ O estilo carnavalesco da cultura remete á contradição fisiológica da alma moderna: "Nós todos, tem saber, icm querer, pouaünos no corpo, valores, palavras, fórmulas, morais de ceigeni opostas, tomos. fiuologi cimente falando, falsos, cbooi de contradições'19. O termo multicolohr que qualificava e desqualificava a

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roupagem, e aplicado, no mamo texto, à s^buincia funda* M # , M u o rojlücolonr da Alma nfto te r o t í a cm nenhuma OUtfS parte MtlAO M CuItuTt "QuCTCfD *CT *1 alma alcmà' bem à mostra, d t a n « a a ofcada «o I O U O alemão, na arte alemã, nos costumei a k m l e s ^ A natureza proba, umplcs. i c n dci*io* de Scbopcnhauer Ifc-ae ao natural de ieu estilo. Toda a cultura fala da natureza, tudo instrui o homem sobre tk tmmo "O menor olhar lançado sobre svai roupaa. seus movei», sua orna. o nenor pa*ao nas rum de sua* a d a f e , tua* turt« á§ fakriai de arte aa moda No comercio ioci4*tl dezena toraar-tt acate da ongM d» mas manam t movimentos; em nonos euabetesmaniot artísticos, aa aksna proporcionada pila concerto, peio teatro, peta* — • devana toratr-tt émm da mistura grotesca e fupcrpoucfc de iodo* o* estilos Aqueles que querem esconder seus p*s numa roupagem l i o traídos por da* 3 . Aaaua. de nada adiaau e nAo e preciso tirar o viu da cultura para encontrar a natureza. Atrás de

Lima dobra do >eu, encontráramos outra, um outro esconde* njo. atrts de uma caverna, uma outra ca>crna, uma galeria, um corredor. Querer descer ao "fundo" de n é uma tentativa tnútil e perigou* Aquilo que mau roela o nosso intimo t o conjunto dos objetos que nos preenchera r nos dominam: comparando-oa entre si, t p o n t a l enabekcer a lei fundamental de nosso ser. O 'cuhP e p o j muito mau definido como uma aspiração e uma superação do que como substância 0 " e u " t sempre JX :dral do ej Co:r. aso. to ^ poJe chegar a si mesmo, culQvar-se indcfinidamectc E precô acrescentar A metáfora da

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planta as metáforas da escala C da viajem: as diferentes aspirações, os diferentes gostos slc como etapas de uma viagem para os ápices. Mas estes estão infinitamente afastados: í alto disso um emprecnoiincnio penoso, perigoso vasculha: assim cm si mesmo e descer violentamente pcio caminho cnaî curto ao f u*do de íru ter Como e ar ruçado ferir ic com isso de modo que nenhum med»co possa curai E. ainda mais: paia que sena necessário se todo t testemunha de nosso ser, nossas amizades e munuades. nosso olbar e a pressão de nona mio. nossa memória e o que esquecemos, nossos Livros e os traços de nossa pena?*"*. "Compara estes objeto*. vi como se completam, se ampliam. >c enriquecem, se iluminam mutuamente, como formam uma tscala graduada com que devaste a ti mesmo; pob teu verdadeiro ser nSo esta escondido no fundo de b. mas ao contrario infinitamente aoma de ü ou pdo menos daquilo que considerai habitualmente como teu * Lembrar-se de si e pois, ao mesmo tempo, esquecer-se, Toda verdadeira cultura c filha do descontentamento de si: è preciso amar a si mesmo o bastante para desprezar o eu atual em proveito de um eu longínquo. A falsa cultura, narcisica, c ódio de si: da inclina o homem para o seu eu atual. O culto do eu ê aqui um engodo: t e c o culto do indivíduo burgueH, igual a qualquer outro, culto do animal de rebanho feito para se arrastar mais do que para voar. Ele revela uma falta de confiança em si. corolário da contradição fisiológica. A lei fundamental do ser njo pode pott ser construída a nio ser a posienon. A propósito de Wagner, Nletxsche escreve que toda a sua vida é dominada por uma lei interna única, uma vontade, e, todavia, na in flncia ek c apenas uma mistura de qualidades próprias a inspirar mais inquietude do que esperança. Esta mistura de qualidades que teria podido fazer dek um diletante, pôde ser submetida a uma x única".

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O W Û*LUT»'MCVtT\.aAaA3UTlMrQftA*lAa A Ia de que se trata è uma lei de gravitarão: cada iduo f como um tlHftna njinrrtnn Lm tal sistema possui 10 mesmo tempo um centro c uma peníena c os dou lio indispensáveis. Esta nova metáfora apaga a oposição entre uma cultura espeaalirada e u a i evitara geral. A primeira postula que o "pèn-oh+ se caracteriza poc ura conjunto de dome que è preaso centralizar toda a ma energia DO dom dominante: o centro recalca a periferia. Educação despòõca culo produto t uma planta distorcida ponjac expotu cedo demais e num único ponto ao Sol: vc>a o ü b m c «na corcova. A segunda coloca todo* oi "dom" no mesmo plano: igualdade para todos. Elimina o centro cm proveito da periferia. Educação democrática, comum. Seu produto, o indivíduo burguês, o animal de rebanho. A verdadeira educação i aristocrática. E k mostra que a opouçio entre o centro e a periferia c factJcia* O "dom**, o centro, nio preeusie à cultura; sem ela está condenado à eaderoie: nlo t nada mais do que uni instinto que se tomou mais forte do que os outros poc ler obedecido durante muito tempo a unia mesma regra. Mas ló pode ser dominante tom a coodàçio de Qac os outros instintos nio sejam ehmiaados, mas continuem a trabalhar a seu serviço: " Ser dotado oo "^T«"do çiprctaOts 4evpredvc& com que para aquele le quer fartar-se a o s apelo mau o grande h cmoM\ ove escutou este apelo, portaaaa A educação deve desenvolver ustema riarmociso e vi\o nlo sacrificando i*ei±u=ia ia* - : • : í ^ romanas: "Mas onde rMoatraremos a lotaMadr harmoniosa c a consonância potaforaca naaa mesma aarvexa, oode nos rKantaremot com a harmonia maõ do qac cm bomeas como Cclbai, nos quais tudo. coabecer. desejar, amar. odor. tende para um centro, para uma raâ c oade através da preponderância coercitiva e oomaadcra deste centro nro se forma um sistema harmonioso de • » » » » * « alternativos ascendentes e deaoradeote*. E é talvez a ã qoe os doa pradptot nlo sejam ahwJuian>ra^ opostos? Talvez mu dia* asem» que o ho-

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roem devi ter um centro, («quanto o o w o difta que de dev» ler também m u periferia? O educador fUô*ofo com que wohava, tilo foeocwe descobriria a força centrai, mas saberia taínbto tmpcdv q»< tia se exerces** em detrimento d u outras lo:vai A tarefa de sua educarão seria muito mais ô Que me parecia a * transformar o boe&em todo num sistema vivo c movetue,, de tftis e d* planetas, e conhece* a lei desta me* cAnit;A*upcrior *~^ Nas obras ultenore* Nfcuschc continua a íala? de um do indivíduo: ihas de um centro 4c perspectiva provi* sório; mais do que sobre o centro, de insiste cniâo sobre a necessidade de brincar, de mudar de perspectiva. Contradlçioí Evolução? É prtebo antes ver um deslocamento do acento, justificado poc razões polêmicas e estratégica*. Nurna época cm que se insiste no esfacelamento c no multicolorir. é bom exortar à consttocia e i unidade; numa época em que reina a schedadç do ideal ascético, t bom convidar para brincar. Mas mesmo Para a Gmtalozws da Afoô/rontinua a falar de um terreno e de um sol. Os educadores portanto não totem nada aos teus alunos: bbcrms-no* exatamente o suficiente para lhes permitir serem *eus próprios educadores. Cada um e o único caminha que leva a ti mesmo: "Ninguém pode consouir em *eu -u$kr as pontes pelas quais você deve auavettar o no da vida, alaguem exceto você, somente * &cè. Fxisten sen duvida inúmeras vereda* e pooies. e *eta*òeu*w que querem !o i to para o outro la4o do rio; mas o preço é você mamo, voe* « hipotecaria e K perderia. Só existe no mundo um íBUCO cammbo pelo qual ninguém podç ir 1 tiio te* voei. Paia oode cfc leva? N4o pergunte, uga-o. Que» entio ensnoou esta máxima? Um homem nunca se «leva mab do que quando ignora para onde seu caminho pode ai^da condun-W*, O "coactito" de cukura nas Extemporâneas? Nio existe um conceito mas conceitos de cultura: jt estamos diante de uma leitura upoUpca. Além disso, nio existem conceitos de cultura; existe apenas uma *cne de metlforai reunida

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jmií as outras, que úevocam cada i m O scntsdo !uD;tuü Ca outra. Nenhuma è jwivikrtâda. acnhuma èprópria. Este jogo metafórico indefuudo siruj as Exttmporúma fora da Metafísica, morno Q ê este !exto pert&ita Etf&bttt M A farma jpç-

Discussão •/ean MffurH: Se compreendi bem o final de KU texto, que eu denominaria, entre aspas, a "ideologia" de c um ideal ascético. Permiti me evocar rápida* um certo numero de pomos que me parecem significai prccisAmente nuas cuerer fiuet esta. "ideologia" de ideal ascético* Ressalto o qacrcr-dtzer com maior serenidade porque o prôpno Nietzsche vai escavâ-lo hteraiipeatc para mttÊÊÊm outra coisa em numerosos textos; pode se fazer um paralelo entre duas proposições coaixaiiiônas num certo numero de exemplos e mostrar quefinajmerncexiste um >o|o no texto* Primeiro exemplo; cooqimur-se a si mamo — Nktzsche a seu tempo dizendo que e preciso vencer-se. Segundo exemplo: a cozinha. Aqw voei mostrou muito bem, existe uma referência a Platfo, ou teia, una critica da corinha. mas sabemos também que Nietzsdsc é medo bom cozinheiro e sã se interessa pela boa cozinha (ef. os famosos textos sobre a mi cozinha de Wagner). Terceiro exemplo: a roupa; neste texto, ela c sob medida; atas se poderia encontrar muitos outros textos nos quais Nietzadae manifesta sua "****Hnh de vestir-se com roupas de confecção. Quarto exemplo: Horário como modelo, mas, em outras agens, e mesmo aqui aparece o gosto de Nietzscne por Tácito ou Tucadidet, por Persa ou Apuleu. Quinto exemplo: a arquitetura e a escultura; aqui o texto que você dia c mieuimciHc aota>d; o que ele mostra, com efeito, e que o produto da escultura è a arte do ressentimento; destruído pets o escultor, ele c anuescultura, e o arquiteto antiarquiictoru. Pira terminar com um jogo de palavras, eu d r a que o pensblo de tâetzschc * o perigo do estilo. Sarah Kojman: Nlo estaria de acordo cm dizer que a escultura seja aatkscultin. Se é verdade que as coisas que

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vim do exterior modelam a matéria, que i o homem nômade, e que estas coisas fazem dele o homem tja ma consciência, isto se faz a revelia do acufaor; d e i justificado cm sua obra como a mâe se justifica no filbo que carrega; ele «culpe em toda inocência e o produto só i a má consciência porque ao mesmo tempo esta interíonzaçâo dos instintos» produto di própria civihzaçlo, encontrou o choque da rdigiAo. Güberí Kahn: As oposiçóes tradicionais que voe* indicou no começo da sua e x p o - l o . em totós uheriom Nietzsche nâo as qualificaria de metafiskw? S*rah Kojmmn; Sun. em Para *Um de bem e mal tkcon* sidera este sistema de oposições como um preconceito funda* mental dos metafísicos. Orisíw/f Descamps: Gostaria de voltar às histórias filosóficas de família que voei evocou no inicio. Voei mostrou muito bem a impossibilidade de recair sobre um texto próprio, maa se nio há mais o propriamente filosófico, resta algo propriamente familiar? Diferentemente do que se a em PU!lo. a derivação cm Ntetzsche í reconstruída num tal nivel de generalidades que talvez nlo se pudesse mais empregar a figura do pariKidio. Sfnh Kofman: Nos textos que citei tratava-se de parricídio em relação a Schopetihauer De outro lado. esta metáfora da famiha t constante em Nietachc. por exemplo, num texto )i citado aqui de Para além de bem e mal, no qual ele fala do "parentesco de todos os sistemas filosófico* em rela* çfto i identidade da Íngua", £ verdade que neste texto ele nlo emprega o termo l*parricidio,, e estou de acordo com você em que. j i que toda leitura i uma rcapropnaçlo do texto, yi que Níetxsctae diz: "Schopcnhauer sou eu. Wagner soi eu*', que ele t tambim Empedoclcs, Herfcclito, etc, nlo se pode mais falar realmente de paternidade. Todavia, a leitma retrospectiva, a do biógrafo, comutando que i natureza nlo dá saltos, encontra junções, constitui um texto único, estabelece depois os parentescos. Cometa G hitèrhoff: No inicio de teu texto, voei falou de tipos que ainda nio se haviam fixado; voei pensava sem dúvida u s frases sublinhadas pelo próprio Nieusche em Para aUm de bem e mal, % 62. sobre o homem que k o animal ainda nlo fixado (das noeh nieki festfrstetlte Tler). Em Para aGeneaÍog**(lll. j U) ek o diz **menos fixado que qualquer

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o u r o ü \ : m i " . E absolutamente contrária • perspectiva aris> totebea do animal dotado de razio. mais ativei, conseqilen* temente, do que oi outros animais. O que voei pensa desta reviravolta? SaraA Kofman: Nicuschc opoe-sc a toda a tradiçlo metafísica que confere ao homem uma essência, uma natureza que possua predicados; para ek. o homem não existe antes de existir a cultura do homem. Fauna Aaaikhad: Estou :'ciu que. a propósito da dissimulaçio, você tenha evocado Apoio e Dioniso, a vida e a morte. Mas quando wct diz que Dkmiso e bdo porque encerra em si Apoio, sinto-me tentada a inverter i fraie dizendo que, se Apoio c belo. è porque recobre em si Dioniso. Se nlo fizer um pacto com Dioniso. Apoio cio será belo, mas paralisado, morto. Sürah Kofman: Os dois slo absolutamente inseparáveis. fauzèa AssaodMtkhaü: Slo mtepaiivcn assim como o imerior e o exterior. Swah Kofman: Quis morrir exatamente que. mesmo neste texto considerado de juventude» a oposição interiorexterior encontra-se superada por uma nova concepção da forma. Cada vez que fala de extenoe e de interior, Nietzschc retoma os termos dos fUisteus da cultura. Jean Mtchet Besnter: Voei poderia precisar a duiinclo que Nietzscbe faz entre "cultura" c "civihzaçlo"? E l i i i o í fundamental para todo o projeto das Extemporâneas e aquilo que motiva co final das contas a cxiemporanesdadc de Nietzsche, nlo c. como ele o diz, a confusão feita em 117), entre uma vitoria da cmlizaçlo e uma vitória da cultura que conduz a curto prazo i extirpaçio do espirito em proveito do Esudo? Saâh Kofman: Na primeira Extemporânea, quando fala de uma "vitória" que è uma "derrota" ek pensa num triunfo militar da civilização aleml, e a esta opõe a cultura sa. Num certo momento, falei da oposição entre disciplina militar e disciplina interna mas nlo creio que de uma maneira feral esta oposiçto se refira Aquela entre os termos BUdung e Kultur que em Nveuscbc sâo freqüentemente ifitercambiáms. Mieke Taat: Você disse que " k r um texto» é dar-lhe um sentido". O próprio estilo c doador de sentido, mas ev me pergunto como se pode pensar a funçlo do sentido, o estio, a

lAAAH LOFMAN m irte, i kit uri. á sombra de uma lei totalizante c de um querer único. Oi aforismo* a o realmente o produto de um lal querer? Quando Zaratustra declara (PntfofO, 5): "Eu vos di%o, deve-se ainda ler em tf o Caos para poder engendrar uma estrela que dança", isto está de acordo com o que voei disse sobre a totalidade? Voe* falou da cultura que deveria completar a natureza. £ dizer com Derrida, em Horsttxtt fia Dissemination): "O livro ootnpku o todo. o que o destrôi". Quando um todo * completado, nâo t mais um todo. NicUiche nio pensava DO estilo fora do todo, fora da unidade? Você usou uma metáfora planetária» mas antes de falai de um cosmos. * preciso falar cmlo, com Gillci Dekuze^ de um caosmos. SaraH Ko/man: Esperava e»tc gintto de questões ao empregar o lermo "totalidade", No interior daquilo que o próprio Ntetzsche. rvlo somente notes primeiros textos, mas lambtm no prefácio de Par* a Gtntalogux da Moral (t I e 2), fazendo uma leitura biotrànca de si mesmo e de sua obra» fala doa "pensamentos" qut "brotam de nòs mesmos táo ne cessariamcnlc quanto uma árvore dá frutos", destes "sim" e destes "nio" que d o testemunhas de "umflnicoquerer"* de "um único sol"; estas fórmulas reimenvse àquela que «trai de A filosofia da época tré^tca dos gregos ("cada instinto c disciplinado por um querer"). Mas esta unidade do querer é sempre uma unidade conquistada. Somente o biógrafo» para alem dos saltos e diferençai, a descobre depois, ela nlo t dada antecipadamente, e voot tem razáo de assinalar o caos orifioáiio. A propósito de Wagner. Nietzsche diz que "durante toda a sua infância era uma mistura absolutamente caótica", mas que acabou por conquistar uma unidade que obedece a uma lei fundamental, Kfíeke Toai: Ele diz em algum lugar que a expressão nlo deve chegar á cultura de um taknio. mas I possibilidade de uma multiplicação de talentos diversos. Sarah Kofman: Foi o que disse ao me referir ao texto da Ttrtrtra Consideração txttmporâruo sobre Cellim com o >ogo mútuo entre o centro e a periferia. Morguente Gírant: Como se pode encontrar o verdadeiro centro de seu eu pela rekttura de teus próprios textos?

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O/OS "CONCEITOS" DC CtítTUtA KA$ EXTO4PORÁNEAS

10»

Sorah Kofmon: Este eu nao prceuile as leituras; cada um ie$uc um Caminho, c ic se perfuma; "Qual * mtu caminho?" N i o o encontrar! >amaU. mas Nicusche dú «atamente "que basta ir e se eocootriri o caminho". Retrospectivamente» ele sabe que ao escrever Sckopenheutr educador jà era ete momo; mas no momento cm que escrevia «te texto, Mo sabia que estava indo em direção a tste centro* A rdei (ura de seus próprios texto* era ao mesmo tempo uma espécie de cultura de Nieusche cm direçào a um outro Nicttschc. N&o h i nunca um Nittucne que chegou ao ápice e que agora sô teria de se repetir.

As aspas de Nietzsche: filologia e genealogia* EncBkmk te qual» to f i M n o* cnminotot que outro trai — â fltaofla " "Oi iámm t * moral l i o o melhor me*o de promchcr etle iraa têm D. ___ *N|í> 4 entre o» m i r y i que te de>e procurar o* palita»

ma* «mrt aquelea que afto 'cometem' nada** (!*ee»he. Amm foicH Zswtatrví "Para trai, eu dujo. m u eiei te torneiam o» devoto» da cre»» oomta. VI oa bom « o* mate»! A quem ela mu» OòAHBT Xejaik qoe deutot IUU Ubuai de vmlom, o demoltdor, o — M M caat t o criador" Giium /«/o» Ê certo que Mo figuram emre oi animab feumlum *
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AS ASPAS DE NtETZSOtE. FILOLOGIA E GtNEALQGlÀ

II!

o ÍUòJofO. leitor com olhar de toupeira. Nkusche, o miope nlo rresecta o papel de um virtuoto apanhador de rato»? Ali», c este titulo que ek utiliza para ie apresentar: 'Tilòloga" c "apanhador de ratoa" {Ratttnjang€r)\ Qmanto ao resto, nem fanfarrão, ocm modesto» ocm momo zombador Niet/scbe é filòlof o, toupeira, ser lubterrâneo. indubiu vrimcnie. Para DóS ho)e isto t coba estabelecida, multai vcast repetida, ao limite da verdade banal. Mas e de MU parte? Simples formalidade» polidci insistente do sempre cor\H "Prof Dr Nietache"? Ou desafio? Que sentido dar a esta afirmaçlo teimou, a esta cerimônia iradictooal? E sobretudo, quanto a nto. que impbcaçOes dcduur dmo para a leitura de Nietrtchc? O respeito ao texto» du-ie Sem Cú\ \£A F. err primeiro lugar, ao teito de NietrKhr "Meu» amijot p*oenies. eate livro drêj* tomente leitores e filòtofoi perfeito*: mprrndtm a me kr bem"*, — Ma» tambtm leitura dr Nieti*cht — jaat» tlvo subjetivo: "Nlo te foi filòlofo fm vao. iaUr/ te wja aé*da. o que quer duer um profmor de leitura tenta" E Nkuscbe o filósofo queixa-se de que "quase mttãmm tté~ sofo (.,.) eruinou i k r c i loterpretar corretamente"*, defi rundo assim a MU profUato: "A filologia, numa época c a que se k demais, e a arte de aprender c de enuaar a kt. SomcoU o fílòlof o 14 lentamente e medita durante meia hora sobre ms Unhas*", Ler, Mas que Loto? O da realidade. afirma-se: entendamos o texto da \ontade de pottncu. portanto também o da cultura (Kultur) e. <m particular, o da cultura decadente: a moral. Mas por que nlo tornar UteroOnenie estas expressões, por que nlo considerar Ntetzsche iatr&lmtntt? E K I cultura foar para Nkt2scbe filMogo( com efeito, exatamente um texto, um diicurio determinado? E se, em pan*cuUrt a "cul-

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WÊC i a moral, fosse aa verdade, Geralmente, de falar? Nesta hipótese, o geaealogista «c encontrara diante de um texto e de um discurso cuja ordem, tipo e diipouçlo poderiam bem. com efeito, depender de una análise retórica. IsngObuca. fílolópca. Tratando-se prin* cipaJmcnií d o t e discurso falso que Nictx»chedcu$na precisamente c o s o a "mentira sagrada", paradigma da "cultura" decadente. irapOe-se kgminarocntc a K M U de que t à filologia efetivamente que devia caber, como encitla tmtclo%iae, a f mdtã de determinar o modo pelo qual o discurso da " f t " "fabetaosfaios".eattos textos, aob a influência dos teólotos. Teóíogot cuja "incapacidade filológxa" Nietuche maii rtdfcularixa do que lamenta — incapacidade que. é preciso notar. Nieusche conudtra como unaJ característico dessa casta'. A Otulo de compensado, algum textos de Nietuche Invocado* aqui. como convém, para tentar citrair ai implicações Jtirrmts do projeto filològKo de Nietxsche paia uma tcona gcaealógtca da cultura. Procurarmos mostrai até que ponto te pode. ou mesmo até que ponto le deve. tomar Nietzschc a ngor titeratmentt, quando ele se apresenta como fUAIofo: precisamente porque * na qualidade de fílólogo que tf um trato, a moral, trato que. ao contrário, "jamais deve ser tomado literalmente (ter nm wortbch tu mehmem), pois, enquanto tal. ele náo contém nunca nada além do absurdo (WoVrwM)"*. Absurdo: palavra de Alotogo. A moral, a fé. enquanto discursos, falsificam, falseiam os tratos — especialmente a Bíblia — c a reaJuUde. que. na mcd.da em que o uso que NietiKKe fax da palavra "filologia" se revela como metafórico, sobredetenninado. c designa ma** um método de iattrpretaçao do que urna ciência constituída, pode também ser encarada como um texto. WTíO

Espantosa unidade de pensamento, em Nietzsche. a este respeito. Desde a 4u/ora", *oh o titulo de A ftioiogta do cris* hanamo: "Pck> caráter dou escritos dos seus sábios, pode-se avaliai bem qu*o pouco o cristianismo educa o sentido da bonesudade c J i justiça ( ) 1 MBBM :epc:;Jo "Tcr.iio M I O

U ASPAS DE N1ETZ5CHI MLOLGQL* E «NEALOGtA

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porque esti escrito../", e dal te segue um caráter arbitrino d i interpretação t i o desavergonhado qoe* ao Ouvi Ia. u * fílòlogo hesita entre • exasperação e o riso» e n l o pira de te interrogar: será pouivel? Isto é honesto? Isto e ao menos decente? Sob a t e aspecto, quanta desonestidade se comete cada vez mais nas cátedras protestantes, de que modo grosseiro o pregador usa a * an tagerr de que ai ninguém pode interrompêlo, como ai a Bíblia e pingada c como ê arte da mà Itityra (dte kunst dez SchlechtLtsens) t infligida ao povo de todas as maneirai; tudo isto. somente aquele que nunca vai ou que vai sempre à igreja pode subestimar (. ) O que te pode esperar dos efeitos ulierior es de uma reügiAo que, nos stculos em que foi fundada, empenhou-se em uma brincadeira fitotòpca inusitada sobre o Antigo Testamento: falo da tentativa de tirar o Antigo Testamento dos judcui, na frente deles, pre~ tendendo que ele t ò contem cntiaamcntoi cruiAot e pertence aos cnstios enquanto vmtedrtrp povo de Israel/' O mesmo furo* filologico. quase der aaosmats tarde, no "Anticrato". " A maneira peia «qual um teólogo* seja cm Bcrhm ou cai Roma. interpreta uma "palavra da Escritura" * ou umacoa* tecunento. por ncrnplo. uma vitória do taeroto nacional li lur sublime dos Salmos de Davi. t sempre de tal modo ousada que faj um fílòlogo subir pelas paredes E o que deve ele fazer quando pieiistas e outras vacas da regifto da SuAMa faxetn (Zurtchtmochen) de sua nuscrivei ruiltncia quottdta na qtse cheira a mofo (S/ifAew0ueA). um milagre da"Graça M * da "Providencia" e da "Misericórdia" com o aiuíbo do "dadodeDeus"?*". A moral, portanto, e um texto para o filòlogo- Mas que forma hngüistica a falsificá-lo, a maquikagem (Turtçhtm*cturn), os decretos e apropru^dea arbitrários, característicos da ffc e da moral em geral, tomam neste discurso "atrevida* mente arbitrário"? A resposta de Ntctnche, através de toda a obra, revela uma constância insôfeta: a foema da nomeação e da denomuioçòo falsas, E è neste niveJ que a geneaiogsa ["quem fala?") se faz filologia, como retórica. hngOtsuca e ("como fala?").

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Este programa, que faria da história da moral uma tnélUc lingüística c ettmoiôgicc, Nieirschc o propôs explicitamente m nota que figura como apêndice da Primeira Divser* cação de Para a Gentaíogta da Morai Seria preciso, eacteve rte, "que uma faculdade de filosofia possa servir para o avanço dos estudos de história da moral: talvez este bvro sirva para dar um impulso vigoroso nesta direção. Na perspectiva de uma tal possibilidade, pode-se propor a seguinte questão, que merece tanto a atençio dos filôlogos e dos huicv riadores quanto a dos próprios filósofos de profissão*': "Qat todkwcte «tingQtsttcü. (Sproehvúx*x**flt. wn pmr limiar a ptsquisa tttmo4ógtcaà forntçt para a husória da rvotyçào dos conceitos moftfu?" * í . desde 1877, Nictjsche observava " A lingüística cootribui para provar que o homem desconheceu inteiramente [vtrkannte) e denominou falsamente (fatsch bennante) a oa* lurera: mas somos os herdeiros destas denominações (Brnrn nungtn) das coisas, o espirito humano ereKeu nestes erros, que o alimentaiam e fizeram a sua força***4. Assim, mas em filigrana e quase i i escondidas, esboça-te o projeto de uma análise lingüística e ctimològka das filias denominações da cultura, c, mais particularmente, da moral. NAo há dúvida de que Nictztchc nlo a realizou de modo mie* miiico. Mas, di/ele. "soletrei {buchstabwt) a decadfncude trás para frente e de frente para tràs"'\ e pode-se. com ele. considerar que ofereceu seus ddincamentos, se não empíricos, pelo menos aforisticoi, c t em todo u s o . sustentados, coerentes c me\mo obstinados1*

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• A M I QmmÊmJÊ ** A * V * l K a d u . '* / / « n « i i o f étmtimdj kMm+no. f r i f m c n i o põtfUAO 21 ( W ) '' f.rt-# At>rt» P.vQbf íou t i o Ubto» | I 14 Prrotemoi q J * n o u o m v 4 o . q*** t u * extrair * tocrdMtfi éo pro^rto fUotofuc de Stri JIé há. " j m * * ! * dqm * canudnar • anàhtf I M H H M i * * * **** Snudc» 4 ftffkuo k > * j o n c o * u d c « K Í O , conforme M m d ^ ^ i V i J * i i i poc Nhrtnctkf I t t v i MIM i(*fl'F*d<* l/fk.mj»í\ Jf"*JTnhíO * « * « * > . fi M M H d J pddVdnoi I * ( * . ) . S|, Í3 (125 r.m) 4â« o Akdta|0, lunplci t o r U d o i , n l o podf C i * f nd*Ot E a A m , K r u i^tunto co*#r totor • ofcf« d * N t r u i r t * u**i " r * É r " d> l t n * « | ( * o i ovf ftc »Jo p o 4 u coftlMMf.^

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/ — Vontadt de potência e denominação Paradoxo — mas quem nlo esperaria por isto? — Nsetzsche ettroologista chega a conclusões radicalmente opostas 4t de Crà < Segundo ele, a etimologia nlo prova a "naturalidade" da linguagem* mat. aocontrtrio, sua convmoonalidade. seu caráter arbitrário, sua "falsidade": " A etiroo loftia c a historia da linguagem nos ensinaram a considerar todos os conceitos como lendo vindo a te*, muitos dentre des esiando ainda vindo a ser, de tal modo que os conceitos ma» gerais, sendo os maisfatsas iàtr fabchnffnh devem também ser os mau antigos* O "ser", a "substância", o "ibsoêuio". a "Identidade"* a "coisa"; o pensamento intentou de uma só vc/ e desde a antigüidade estes esquemas que contraditem inteiramente o mundo do vir-a*ser" l \ J# cm |g73« na /#tf/oduçâo ffoféíka toòfw vrrdadt t mtnttra mo tt*ftéo extrmmoroit Nieuvchc concebia a palavra como meiéform c. rigorosamente, como transposição arbitram {wtUkuritche Über twxung): "Dividimos as coisas por g#r.erot. deiignamoe a árvore como feminina» o vegetal como masculino: que transposições arbiüAnas!"". Mas quem, qual força fai as transposições? M*i» tarde. Nietzschc respondera: a vontade de potência, que v i u superar e dominar o vir-a-ter. Conseqüentemente, • mentira constitui o único modo de apreensão do " r e a l " , da vida. O nome. nesta perspectiva, tende a "ser" a coisa: " . . . indizivelmcnicfiuuflf/jcA) mau importa comom rouof 9* chamam (Arforn). do que o que elas sáo* A reputação, nome e aparência, a validade, o peso e medida usual de uma coisa — na octgem, o mais das vezes um erro e uma arbitrariedade lançados sobre as coisas como uma roupa e inteiramente alheios (frtmd) à sua essência e mesmo i sua pele — pela crença que »c tem neles c por seu crescimento progressivo de geração em geração pouco a pouco como se aderiram e se entrelaçaram i coisa e se tornaram seu próprio corpo; a apa* rência, desde o começo, acaba quase sempre por te tornar c a essência e faz efeito como essência! Que parvo nâo haveria de ser quem pensasse que basta indicar essa origem e este invôhi-

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cro nebuloso d* iluOo para tniçutlar (vtmtehttn) o mundo cjvir vale como r » m ; ií. a auim chamada {sagtnannte) "efelividade"! — M u também nloesqueçamoa disto: basta criir novos nomes c estimativas e verossimilhança* paia. a longo prazo, criar novas '«mas*"*. Lingüística e etimologia IUplantartam então a nxuriuca. Mas se í a vontade de potência que denomina, como denomina, e que contribuições a pesquisa eümolôgica poderia oferecer à analise genealògica? " A Gaia Citaria" indica: "Os homens habitualmente i l o tais que lhes t preciso primeiramente um nome para que uma coisa lhes seja visível. Os origina** foram o mais freqüentemente os nomeadores idtt Nament*b&fm* Ettc novo nomoteta nio se funda, como o do Crátilo, sobre o uhof , mas sobre a vontade de pocincia: "Identidade de natureia entre o conquistador, o legislador e o artista — impor-te pela forma à mattria (íJCA hmttnbtldttt it dtn Stoff)'*l\ Nomear t dar forma à matéria: a este modo de mçêo da vontade de pottncta Nicuwhe denomina arte. ou seja, no plano da linguagem, mentira: "Metafísica, religião» moral» citncia, apenas criaturas de sua vontade de arte {Ausgeburttn seines Wtlltns zur Kunst), de mentira» òe fuga dunie da "verdade", de negação (Vemeirmng) da "verdade". A própria faculdade graças à qual ele se torna mestre da realidade pela mentira, esta faculdade artista do homem po* trcváfueif. ele a tem ainda em comum com tudo o que *"*. Oi a, Ntetuche utilka aqui expressões que lembram eatranhamenic suas acusações contra a " f t " cristi c a "moral". A ótica filolòpca nos permitiria descobrir um crittrio teguro de ditfinçlo entre a mentira artista, mentira forte, e a "mentira sagrada", mentira dos fracos? Aqui a etimologia e a filologia articulam-se com a gcnealogia. Ora. na Primeira DiisertaçAo de Paru a Gcneaiofia do Montt, Nieiache escreve: "O paihos da nobreza e da dmi&cta» como foi dito, o duradouro e dominante sentimento global e fundamental de

" A G**ê OtoOfc I *•: »*W-*»-4 GmU «fo* » • ptGvmiú*4* tnttt apiKiatSa tSc*4to*t) c toatt <.«awi N M C V * ivtfa* - d Orw« po**»*m lOf). | MO. ItM O lavsno t (ga^"**t *w4tddr*

*S AXTAA DT MCmCHfr FlLOtOGlA£Gf hl AL (MJtA um* espécie (Art) íuperior de tcahores. posta cm proporção com umj espteie inferior, com wn "abaixo" ^ essa t a origem da oposiçio " b o m " e " m a u " . (O direito dos senhores, de dar nome* (N#JPIM zttftòfn) vm t i o longe que le poderia permitir captai a origem da linguagem mesma como exteriorização (AfrrA/Juamtftf) de potência do* dominantes; cks dizem, "isto ^ isco e a i o " . dei iclam cada coisa e acontecimento com um som (Una) tr coca isto. como que lomam posse dele.)" Mas ap6i ter explicado que " b o m " náo significa "nlo-egoiua". NieUscne acrescenta: "Em vez disso, somente com um dtcUmo OVdrrgang) de Julhos de valor aristocráticos acontece que essa oposição (Gfttwatz) "egotv tt"-"nao-egoWa" se imponha mau e mais à consciência humana — é. para me servir de minha Linguagem, o Instinto dr rtbcnho que, com ela, afinal, toma a palavra (e nmWm as potavroMy***. Desde tntao, K as avaliações *4o feitas como denominações, te o forte se apropria de uma c
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(...) A emoçlo do desprezo, do olhar para baixo, do olhar de cima. suposto qi*e tk falseie a imagem daquele do despreza do. ficar A muito atrás d a falsificação com que o ódio recolhido, a vingança do impotente, atentar* contra seu adversário — in efft&it, naturalmente" 0 . Texto capital: assim os tipos de moral ou de cultura (ativos ou reativos) te determinam, segundo Nieusche* se quisermos tomar o seu texto ao pé da letra, na ordem da linguagem: Ja-sagen, Ntin-SQgen* Em seguida classifica o discurso moral dos escravos como reativo tanto quanto lhe for tocestino. para se colocar um conuamundo. contravalores, ou seja. neste caio. uma contralinguagem, que o escravo ie limita a inverter. A seqüência deste texto mostra Nietzache et imolo gista em seu trabalho genealógko* A moral — considerada de modo absoluto, ou seja. como moral de escravos" — n l o d* nomes, ela ot transforma, os transpõe. Inverte a sua tigmftcaç t o : por nlo tocar a realidade, ela vai de palavra a palavra. Galimatiai sem originalidade: a partir do <«**) outro, um empreendimento tUiemático d e inversio negativa. O próprio estilo da análise de Nietzsche o confirma, pelo emprego reiterado do prefixo um, ou de preposições que denotam o posterior, a imitação, o plágio: o escravo precisa de um inimigo, de um contra, de um "segundo" ou de um "segundo o qual" (nach) te regular; "uma criação drxalque
* Ê amaino prcciur. já qm o **crr*0 UUT* «u urro a j | avjaaar m WêÊ* MI 4t italléOSci, oo qu*l NMUKIW dir* mm UJüC *ut t ma wo MBUM* « kMMlÉil. '" m J OV-wWfM Ai « n r f . 1.1 M

* I*élt>*!*óo por w*ny Cl. I'pir«frrfrj * * * * * * I. 1 141tf*VkfXtAruH

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ou a verdade cm todos ot casos, c. como veremos, merece aspas por isso. l linguagem moral poi sua vez falseia cm sejundo grau. de maneira posterior, ível desde cntAo de duplas aspas» como uma citaçio falsa de um discurso jà cfc rneimo índirtio. Seu "nome" èum " n l o " o Samt um N««. um antidlsojrso ou uma contralinguagem. Assim» as aspas de Nietesche marcam, primeiramente, a distinção, a diferença coisa /palavra, e, num segundo tempo, a oposição "próprio"/contraprôpno (ou impróprio) linguagem/contralmluigem. A moral t o vice-versa. Tudo entio confirma que a " m o r a r t bem um modo de falar, um discurso regulado de uma maneira determinada: assim como a linguagem nâo revela o "ser" ou a "substiacia" das cotais, a moral nlo nos fornece significações prr> prias sobre o real. Se quisermos, chamemo-la de md-própno do impróprio, como ja o sugere o terceiro aforismo da M Aurora": "Quando o homem atribula um sexo/gtaaro íGachbcht) a todas as coisas, nlo tinha a intenção de jogar, mas sim de adquirir uma visto profunda: — só muito tarde, e talvez ainda agora nlo completamente itiu para u mesmo l amplitude monstruosa deste erro. Do mesmo modo. o homem atribuiu a tudo o que existe uma relação com a moral, e colocou nos ombros do mundo uma $i$ntflcofâo étteú. Um dia isso nfto terá nem mais nem menos valot do que hoje tem a crença na masçglinidade ou feminilidade do sol"1*.

n—At tftfW5 dr Nitt&che Vario* leitores de Níctrsçhe — e nlo dos menos — observaram, de agem, o uso ntetzsctuano dai uso nada parcimontoso. convwemos. c qualquer texto tomado ao acaso permite constati-lo*. Simples curiosidade pelos antiquirio*? Tique sem conseqüência? Isto surpreende-

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ERICiLONDEl ria da parte daquelç que se vangloriava de pensar e escrever andando, atitude pouco compatível com a caligrafia c H neticulosidades tipográficas. Sobretudo mania ou reflexo de filólofo. cuja obscislo tenaz manifesta talvez em profundidade uma intenção mais firme e um projeto mais sistemático do que aqueles que se costuma recusar a este pensamento eu édainO que se pode diier? As aspas intervém essencialmente num / M / O . Elas significam tipograficamente que uma palavra ou uma frase nfto sio consideradas peto autor como tiomorfas a teu próprio discurso, quer pertençam a uma outra língua (ou, no interior de tua própria língua» pertençam a um sistema dialetal: gíria, termos técnicos, língua arcaica, literária, etc.), quer figurem numa acepção inexata, numa expressão nto-pertlnente. assintáxica ou afcxka. quer enfim, semanticameme, nlo se refiram a nenhuma "entidade" ou realida. de11. Em todos os casos, a utilização das aspas estabelece o discurso que as emprega tm sobrtpostçôo às expressões citada*: o autor deixa de ser solidário e, de certa forma, ic desembaraça das citações que, através desses sinais, confina, encerra e deporta. SobrepoUçfto do "próprio" sobre o impróprio, do pertinente sobre o nio-pertlnente. do original sobre o plagio. do "correto" sobr* o inaceitável ou o gramatical, do nativo sobre o estrangeiro — ou o alienado. As aspas desse modo instauram a diferença e a hierarquia dos valores, homólogas à distinçlo forte- fraco. Ora — detalhe que se toma essencial na perspectiva de um c*tudo filológico da análise genealógica — t Nicusche. numa constância inopmada, coloca sistematicamente entre aspas o* termos-chaves do discurso moral*. Por 111 ••' Ame* de tudo. parece, porque, como duas tagua* diferentes, o discurso moral, citado por Nietzsche entre . e o próprio discurso de Niemche náo a o isomotfot.

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ASA7A3DENIETZ3CH1: FlLQt-OGlÀt Ot-MAIOOU

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Os campos semânticos ic encavalam ou nâo se quadamcnte: moral, Deus. mundo verdadeiro", cu. virtude, por exemplo» tio intraduiiveis no campo semlntko meusehiano. ai nlo encontram equivalente Reciprocamente, moraiint^ ou vontade de potência nlo existem na língua metafi sko-raoral, enquanto, ao contrário desta. Níeusdie confunde cratlo e anarquista**. Melhor ainda, para Ntetache, certas (rasei ou certas palavras nlo possuem, como e s t n t f l profunda, o mesmo valor do pomo de vista gramatical ou ainda semântico. Falar a língua moral. é. para Niemcbe. acumular bsubansmos, contra-sensos. erros grosseiros de pronúncia. Uma análise fiLològKa desta "hagua" — análise que agora K diria iransformacional — pode mostrar que suas estruturas gramaticais diferem daquelas da linguagem da realidade c que os sigmficantes. em profundidade, remetem a outras significações. Nietxsche nlo dcua por menos: " D m perdoa aquele que fax penitencia" — tradução akmi {mij Deutich): "aquele que \c submete ao padre"11. "O padre abusa do nome de Deus: chama "reino de Deus" um estado em que é o padre quem fixa os valores"* Ungútsticamenie. pode-se considerar "Deus" da mesma maneira que um " o a " ou um "man" (pseudopessoas com usos gramaticais multi* pios (e muito úteis), sem equivalente estritamente isomorfo cm outras línguas. O genealogista Nietiache procura, cm profundidade, em estrutura profunda, discernir e denunciar os falsos sinônimos de superfície ("verdade" ou "mundo vtrda~ feiro") t se diverte ftt vens em estabelecer» cm profuckdtdidc, sinônimos que, na superfície» se reduzem a homônimos temanticamente distinto* Ua/I-A; gcrrcA//grrdrA/>". A filologia, principalmente a lingüística, explica assim ct&ramcnic o que Nictriçhe entende, propriamente, mas de n

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uma maneira empírica, quando define a moral como um maimendtdtf1. A moral acredita nas categorias da gramática — que è apenas de superfície —. nas palavras, e acredita ou quer fazer acreditar na clareza de seus equívocos e de suas ambigüidades deliberadas. Quanto a isso. o famoso texto sobre a gramática do cogito cartesiano coostitui um esboço empírico de análise transfonnaoonal: " S a l t o os governantes que atualmente ainda acreditam na gramática como numa vvriros aeterruf3, c conseqüentemente DO sujeito, no atributo e no complemento, n l o há mais ninguém inocente o bastante para colocar com Descartes o sujeito 'eu* como condição do verbo 'penso*. Graças á tendência cética da filosofia moderna, estamos mais próximos de itir o inverso (dit Umkehrvng)t isto é, que o pensamento nos parece a causa e a condição, tanto do 'sujeito* quanto do 'objeto', da 'substância*, da •matéria'..,"* N o entanto, há mais. As aspas se impõem, para citar o discurso moral, n l o m a u apenas para se destacar dele, prevenir mal-entendidos o u narrar o iatraduzível nlo-tsomorfo, mas também (e sobretudo) para marcai sua nao-pertinència üntáxica. léxica ou semântica e, em particular, denunciar, semanucamente, sua vacuidade ou seu caráter "postiço' 1 * - . Se náo se deve aceitar o moralista imediatamente, acreditar na sua palavra (wdrtfcft). è que de Tato " a eticidade (SutOchkeit) consiste em palavras ( « Worten besteht) e faz parte da posseira c refinada impostura (em especial auto-tmpostura) dos homens1'**. A "moralização" í a interpretação (-4ustegvng) falsa do real*, como denommaçáo o u nomeação ( í e w nung). justificação {lUchifcrtigynff'. consolação (Tftwf* Trastmitterj*. Mas é certo que o discurso da moral se coosti*

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tui como justificação ao mesmo tempo sobre o modo da Wunseherjüllunz e da Vemetmtng". Enfim. Nictzsche se propõe a aniquilar {vernachtenY* ou negar {kugnmY1, {ntfie* nen) esta negação (í>rwyt*/tf> ou esta rcocgação (Kerífwgtü/ig) que c a moral como dOcurso mentiroso**. A moral — fè. idealismo, metafísica-.. — "diz nio" fjagt nem}91 * vida. nega ou renega (vemrift/) a vida, oi instintos, o corpo: no sentido rigoroso da expressão "mentira jagrada". mentira que Nictzsche define como segue: "Chamo de mentira não (mcht) querer ver tiehen wollm) o que se vt. não querer ver como (sowtty se vt***". Em termos que, para nõst boje. evocam Freud. de um lado rcncgaçào (Kerínignu/tg), de outro» negaçlo {VerneimtAg): "A 'fe' significa \"Glaube" hetsst) nio querer ouvir falar (aâo querer saber nada Inicht wtssen woflm) do que é verdadeira***. Esta recusa do que NiCtzschc chana cox inssstfoca de realidade ou verdade, as pulsOcs. o vir-*-scr inocente, em nome ou com a finalidade de uma saufaçto artificiosa ou dissimulada das pulsôes. intervém, aqui também, ao plano da linguagem, que faz da moral o discurso negado:, reocgador, a pia fraui"^ Como? Pela nomeoçào* a denominação que nega o real abohando-o sobre o desejo, eus negando e mascaraodo a relaCio do desejo com o discurso que denomina. Negado — como Freud o viu na Verneutung —, o desejo precisamente ar rro/íífl, mas clandestinamente. Quando Nictzsche escreve: "A moral enquanto instinto de ncgaçAo da vida (Instinkt der Verneirtung des Libera). £ preciso aniquilar (venucAien) a moral para liberar a vidaMf\ deve-se ainda tomá-lo ao pi da letra: combater a moral c aniquilar (vrrrtichten) uma negação (Kernetftung), pois nfto e a razlo, mas o instinto (que da i na realidade ao negá-lo) que nega a vida, para realizar se negar.

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dosuarcaliraçlo. " O que na realidade impele tfrttbt) o* moralistas nio sio oi instinto? morais*, mis- ot instintos da ,4decadèneia". traduridosem fórmulas de morai (Iftersrfzr indi* Formtln der Uoraí)"*. Ajatm o desejo, realizado f o*$ado ao mesmo tempo oo discurso moral, ai aparece muito apropriadamente como uma )%attfkaçò Mas sobretudo* a moral como discurso, interpretação M i a a danoilUniilo. constitui*** como um empreendimento dt iraduilo (Cfrervrt;ung) Sabemos que Nicttscfae, j i cm seus escritos de juventude, concebia a palavra c ate morno o tom corro uma transposição {Ubertragunt) ou metáfora, mas também como uma tradução iUbenefzung). 'Entre duas esferas absolutamente diferentes como o lujeito t o objeto, nlo h i causalidade. exatidlo. eipress&o. mat quando muito uma relação estéticút quero dúer. uma irampoòçèo indicativa í**deut€nde)t uma tradução balbuciaatc numi Lhv paa completamente estrangeira (rtwNarA^jffPiffiWidr Cfrtr svObflj í* tint icnz frtmd* 5pfç*t"* Ora. como vimoa, o diicurso moral ou decadente fabeia ou lavem as denominações dos meatres: tradução. ou mesmo rctraduçto. que podemos dizer neste caso "feia-infiel**. nlo respeitou para com o texto primeiro ou a realidade, que o homem moral falsifica ou distorce conforme icus desejos O homem morai, d u Nieuscbe a ü d a . rebatUa («•!/!> a realidade para M * * Ia. " O i homens n i o discernem as pequena» doses sublimadas c negam atua cxisttnçia (...). Ou emlodupõcm de nome» para tudo o que num ser se manifesta, suscetível de agradar a lodosos gostos (...), A educação e aprender a rebatuar dtfc rcntcmcnte"1**. Um tetto de I t t 7 rccapitula claramente os aspectos carattcrtsticot da mentira consiarada como desaomi naçio falsa: Os grandes crimes em pstcotot*

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lf) Que iodo dcspraier. toda infelicidade-, foi fafaificada GMffUM) pck> erro (falia) (-..). >?) Que sentimentos d* fraqueza, covardia* Intimas. Falia de coragem consigo momo foram dotados de nome* que oi santificam {mit htMgtn Namen tteUga) 47) (...) Que mesmo naquele que conhece* mesmo oo irmia. fa/-« refletir o engodo ivoriaptHt) da dtapenceuljtacAo como i causa de seu mais elevado conhecer c poder 5') Que o amor foi fabeado cm dootamcnio |e alirubv mo) („.)- (O etolttno como A efouaçêo (fmrA/*rAii*f >. o ahnitamo como a alteração (KerfftdmiAj))". E. se a moral falma. denomina paia negar, entlo as aspas M impõem pais quem U o KU texto, ji que t preciso denunciar oi- enunciado* ou ai palavras que ela uülua coeno filolODcantenic ÉMÉ\.

Mas o a*cko da análise nietAchtana t que a luiguag eir. moral for)a palavras (ou cooceHoi), n*o somente nfto-toomorfas á linguagem doa fortes ou ao texto da realidade, mas lemaniicamenle *aoai ou positivas, sem nenhunu referência íO mit sem referido*". Oi úhimoi etentos de Nsetiscbe. eir particular O Ahttcwiuo, insntem incansavelmente lOtrc o fato de que a moral e a ft escamoteiam ou repudiam {oNthrm\ a realidade {ffeu/iftff, wtrkitchktu): para NMuãcbe, o homem born * um "Wtflugmr â** Reotíiêt", escamoteia a realidade ou a faz desaparecer com mentiras"", inventando conceito* fictícios CK. palmas >em referência ao real: "efc invenu itffimtet) açde* que nlo existem (dte a iucht $tbt) alos aftrãbta*, santos: faculdade» gueftdoeriftemr a "ahna". o "espirito", o "livre-arbuno"; verei ç%# nâo cxisttm. os "santos". "Deus", os "anjos"; uma ordem qu< *áo exutt

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no vir-a-ser; â ordem morai do mundo, com recompensa e castigo (dcstru-.çlo da causalidade natural). Graças a essas fabulaçOcs (Erdich(ungen}t ele desvaloriza (e/ifwerfef): I?) as únicas ações que existem; as egoístas; 1?) o corpe^1. Assim o nada deprecia o real. o fantasma desacredita a realidade. Ou, se quisermos, o principio de prazer aniquila, nega c renega a realidade em noroc do desejo mascarado que. no fraco, c medo da vida. necessidade de justificação. E quando a ironia sarcástica de Nictzsche, maçaqueando o rebanho com uma ingenuidade fingida, assegura que este homem bom encarna "o homem que t preciso dcieJar (der wunschenswcrte Mtnsch)*wt temo» ioda razfto de suspeitar que c precisamente porque com o dlicurio moral cie satisfaz iodos os desejos.

III — Moral e nomeoçüo: Genealotia e tradução Ora. "um mundo que corresponda a nossos desejos è uma ficção"*: nome. nomeação fheusen, nennen), tdeal figuram eniáo como os nomes do nada, do não que o desejo, como falta, suscita a si mesmo1*. Mas este nio, eite nihtíóo desejo, suspeita-se que logo será o do míftsmo, jà que "um niilista é o homem que. em rclaçlo ao mundo tal como t. julga que o mundo nâo deveria ser e. em rdaçlo ao mundo tal como deveria ser. julga que nâo existe". Tudo se cxplKa então: o caráter contraditório das nomeações do rüilismo e a necessidade» para o filôlogo. de decifrar ou traduzir suas de nominaçôei: "Denomina-se {nertnt) bom aquele que segue teu coração, e também aquele que s* obedece a seu dever; denomina-se bom o afivel. o conciliador, mas tambtm o corajoso» o inflexível, o severo; "MkaftmVL

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t a t u * dtpothK*. GrouofcUv-Auttite. XVI, p W * . p. M. ** St no» cokKorinoi na pitpftii** 4u Pt*blflT|i,« -«««muii ó» fali*. RMirmu S4i«*í< cArKttTut o bofiei do *leal como um * cmitrado1* (cf i'o*ioAf «*-Kt*. I. r laavifT, I 2t3)»Oioj*dpoâf T dtfltm o o « * • » "d—adi" — isoo» quf MI«* o dt**x> ou o K | i podara KtutmtM «v*. coaw o ptK* Uo «1 LÍnm, o lont**i bom p H I H H 40 P *tl d* "üMftnario" f< t1 • ;•#*•-! • * NfeUKlttt, fia ApoiukM*dr d* ctofi' #o ftJvd d* Atine** a | llflBMil

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denomina'te bom aquele que é descontraído consigo mesmo, nus também o herói da superaçlo de si {Sedntuberwinànng); denomina-se bom o amigo incondicional do verdadeiro. mas também o homem de piedade, que aureoU as coisas (Wrttfrer); denomina-se bom aquele que obedece a si mesmo, mu também 0 piedoso; denomina-se bom o homem de qualidade, o nobre, mas também aquele que oâo despreza e n*o olha de cima; denomina-se bom o complascente. aquele que foge (dwwi-^/irf) do combate, nus também aquele que deseja a guerra e a vitória; denomina-se bom aquele que sempre quer ser o primeiro, mas também aquele que nlo quer ar na frente de quem quer que seja1". O termo "ideai" demanda substituto metoolnuco da falta de ser do desejo: quem te espantará, então, que o "ser" constitui o termo favorito do homem bom. do tdeabsu, do "moralista", e que este apele, de preferência, à côputa predicaüvat cavilha indispcntivd 4 denominarão, que desse modo se torna, nlo '*Sinngtbun$"t como a definido do senhor que "forca" as coisas, mas* traças a este suitagma pott»co. por assim <üjer "Sin*tfhunt'\ doação de "ser". Assim, ele pode pastar ao largo e Ignorar a realidade (nega uva) do vu-a-ser, que ele recalca (c uma metáfora), por uma falsa posihvidadc "No ponto onde começa nossa ignorância e alfcm do qual nlo vemos mais. colocamos uma palavra (*» uttitn ti* Wort hin)m por exemplo a palavra "eu*\ a palavri "fazer", a palavra "sofrer": — tio talvez as linhas do borí* zonte de QOSSO conhecimento, mas nio "verdade* ,-, \ A DOmeaclo faz * 'como i c " [ali obY1 a palavra coincidisse com a realidade — mttonimw* Como se o *'ser" moral eqüivalesse ao trágico do vira-scr e ao retorno. Sem dúvida, o senhor falseia a realidade, o vira-scr. ao nomeé-los: * excesso de força e domino. Quanto ao homem moral, de o faz por ac-

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ceuidade", por falia de ser sem o qual nfto pode ar: o grau de idealismo "se mede precisamente pelo grau ao qual (um espirito) tivesse necessidade de que esta verdade lhe fone diluída, velada, edulcorada, abafada, falseada {veràünnt, verhült. venQssf, veréumpjt, v*rJÒbehi)"\ Mas o idealista, como a Diotíma de O homem sem quahdodtst precisa sobretudo de "grandes palavras", da 'Mingua patttica da virtude"** — al|uém dirA. depois de Nieuichc, de um "suplemento de alma". Ele precisa, por exemplo, "exortar uma nação e mesmo o mundo inteiro, a te lembrar, no próprio seto da ajitaç*o materialista, da existência do espiritual"H. Precisa de uma interpretação nobre de «u estado ( w noble Aus*egun$ ihres ZustQndes)"", No código cifrado da moral c ^ ousarmos dizer» no código está o veneno —, a mediocridade chama-se "modéstia"" ou "moderação", a baixeza "humildade", a domesticaçao (Zãhmungi "melhoria" ou "reformi" (Bes3erun$)\ o rebanho "maioria silenciosa" e a tirania "ordem republicana". A covardia Intitula-se "virtude""» i fraque/a "liberdade"11, nomeação cm que o filWogo-rcló* rico Ntetzjchc diagnosticara o eufemismo, "metáfora enfraqucccOora c atenuante"", "defoimaçáo de sentido e adulaçio obtequiosa"". Mas. reciprocamente, as metáforas inversas sâo igualmente abundantes: entra em jogo a calúnia*1, que consiste em nomear como "criminoso" (Verbrecher) aquele que quebra (Brecher) ai tábuas de valores do rebanho11. E notaremos que novamente intervém o prefixo ver, caro a Niecnche. que. da Verschiebung k Verdiehtun$t marca a ação de falsificação e de alteração da Verdrüntunz, na Ver-

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» A Gm* < * « . | "9 '* Muni, o? fif.t L*vr* tt podtf. |É cá? l i . p I** 119.

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ÁMtm/èhm Zsnrwtr*. II, "D* wtvft qv* i p W f t i " . ptorá. Cf. *M. H, "Do* ' . I U ^ V . ' . Amt+f*t ttê$mwo pfrtuao T OK *° fti™ á 6*Wdtof* d* *D/*T. J, | l i . » ^.<- M .v V - , «*V. i ;:

' f p«n«n|4*. p | M a * * M l M i s i. i w r

\aA3T*i«Nirrl5CMt nLOLOGlAtGÍNBALOGlA immtnf I na K r r i r v f n i « | d l nomeação, üpicas do que Nietzsche chama de "*educ*e* da linguagem (Krr/úV*«f*n der Spracher*. Mas cabe t o cristianismo tiocnur o paradigma selundo Niettsche. do sistema de nomeaçlo q « c o k í « ] moral constitui. O i crisUos. decadentes típicos, 44*âo chamam asi mesmo fracos» chamam-se {heissert) 'os bom' " * \ Aqui a critica de Nicttschc vai direto ao essencial O cristianismo e a j * nas uma palavra, e se enquanto niòlogos quisermos falar de modo apropriado, ele nêo exiut. pob esta palavra, coro caceçAo do Crisio, n*o se refere a nenhum indivíduo real: " A palavra 'cristianismo' jà * um mal-eMcndido — no f uftdo, sô existiu um único cristão (sem aspas) e este morreu na cnwp Pois o cristianismo, discurso mentiroso» ao mesmo tempo realiza e nega de*e)os e Instintos que. por este motivo e enquanto tais. rigorosamente falando. o*o s*o " c n t f * « " . De modo que è preciso escolher: ou bem o cristianismo c uma realidade, e da oròcm do instinto, mas. j i que ele a nega e renega, esta rcahdadc nto pode, falando com preasAo. ser chwwda de cnsU, mas *, ao contrário. anticrisU; ou cntlo o cristianismo c um diacurso. mas entio. já que nega a rcabdade. a únka que possa ter. cai no nada. palavra oca. A palavra " c r t s t l o " , «Io significa neda, nada a nAo ser "flatms v e m " , se rtdui a uma nomeação puramente nominal náo existe realidade crista, todo o resto t impropriedadc ou barbansmo — sem contai a barbárie. Assim, para começar, a palavra "Evangelho" * falsa, uma fanfarronada " O | * a n gelho* morreu na cruz, O que. desde entlo. se chama Evangelho U era o contrário (&*tffiaaft) daquilo que ele tinha vSvido: uma "má nowr". um "DcsangHKT ($cMunme Boi* c/mfl, Dystntttiumr. Àquele-que-se-dcnomina-cmlio náoi cristão c nega a vida. aU mesmo a vida crisil do CnuoT Eaa «fundo lugar, nestas condições, negar («******> * *******

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nismo. pari Nietxsche, consiste em remeter o cristianismo a única "reabdade" quede neta vc: cratl, portanto, ao nadar 1 'Redurir o scrcristto. o cristianismo a um considerar-comoverdadeiro(einFUr Hahr hclttn), a uma simples fenomcnalídade de consciíncia, isto quer dizer negar o cristianismo. De fato. nunca houve ertstêos O "cristão", aquilo que há doii mil anos se chama criuio. c apenas um simples mal^ntendido psicológico sobre si mesmo (etn b/asses selbsttmssverstândnis). Se o observarmos melhor, o que nek predominava •pesar da " f é " , eram apenas os instintos — e que instintos! — (...). Retire daqui um sò conceito (ein Begriff hirr weg}* coloque no lugar uma só realidade — e todo o cristianismo acaba cm nada"*1. O que e portanto negar o cristianismo? Abolir ou aniquilar {ne%teremt vemíchten) sua negação, teu discurso, isto e, sua única "raalidade" çur / apenas verbal. Como destaca o parágrafo 13 de O Antécrísto (onde pode mot encontrar um catálogo ou um glossário exaustivo das grandes expressões do cristianismo), "no cristianismo» nem a moral nem a religião tem algum ponto de contato com a efetividade. (...) Esse puro mundo de ficçôes distingue-se. muito em teu desfavor, do mundo dos sonhos, por este último espelhar (widersp»rgHO a efetividade, enquanto ele falsifica, desvaloriza, nega {Jatvcht, enrwertet, vemetnt) a efetividade"". O cristianismo, portanto — á imagem de toda a moral —. e uma palavra, uma nomeação usurpada que %ò o Cristo (mas de morreu) pode merecer. Mas, num homem como Ntctzsche. que. ainda bem Urde confessa "senlir-se honrado de ter saldo de uma família que levou muito a sério, em todos os sentidos, seu cristianismo", aparece talvez aqui. á distância* um resquício, a lembrança de um mandamento recalcado: "Nfto pronunciaras o nome do teu Deus eterno em vao"". Mas a tarefa do filôlogo nlo termina aqui: a Nietesche resta decifrar a relação da palavra ao instinto que ele nega, estabelecer o* diferentes modos da Vemeinune moral. Em

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** Cf. O AAOcfwio. I » . - D H rrmim a i y k ^ M 4*. N ™ * Gtu.

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face das nomcacOe* mora». Nietz^ht Tilólogo se fará, DO campo gcncalôgKo. tradutor da língua, incorreta • malfeita, dft moral, em linguagem da reabdade. que. m o m o faltifvcando necessariamente aquela, remixfcca o vir*a-str. a necessidade, a vida. o instinto. Tradução que se dá como uma Umwerfyng; "Se se quiser ter uma rápida id*ta de como m i c t de mim tudo estava de cabeça para baixo, que i c comece, por este escrito*1, O que. no t k u l o te chama idoèo* t muito simplesmente o que a i * aqui se chamou de vefdade'* , V "Privou*s< a realidade de teu vglor. dc seu sentido, de sua veracidade, no mesmo grau em que i c mentiu ítrlog) um mundo ideal... O "verdadeiro m u n d o " e o " m u n d o aparente" — em ticmio {auf Dtutsch): o mundo mentido (rr/ognr) * f reabdade..."*'. Então se explica, nos textos deste " b i l i n g ü e " que t o fUôtogo Niet/schc, a freqüência da expressão: "para me servir de minha linguag e m " * ou: " c o m o eu diria, em minha linguagem", rigorosamente proporciona] a das aspas que assinalam ai nomeações morais. "Deve-se estreitar e limitar o a o o domínio da moralidade, d o e se i r a m á luz e reabilitar os nomes dos instintos que nela trabalham de fato. depott de terem ficado escondidos por muito tempo sob nomes de virtudes hipócritas; por pudor duutfe de sua " p r o b i d a d e " fala de modo cada vez maii imperativo, deve-ie desaprender a pudor que quer renegar (veWrugne/i) e afana/ com meatir** (werg/úgri) o t instintos naturais"* O Nietzschc mais brilhante talvez te revele aqui. no trabalho obstinado de leitura paciente e de i n d u ç ã o fllològka. sempre de acordo com o mesmo principio. Poder-se-ia — aliai içmo fazer uso — Levantar os corccitoi rcioricoi c lin-

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gQbticos que configuram a estrutura d l linguagem moral c definem seu idiomatismo (metáfora, mctor.imia. como vimos, mas também paronomásta. sinonimia. homoainua. gramática substancialista do sujeito* ou do ser postiço — predicaçio — liloles» sinèdoqucs, eufemismo*,c'. hápax. barbáramos, ele.), que fazem dde um discurso inteligível c "aceitável'1 aos "iniciados" — isto é. ao rebanho — na superlkic. mas. em profundidade, um galimatias agramatkal ou semanlicamente inaceitável. No mesmo sentido, se poderia mostrar que. cstrutunlmeniç» oi subdialetos da moral e do cristianismo que o idealismo, a ciência, o livre-pcntamento. o "socialismo" constituem'", possuem a mesma organização ou. em termos saussurianos. a mesma forma tintáxica e ate mesmo semântica. No momento, bastam algumas amostra* de traduçsVs nietzschianas -* trabalho onde Nict/schc talvez se recorde das correções de trabalhos no ginásio de Basiléia, quando anota as incorreções, observa as más "leituras" ou os conlra-icnsos. "Tradutor" cuidadoso. Nlcusche. curiosamente se esforça, com humor, para respeitar ai dtasonán d a i ou ai diferença* fonolàgfcas: "hnhg" lormvsc "longwei/ig"441. e se revela sempre cuidadoso com a palavra precisa: "Dizeis que acreditais ha necessidade da religião Sede sinceros! Acreditais na neceuldade da policia"*", ou ainda: "Os anti-semita*, outro nome dos pobres de espirito'*". Ma* — flexáo capital — NieUschc. que duplica sua problemática de "tradutio" com uma metafórica muito sistemática da vestimenta1", traduz um texto consciente ou manifesto, de "encobrimento". por um texto onde o corpo, os instintos, a origem pulsional e o desejo se acham impudicameme** postos a nu. O nome e um sintoma, iapsus hnguot sobredetermica-

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do. Se " o juízo moral nunca deve ser tomado «o pi da letra, pois enquanto tal è apenas contra-senso. contudo» enquanto wcmiátka, permanece ínaprtciavd. (.„) A moral * apenas hnguagem dos signos (Znchrnrrde), apenas sintomatologia"^ em compensação, a língua que Ntetzscíie emprega è "a bnguagem do corpo", da vontade de potência, linguagem que investiga, nio como isto se chama, mas "do que se trata" (Worum catch Hendeit)m: o pobre de espirito que c o "antisemita" "nio perdoa os judeus por tervm espirito — e dlnheirol"1*. A guisa moral, ou onde se fala a sua guisa, a tono e a direito (e mesmo por travestimento)» « vf assim, por assim dizer, desaguisada: "Sem-vergonhice (ou Indisciplina [/uchtiasifkfit) do espirito moderno sob todas as espécies de toaJctes {Aufputz) morais. — As grandes expressões (as expressões de aparato iPrvmkworte) sio: a tolerlnoa (estabelecido para í/ür) "Lnapiidio ao sim e ao nio"). Ia largeur dê sympcthée (sk: em francas no texto) ( » um terço de indiferença, um terço de curiosidade, um terço de excitabilidadc mórbida); a "objetividade" (falta de personalidade, falta de vontade, inaptsdao ao "amor"); a "liberdade" contraa regra (romantismo); a "verdade" contra a falsidade (fattchtm) e a mentira {Lutnrrti) (naturalismo); a "cientiflcidade" [ WisstnchafttKhlmfi (le "documem humain'• (em franefv no texto): a tradução em alemão {auf Deutsck) o romance em forma de noveU {Colportate-Roman\ e a acumulaçlo — ao invts da composição); a "paixio". estabelecida paia a desordem e a desmedida; a "profundidade", para a confusão [ Vtrworrtnhttt) e o caos de símbolos"". Texto irável para uma antologia de traduções nietiicmanas: Nietzsche. nio contente por retraduzir as "interpretações falsas"111 da moral, na realidade traduz de uma lingua desprovida de sentido para uma lingua que se situa para aiém das nomeações, e onde o signifkantc nio se basta mais. e remdc metaforicamente ao significado corporal. Ao final de sua trajetória, a filologia se abole, o corpo fala e Dioniso também. Enquanto

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a moral» por sua *cz. continua um ddirío verbal, soüloquc letra em busca út corpo» sígniftcantet correndo atrás de teu erro, errando à procura de significado. "Significado" (de mesmo ainda significanie c metafórico» porque estendo- vindo*a*ser até a profundeza e nâo ttndo-vindo-Q-stf) contudo múltiplo: "Com que peso (IWr ptump) a língua « lança, armada com sua única palavra, sobre um ser tao polifônico :l,, \ "Sob a mesma palavra ("moral") se escondem ai mais diferentes tendências'•'•*. I para ilustrar seus ditos, Nictzsche oferecerá ao leitor uma brilhante amostra d í bravura filològico genealògka ao analisar, num texto famoso de O Crepúsculo dos ídolos, a polissem-a semântica da "paz da alma : texto cm que nlo se pode deixar de pensar nas palavras de Mane "Nlo ie deixem impor pela palavra abstrata liberdade. Liberdade de quem? Nlo c a liberdaJc de um simples indivíduo diante de um outro indivíduo. £ a liberdade que o capital possui de massacrar o trabalhador'"1** De um lado. portanto, a critica nieizschiana da moral se constitui como empreendimento filològico de tradução: isto quer dizer. {heissO em suma. a escutá-lo friamente e sem parti prif*****: "Deveu dizer 'inimigo' tinnd) e nâo 'eclerado' {BOsewtcht); devets dizer 'doente' (Kranker) e nâo 'patife' ISchyJt); deveis dizei 'Insensato' {Tor) e nâo 'pecador* laMprl 1 1 que leva Níef/sche. ás veiest a etboçar glosiários ou pequenos tóxicos da moral assim: compaixão crueldade. Amor Luxúria, Inveja Ambição Emulação Vingança Espirito de iustiçâ. Ridículo Original. Covardia Humildade, LXssimulaçáo Ator» Assassinato Guerra» Roubo Enganação Comerciante, Escravo Soldado Funcionário, Desequilibrado Poeta Santo. Sabedoria 'Inteligência \ E. depois de tudo. por que nlo considerar A mm falou Zaratustra como ama retraduçáo? Uma retraduçâo da Blbhi numa linguagem "extraxnoral"...? t># Pr»**»Jg ém w m toe *** 11 1 ' * OrçvuJo Ali àfofcu. '*A aor*] coftttc*fur*-h*!Ufii,'i 1l * Pttcwo toàfttfttvi+troc*. GftJUnu ú. Pttttdf. |Ht 1,1

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AS ASPAS DC NtETZSCHE FILOLOGIA E GE,NEALQG1A

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De outro Lado. o empreendimento fiJològko de Nieixsche consiste cm ar da palavra, sempre uitpcrta de morahsmo. sempre virtualmente cúmplice da metafísica, á reabdade, vir a ser múltiplo e trágico. Mas falai de uma simples cri* tka ootninalísta t suficiente? E ato se trau de outra coba bem diferente, de um retorno á linguajem trágica, i linguagem da realidade'*, aquela que Zaratustra falou {Astim falou Zaratustra). para alem das nomeações raotais e. se prestarmos atcoçtô á >ua grafia e tipografia, o titulo da Primem Dissertação de 'Tara a Genealogu da Moral1* o indica. "Para além de "bem e mal" ou "bom" c "nau". Do nto. mascarado e nomeado "JA" — de fato "|*A": do "verdadeiro" ao "grito"— ao sim. das aspas ao tato. do "amor da sabedoria" I arte da suspeita: "AQUI PALA uma filosofia — uma da» minhas filosofias — que nio deseja de forma alguma m NOMEADA "amor da sabedori*"; ao cootráno. da redama (tahcz por orgulho) um NOME mais modesto: mesmo um NOME repulsivo, que» de seu lado. fará com que rsia filosofia permaneça o que ela è: uma filosofia para mim meinio e que tem por divisa; salts sunt miAi pauca. satts est unus, MíLS esr nulíus — Oraf esta filosofia Dà A si MESMA O SEGUINTE NOME: a arte da desconfiança, e inscreve aâina de tua poria: **vr*$'atiarrr» m»M Da palavra à realidade trágica: "A humanidade, com vm Ímpeto cada vez maior, abarcou (uma^mt) apenas [nun nuvens* para terminar. *eu desespero, sua impotência, da as r>omeou "Deus"1". Das nuvens — á Terra.

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Discussflo Claude Viifien: Acredito que se coloca uma primeira questão relativa A utilizado das aspas quando envolvem a palavra m/idade: è impossível não assinalar com aspas a realidade quando ela se torna palavra — CHI entio esta t ama maneira de colocar entre parênteses a realidade de çurm pronuncia ou escreve a palavra? A segunda desloca a primeira do moral(ismo) ao social fumo). Pode-se percebi-la como queifio real através, por eaemplo, desses dois textos de Nietzschc extraídos do capitulo de A vontade de potência intitulado "O problema da modernidade** — textos nos qua» aparecem, dentre outros sinais tipográficos, os itálicos e ai aspas: "Nossa época, com seti esforço para satisfazer ás mis** rias eventuais, preveni-las, combater antecipadamente as possibilidades desagradáveis. * uma era de pobres. Nossos "ricos" — stoos mais pobres de todos! Esçutceuseê verdaáeir* finalidade de toda riqueza!" (tomo II, p. S5, | 245). "Tio pouco bitado quanto DOLIWCI! Nlo preciso do Estado; Km a coerçio da tradição, eu teria recebido uma educação melhor, adaptada a meu corpo, e nlo leria economizado as forças que gastei para me libertar* Mesmo que ai coisas em volta de nos tivessem que se tornai um pouco mais incertas, tanto melhor! Desejo que possamos viver com mais circunspecçlo. em pé de guerra. Sáo os espíritos mercantis que tentam tornar este Esudo tio atraente quanto possível para DóS. confortável como uma boa poltrona ao lado da lareira; sua fllosolU t aquela que atualmente domina o mundo. O esudo "industrial" de Spencer nio é o estado de minha escolha. De minha parte, quero tanto quanto possível desempenhar o papel do Estado. Tenho tais e tais despesas, tal e tal rendimento, tais e tais necessidades, tanto para dar. Pobre com Uso e sem ambição para as honras, sem adnuraçlo pelos lauréis da guerra. Sei o que levará os estados modernos á sua ruína, será o estado non plus ultra dos socialistas; sou o seu inimigo e odeio*o já sob a forma do estado atuai. Nesta prísio, tento viver ainda com serenidade e de uma maneira digna de um homem. As grandes lamentações sobre a miséria humana nio me levam em absoluto a juntar a cias minhas próprias lamentações, mas a dizer; O que falta a

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vocês è saber Wvtr umi vida pessoal e saber opor ás privações soa riqueza c seu gosto de dominar. A estatística prova que os homens cada vez mais se tomam semelhantes entre si. isto t „ " (tomo II, p 8748. | 260). Ene Blondei: Para nâo fícar com algum escrúpulo tipográfíco. acrescentarei que. no original alemAo, a última frase está em itálico. -J Sobre a questão da realidade, quis aqui permanecer relativamente míope, a fim de ngo alongar muito a minha exposição, e me referia limplesroente aos últimos textos publicados de Nietzschc. onde esta palavra realidade volta obstinadamente. Por falta de espaço, coloquei esta qucstlo entre parênteses, e apenai fiz aluilo rapidamente ás aspas que me parecem impor-te para aquilo que. segundo eu. c também um discurso.*. Claude Vivien: Sò t possível colocar esta questão entre aspas ou entre parênteses? Onde estaria a questão real? Ene Blondei: Eu diria — parece que a indiquei — que se trata daquilo que N.ctruhc chama de "a moçíncu do vir a •cr", o "faturo", "as pubOcs", c a "contradição", que a palavra tende sempre a obliterar. Quanto á qúestlo do socialismo» haveria muitos textos a cttau. Nlo creio que. rigorosamente falando, baia mlêdêde socialista para Nictzsche. Ele combate o socialismo enquanto dueuno e se. pelo vtts da filologia, pode-se comparar a oposição de Niet/Khe ao sócia* lhmo com sua luta contra o cristianismo, pode-se também mostrar que esta oposição e superficial, apesar dos textos que você citou com tanta cortesia* Maunce de Gandtlüc: O que voe* chama de "oposição superficial"? Ene Blondei: Quero dUer que NieUscbe só se opõe ao socialismo enquanto este permanece discurso de estrutura moral: mas. no plano critico, Nsetz3che partilha a questio do socialismo e sua oposição incide essencialmente sobre o otimismo socialista. Há um socialismo trágico? Kfauhce GondtUoc: O que me toca nos texto* citados por Vivien t que a critica do socialismo Junta-se a um tema "reacionário" muito na moda. Àqueles que reivindicam um salário decente, responde-se que t preciso mudar o meio ambiente, aperfeiçoar a cultura, tornar o homem mais humano, etc* Claude Vnien; Nictzsche diz: "Saber viver uma vida

EUÇKGNOtL

pessoal c saber opor ás pnvaçOes sua riqueza e uu gosto de dominar'V Maurkr Conduto: Ê quando muito, numa outra linguagem, o mtmio tipo de resposta. Você reivindica seu» mil francos por mf s ou suas quarenta horas, o verdadeiro problema ê achar uma riqueza cm voe*,.. Sarah Ko/man: Gostaria de voltar ao problema da realidade; a propósito da rrlaçào eatre as diferentes linguagens. num dado momento voei disse: "Ele a da palavra i realidade..." Gostaria de saber o que voe* entende por isso. Entre a^ duas linguagens, haveria finalmente homogeneidade, com agem codificada de uma 4 outra, como entre o sistema métrico francês e o sistema inglês de medidas? Você falou de "desfiguração", o que é preciso tomar, creio eu, no sentido forte, por referência a uma relação de violência entre os dois tipos de linguagens, o que implica listcmms opostos de forças e todi uma estratégia. Parece-me que. na sua exposiçio* vimos sobretudo ai relações de linguagens cortadas dai relações de forças. Eric õtondrt: Fala do que o meu projeto tinhi aqui de limitado. Se a energia de distorção, de deformação c de desfiguração í fornecida pela vontade de potência, a moral, por SUA vez. procede como se ofto existisse, mas Nieusche remete a isso, Ê menos evidente no trabalho do fllOlogo do que no do "fílôsofo*mêdico". E Nieusche nào é apenas fdôlogo: logo deixou a Basiléia, pots desvelar nlo basta. Ao falar de nio-isomor fismo. quis todavia mostrar que existe corte entre a moral e a linguagem da realidade, um salto para ser dado. Creio que essas duas línguas nlo slo rigorosamente tradurV veis. primeiramente por causa da distlncia entre o corpo e a palavra, e em seguida porque suas estruturas, como fantasma de um lado e realidade do outro, são totalmente diferentes. E se poderia dizer, no extremo, que Nictzsche ás vezes se deixa arrastar à preguiça: freqüentemente, ao invés de traduzir, coloca entre aspas. Eis por que fala de "deportação": ele subverte um código que se considerava evidente. André Richeux; Você valoriza os "claros" no texto? Quando voe* encontra claros oo texto de Níeizschc, voe* pensa que estai ausências devem ser preenchidas com a palavra "nihUM, ou ê preoso de«A*Us tais quais? E. se è preciso II < Ias, como faz* Io?

AS ASPAS DE KlFTZSCHE FILOLOGIA E « N l A L O G l A

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Eric BlondH: Vejo duas minerai de " l e r " ot claros: de um lado. como o» silCncios de uma tttrílura aforislica, ai pausas c as rupturas de pcrtpectha de um pensamento do Versvch; de outro lado, como a escuta, impossível de ter transcrita no texto, da "linguagem", isto è dos gestos, do tra< balho. dos borborigmos do corpo» do que Nieusche chama de o "mundo lubteninco dot òrgios" O daro è a irrupção do corpo no falso-plcno do discurso: de constitui o inverso, ou antes o avesso da netoçâo moral. Resta a Nietxjche uma alternativa ínsuper&vel: veja a linguagem da realidade, da vontade de potência, que nunca é mais do que linguagem. portanto deformação, seja o exttrior-do-texto do corpo, que i também o da loucura. De janeiro de 18891 agosto de 1900. há um grande claro na obra de Nietr^hc

Nietzsche e a completude do ateismo1 Kart Lôwttk

/ \ velmente convidado para este coiôquio. hesitei, de inicio, cm participar defc, porque, baseando-me na situação filosófica alemã, nio podia imaginar que por dei dias inícucn se pudesse, ainda boje. falar e discutir a respeito de Nictxschc. £ fiquei realmente estupefato com que houvesse ainda, ou novamente» na França, um tio grande interesse por Nwu^che. mesmo que mesclado a Marx e Freud. Na Alemanha, a cena filosófica estâ inteiramente dominada pdo oeomarxismo. a aniuise Jópca da hngitagem» a teoria da ciência, a critica da ideologia t um pouco de historia da filosofia. Pergunto-me de onde procede, na França, ou em Paru, essa retomada de interesse por NkUscbc. análogo ao experimentado por André Gide ha algumas dc/cnai de anos. Nenhum estudante entre côs ainda se interessaria pela teoria do eterno retorno. Era completamente diferente antes de 1914, quando tantos vohiotanof engajados traziam cm suas mochilas Assim Falou Zararusrro como uma bíblia. Também eu, na juventude, sujeitei>rae ao encanto de Nietzsche, mas vinte ano* mau tarde, quando o escrevi meu livro A Filosofia

p k l M N ea.VjffsicV M * Wbjrrbjhi á

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Sietuckmna do Ftrmo &ttormr. o moàtm stylt c o pmtho* de Zsrmtustn jà se Tinham tornado ináveis para mim, c tô pude cscrevTr meu livro ao desembnagar os discursos e terroto u montanha de Zaratusira. para r t d u M o t a um sistema raciona] de metáforas, de parábolas e de aforismo*. Mo que te refere a M c t u c W "bote", este ho)e me parece determinado pela tonta cientifica e peto ünico acometimento Que realmente marcou época; a rcnlizaçáo do que fora loohado de Luocn a Kepkr: poder u á loa O destino do progresso iccmco-acnftfko parece ser. a meu *cr, uma pctfc\lo progressiva, que rvio pode produzir ma» nada de completo* Como disse VaJcry. vivemos na "era do provisório". Em uma conferência de 1935. ao fiai do ensaio "Le Brillan de I' InlcUinencc". Valéry caracteriza assim nossa época: "Nosso mundo moderno está totalmente ocupado com a apk>raçao sempre mais cfkax. mais aprofundada* das energias naturais. Nao somente de as pesquisa e as despende, para satisfazer às necessidades eternas da vida, mis prodigaliza asp nota-se cm prodigalizá-las, s pon:o de enar. de todas as coitas, necessidades meditas (e mesmo jamais imaginadas), a partir dos meios de satisfazer essas necessidades que nfto existiam. Tudo se a, cm nosso estado de dvilUaçio industrial, como se, tendo inventado alguma tubstáncia. inventassem, conforme suas propriedades, uma doença que d a curasse, uma sede que da pudesse aplacar, uma dor que d a abolisse. Inoculam-not. portanto, para fins de enriquecimento, gostos e desejos que náo ttm raízes cm tosta vida firialfrOca profunda, mas qê resultam de csctmcOci psMuicas ou NCTISOUüS deiibcrsdantentc m f ^ d a i . O homem moderno se embriaga de dtujpaçlo. Abuso de vdoodade, abuso de luz. abuso de tônicos, de esnípefaoenlcs, de excitantes (...). Abuso de freqüência nas impressdes; abuso de diversidade; abuso de ressonância; abuso de faculdades; abuso de maravilhas; abuso desses prodigiosos meios de descncadcamcnio» por cujo artificio imensos eleitos sio colocados ao akance da mio de uma criança, Toda vida atual c insepartvd desses

KARLLQWITH

abusos. Nosso sistema orgânico, submetido cada vez rotis a experiências mecânicos, nucas c químicas sempre no.as, comporta-se cm relação a essas potênciv e ritmos que lhe sáo infligidos, aproximadamente como tu em relação a uma intoxicação insidiosú. Acomoda-se a s*u veneno, logo o cai* ge. Acha* a cada dia t a dose insuficiente1. O próprio Deus è eliminado, mesmo por teólogos modernos, e Isto sob a invocação de Niftzsche! O ateismo de Ntetzsche nio í. eniretanto. uma particularidade. Ê o pressuposto de todas as suas doutrinas: eterno retorno, vontade de potência, transvaloraçâo de todos o i valores, desde o primeiro esboço autobiográfico ate O Arttkristo e Ecct Homo. A questão que me coloco ê como interpretar o ateismo de Nietzsche. E respondo que nlo se deve inlcrprclâ*k>, se intefpretar significa que te queira compreender um autor do porte de Nictzsche melhor do que ele próprio *e compreendeu, isto fc. compreende-lo de outra maneira e portanto compreende-to mal. Na Alemanha é o que nomeiam, desde Hetdeggrr. uma ''transformação produtiva"; em Pari*, é o que chamam de dacifrar um código secreto. Se se trau 4e uma transformação produtiva, ou de uma simples moda, Uso vetemos dentro de dez anos. Nlo e verdade que um texto filosófico se constitui apenas pela leitura e a partir dela: ele permanece o que é, e podemos IMo e emende-lo de maneira correta e de mantua errônea* Mas continua sendo a matriz; e c preciso tentar com* prteoder um autor como ele próprio se compreendeu. Em Ntetzschc, a coisa c relativamente fácil, porque em novos prefácios ele nlo deixou de dar conta de KUS próprios escritos. Outrora, quando nio se podia ainda dizer nem publicar tudo o que se pensava, sobretudo se se tratasse de religião, a situa* çâo era diferente, c é por isso que Leo Strauss, em seu livro sobre Spinoza, está sem dúvida amplamente fundamentado para interpretar o que o autor calou. Em Nietzsche, parece-me que a tendência global da obra e perfeitamente dará e conduz a uma "reflexão última", nao somente sobre aqui* Lo que í hoje, mas sobre aquilo que t sempre tal como è: sobre o todo do ser c do vir-a-ser, c nlo somente sobre o mun* do do homem em sua perpetua mudaoça, esse mundo pró-

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timo que existe conosco c ao nosso redor. Assim, Nicuschc nlo pode ser apreendido tampouco sob o denominador comum di pretensa "emaocfeaclo" e colocado no mesmo saco que Freud e Man. para quem nlo se trauvi da totalidade. Na ordem cientifica, Frcud e Mari fucram grandes descobertas, mas os homem de áfacia nunca am de eipto* Com Nictzsche. a história moderna de um mundo em que Deus está ausente* ao mesmo tempo, realiu-se e chega ao fim, porque o "ateismo" nlo tem mais como adversário o leismo. nem mesmo um simpíes detsmo, como ainda ocorreu com os filósofos ateus do Século das 1 u/et Hoje, • palavra ét ordem do ateismo nlo ê mais uma profissão de fè. No iugar que ocupava o Deus summum ens e summum bomtm. há um milênio e meio. aparece, em Nietzsche, o and. englobando tudo do universo amoral; o csclo eterno do nascer e do perecer, no qual se inscreve também o homem, na medida em que nlo c uma imagem de Deus. mas um produto do mundo natural. Com essa desdivmuaçlo e sccularuaçlo do homem, completa-se a historia do ateismo filosófico, cujo começo remonta, entretanto, a bem antes da declaração niet/Khuuu da morte de Deus. Da começa, de fato. no século XVII. com os filósofos ses, como demonstrou com brilho Paul Harard em /.« CrtM de -J ConxWKe Evropefnne. O fruto maduro dessa ente sao os escritos de Vottaire, DkSeroc e Holbach. que eram designados simplesmente como "os filósofos", precisamente porque nlo tinham mais nem rcLgilo nem fc. A filha de DÜScrot relata, assim, que seu pai. no leito de morte, lhe declarara que a filosofia começava com a descrença. O marques de Sade tirou as conseqüências mais extremas da negaçlo umversal de Deus. e mesmo ainda no século XIX, a fé de Proudhoo no progresso social, político e moral t o inverso de seu "antitdsxno" radical. Mas mesmo os pensa* dores ses das Lmes, e o combate que empreendiam contra as instituições e os dogmas da Igreja, nlo constituem o inicio desse movimento que Nietzsche completará. Sào precedidos pela guerra civil inglesa de 1642 e pela critica ddsta do cristianismo. O maiehaituno de Hobbes é cem anos anterior ao de La Mettrie e o Trotado da Natureza Humana, de David Hume» teu Diálogo sobre a RefipõQ Natural c o Ensaia sobre os Milagres antecipam o ataque dos filósofos ses

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contra o cristianismo. Quando Montesquieu visjta a InglaCerra cm 1731. relata que aJ as pessoas não têm mais nenhuma religião. Em comparação á crítica inglesa c sa do cristianismo» o ateísmo da filosofia alemfl aparece como a retaguarda, cuja atitude frente á religião ê ambígua por princípio, pois sua crítica da religião serve sempre, ao mesmo tempo, como justificação filosófica do próprio pensamento religioso. Isto c verdade tanto para Kam. em A Religião nas Limites da Simpies Razão, quanto para a Critica de toda Reve/oçâo, de F>chtc, ou para A Filosofia da Rtiigiâo, de Hegcl. Eles tendem a conservar ainda o cristianismo, destruindo-o sob tua forma histórica e dogmática. Foi preciso esperar a posteridade de Hcgci, e com ek a explicação na qual se engajaram todos os jovens hcgclianoi de esquerda, como David Fríedrich Strauti» Feuerbach. Bruno Bauer c Man. para ver a filosofia alemã adotar uma postura deliberadamcnte attta. Mas Nictzsthe foi o primeiro a compreender que mesmo aqueles permaneciam ainda prisioneiros da tradição cristã e eram "semtpadrcs". Assim, ele próprio tomou como alvo de seus ataques, não tanto a teologia ou a idéia de Deus. como as conseqüências morais que a relif ifto cristã acarreta De onde sua tentativa de "iransvaloraçáo*' de todos os valores do ado, isto è. tris!.!••-. e a luta contra o cristianismo "homeopático" latente da civilização moderna. O que Nictzsche nomeou nuhsmo não * oura coisa senão a redução a nada desses valores tradicionais alterados mas sempre conservados Com o colocar em quês tão o "valor desses valores'1, surge a possibilidade de avaliações fundamentalmente diferentes em relação â existência em seu conjunto. No momento atual, vivemos ainda num estado de transição, onde não se crê mais cm nenhum artigo de fé. c oode. entretanto, conserva-se tudo como era antes; "atualmente tudo c, de um lado a outro, falso, fraco ou exagerada". Certamente não se espera mais a salvação cristã de um Deus justo e juiz. mas se continua propondo uma solução política terrestre numa justiça social sem nenhuma alienação* Não se :ré mais em um reino de Deus que virá. mas se conserva sua któj sob a forma de uma utopia sccularüada. Diz-se não A negação cristã de si mesmo, sem com isso dizer sim á afirmação natural de si mesmo. Não se crt mais no casamento dito cristão e no Estado cristão, o que não impede quase ninguém

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de envolver o nascimento, o casamento e a morte com uma ipartnaa de sanüíicaçáo cristã. Qucctn virtude dessa tmbi[U idade tudo apareça doravante desprovido de sentido crivei e sem valor* Nieusche interpreta essa situação como devida ao fato de que são sempre tidos como valorei determinantes iqueles que. na verdade» tornaram-se insignificantes e contradizem, há muito tempo, as avaJiaçóes realmente efetivas de nossa vida enfim reconduzida i t e m . Apesar de toda diferença, tem-se a impressão de que Nict/sche prolonga diretamente a crítica do cristianismo moderno feita por Feucrbach e KKrkegaard. quando escreve: "Olho ao meu redor: mais nenhuma palavra permaneceu dii* to que outrora se chamava verdade — verdade cristã, fc cris* tá. Igreja cristã — cada um o sabe. e entretanto tudo permanece inalterado como antes. O que se tomou o ultimo sentimento de convemtncia. quando nossos homens de Estado não hesitam mesmo em se dúer, hoje ainda, cristãos e em ir comungar? Quem, portanto, nega o cristianismo1 O que tk chama de "mundo**? Que se se>a soldado. )uu, patriota; que se defenda; que se assegure a honra; que se procure o próprio interesse, que se seja altivo; toda prática, a cada instante, toda avaliação tornando-se ação É. hoje. anticristã» Qw monstro de falsidade t preciso, portanto, que seja o homem moderno, paia não ter vergonha, apesar de tudo, de se dizer cristão? " A intenção positiva da destruição nietiachiana da interpretação da ciisttnria. tal como nos legou a tradição chata foi, desde o inicio, a reconquista do mundo natural, Já aos deae&ove anos (cm 1163). cm um esboço de autobiografia, Sietfsche se colocou a questão decisiva sobre o ser. que engloba tudo: i Deus ou o mundo? Minha Vtda começa por esta frase memorável: "como planta, nasci próximo do cemitério; como homem, num presbitério1' _ Termina com a constatação de que k tempo, enfim, de tomar ele próprio as rMeas e afrontar a vida. "E assim o homem se emancipará de tudo o que outxora o tolhia; não precisa romper as cadeias, ao contrário, subitamente elas caem por terra; e onde está o anel que enfim ainda o cerca? E o mundo? Ê Deus? Nieusche se deciüu contra o Deus bibbco do antigo e do novo testamento, e em favor do "grande a n d " do mundo, qoe compreende também o homem como um pequeno and no grande c, fazendo

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isso. dcvidiu-se AO mesmo tempo contra a metafísica ou o amért-monde platóruco-cratão* Ai dúvidas do jovem Nietjsche. concernentes á verdade da tradição criuâ e A verdade da relação entre o querer humano c a fatalidade que reina no mundo da na:ura*, encontram uma conclusão decisiva noi discursos alegórico* de Zaratustra. Aaim Falou laratuitra se apresenta ccww um "quinto" evangelho, o oarifelho anticrUtáo; a obra fora concebida como o "pórtico*' do edifício inacabado de A Vontúd* de Potènaa. que. como lodot o» escritos àt Mielzscbe desde torütustra. % % ten~ \M A dr uma "transvaloração" radical de todos os vaiores tradicionais, isto í. croUo*. por una "nova concepção do mundo'*, uma concepção at&a. " A morte d* Dcui" reclama de inicio a superação do homem crotlo atual em direção ao "altm-do-homem" — uma estranha expressão, de gosto djvidovo — e n seguida, torna posilvcl assim a recuperarão do mundo. O prólogo de Zaratustra conu como de encontra um ancião, um santo homem a cantar em louvor a Deus tem saber que seu senhor rdo r>u mais entre os vivos. Na última parte do livro. Zaratustra eocooüa u n outro santo, o último papa que já conhece a nova da morte de Deus c por isso se encontra "aposentado" Durante sua conversa, o vdho papa chama Zaratustra de "o maí» piedoso de todos os ímpios". Zaraiustra. que nomeia a si mesmo simplesmente o "semdeus". se eleva ao mesmo tempo cm que se completam o declínio e a degradação de Peus. E como esse Deus cristão, te cerca de dois mil aoos. foi o sentido e o objetivo do e do mundo, a conseqüência primeira que sua morte acarreta é o "nübsmo". que significa que o homem e o mundo doravante r i o fim mais sentido nem retas. À questão; "Por que o homem existe?", não há mais resposta. Para que possamos continuar a viver após a morte de Deus. uma transformação do suposto homem atual, do homem cristão, e sua superação em direção ao alem-do-homem. tornaram-se Indispensáveis. A segunda proposição capital do prólogo, depois do anúncio da morte de Deus, c. "Eu vos ensino o akm-dohomem", o que significa que o homem é. a partir de agora, algo que c preciso "vencer e superar". A doutrina niettschiana do além-d o-homem t uma reviravolta radical do dogma cristão do Homem Deus. 0 da encarnação filosoficamente iiKOmprccnsivd. o altm-dc^bomem do ado*. O quinto

I aCOtarUTUDEDO ATt&HO evangelho proclamado por Zarafuura pretende iUvarno« do "Salvador" dos tempos ado*, e a lentama ék assimilar o tosam ao caráter a m w i a l da vida do mundo lubttilut a imaofto Chmti. O homem deve se superar se rUo quiser se M H B V r.o nadi do nuLuô i ^ l u n c î morte Jc Drut, *c nio íjüiver naufragar e i«r o " è h i t n homem", o mau de** prezivd. f pr«ci>o vfttcer "Deus e o nada" " O alem-do-homcm é o tetuido da Terra." Por Uso. ele pode reftunoar a todos o* mièf+momém tnetaAi*coi e a ioda esperança uipraterrotre, a toda esperança de um remo celeste. "Permaneço ftíta à Terra!" Tal c a t m * t r a propoúçfto capital do prttofo. Da morte de Deus e da superação do homem em direçlo ao a)rm-dohomem, ek eorxhu pela necessidade de uma emrtfoda pwimftfff terrestre sem transcendência alguma Eue homtni terrestre, ees canse e osso. csar homem "anicdimtado". DO senado próprio da palavra, que te prepara para assunur desde afora a dominação da t e m — e o* senhores da Terra virto substituir Deus' — deve poder, j i que nenhum Deus ordena mais o que e k deve fazer, dar-ie a m metmo sua própria vontade e ek mesmo ordenar te A ajuia e a lerpcnte que se mantém enroladas cm seu pescOvO. a amve* e a prudência, tais sao os animais «mbòbcos de Zaxalustra. A altivez orgulhosa, a coragem nobre levantam se contra a humildade da resijnaçao no D e u cujo símbolo cristão é o cordeiro pronto ao sacriAoo. Zaramstra. o ímpio, está à procura de seus semelhantes. " É s l o meus semelhantes todos aqueles que se dâo a si próprio* sua vontade e se libertam de toda resignação*". Mas nio ê também uma forma de reugnatio direr' "Isso se arranjara?" A esse hissez/ctrr c a toda veleidade. Zaratustra opõe teu "Fazei stmpre o que quscròes. mas sede nxmoro daqueles que poCem querer". Ora. da mesma forma que o princípio do " E u quero" substitui o espirito de obediência do " T u deves", a crença mesma na vontade de Deus è d d o minada por minha vontade pró-

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pria. O que "permaneci*" após a queda da fé chsii era sem dúvida roeu próprio "E« quero", mas o que aparentemente rata constitui jft o verdadeiro núcleo. A vontade * o "principio" da fé, na medula era que o devoto nlo se quer a si mesmo* O nulismo europeu que se pergunta "se quer" surgiu, certamente, com a dcwaríçlo da fé cristã, mas o próprio cristianismo j i se desenvolvera, no fim da Antigüidade, cm favor de uma doença da vontade, Quem quer que nlo e de maneira alguma sua própria dominado e seu próprio querer, procura apok> e refugio numa fè estrangeira, que o persuade de que existe j * uma outra vontade — a de Deus — que lhe dirá o que deve fucr. O grande acontecimento da morte de Deus significa que se dissipou todo o horizonte no qual o homem europeu, h l dois mil anos, fundou sua eróttaáa. Todavia a morte de Deus. precisamente na medida em que dá origem ao niilismo. cria uma certa serenidade filosófica: pob, a despeito das trevas em que nos mergulha, podemos, de inicio, sentirmo-nos aliviados quando nenhum "Tu deves" pesa mais sobre a vontade do homem, depou que a morte de Deus livrou o homem do fardo de sua consciência de culpabilidade c de obrigação frente à existência, e lhe devolveu a "liberdade para a morte". E disso que Intta, no livro de A GaiaCitnae (intitulado "Nós, os Sem Medo"), o primeiro aforismo " O que hi com nossa serenidade"Eis que enfim o horizonte, mesmo se nlo «tiver daro, parece-nos livre novamente, eis que enfim nossos navios podem tornar a partir, tomir a partir por coou de seus^próprios riscos e perigos; todo risco é novamente permitido ao pioneiro do conhecimento, o mar, nosso mar, novamente se abre diime de nós; jamais houve, talvez, "mar tio aberto". A morte de Deus, para além do milismo. abre o caminho da redescobena do mundo. A parábola do inK&saio [A G*ta Ciência. III. ; E2S). que vai. por toda parle, anunciando a morte de Deus. incitou justamente aqueles que um dia foram devotos, que perderam & fè sem deixar, entretanto, de querer ser religiosos, a reencontrar nessa parábola grotesca e patética um sentimento que lhes t familiar: "austeôa de Deus e dos deuses", "norte do mundo", "descaminho"» "abandono" e "esquecimento do ser". Hodcocr pensi qae Nietzsehe, por essas palavras de

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profunda, do fundo de tua aíliçlo. dcvou também i voz c invocou Deus; pois a teus olhos, Nietzsche nlo foi um "«eu comum". mii t ao contrtno, " o umeo devoto do século XIX". Em quem ou em que ek acreditou? Isso m o nos dizem. Seja o que for* o que se pode duer. verdadeiramente, a esse respeito, é que para Nieusche o atdsmo nlo era a.nda uma questão resolvida, n a permanecia um problema. Em Eccr Homot ele acciu o julgamento que um aluno de Franx von Baader faz de seus escritos, segundo o qual ele teria preter.dtdo, por meio destes, "provocar uma espécie de crise e de dceulo suprema no problema do atebmo". Entretanto, a questão *e coloca: decisio peio ojní? Por um no*o deus? Ou pela antiga divindade dos pegos, a divindade do cosmos? Ou por um mundo resolutamente sem deus? E pouco possível responder com certeza a essa qucstlo. pois mesmo a ultima palavra de EcctHomc. "Dioctso contra o Crucificado", exá longe da frase inequívoca de Voltaae. que Níetochc dia aasta agem: " £ c r ô & r õ ^ w r ! " Oatchnode Kietiscbeêa impkdadc [Gottlostgktit) de um homem que no começo e no íün de sua existência invocou um "deus desconhecido". Para fazer desaparecer o equivoco nao basta alegar simplesmente i agem de Ecct Momo onde N teusche dec Iara nfto ter conhecido, por experiência pessoal* "dificuldades propriamente religiosas", e ter votuntaname&te experimentado, aic o limite, todas as contradita de uma natureza rchgiosa1. Nos escritos que se seguem a Zaranatn t que se destinam a cocnentá-lo. a esstoãa nlo somente da fc cristã, mas de toda rehgilo. c desmascarada como sendo de natureza puramente moral e psicológica- Se alem disso lembrarmos que Nietzscne via na certeza de uma "crença" e mona "convxçio" um argumento, nlo a favor da verdade, mis antes contra ela, nlo podemos nos impedir de colocar definitivamente em duvida a consciência que de caba de seu próprio valor e a convicção de sua misslo. que entretanto nlo cessava de aumentar. Nlo está excluída a hipótese de que seu Anticrxsto seja nlo um escândalo religioso, mas semeou a extrema intensficaçlo de uma criuca da moral existi, que de inaugurou desde ieus primeiros escritos, Se em seu último

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mo mostra-se tio raah apaixonado e radical, t talvez porque cm *cu isolamento e no sentimento de nfto ser entendido por ninguém, elevava a voz mais do que o necessário e íC perdia num papel com o qual caiu no eiagero c vc fez l40 comediante de leu próprio ideal". Por mait incerta que ainda permaneça a questlo da autenticidade de sua experiência religiosa, nio í menos verdade que ele procurou somente "alguém verdadeiro, direito, simpks, alguím sem desviai, um homem de absoluta probidade'11; e t por isso lainbtm que aceitou a ruptura com Richaid Wagner O próprio Zaratuiira, letamos na obra póstuma, nio a, sem dúvida» de um velho ateu: ''ele nio cri nem nos deuses antigos, nem nos deuses novos. 2aratustra diz eucrerei; mas Zarttustra nto creram. Que o compreenúam bem"*. Para captar o sentido de seu alelsmo. í preciso levar em conu alguns ponte» importantes: 1. De inicio, no próprio Nietische "o instinto reüghoio. isto t ( o instinto criador de deuses, desperta, às vetes, detpropositadamcnte1*. 2. No mundo que í o nosso, o Deus humanitário do crisiíanbmo nlo c rcvcltvel< 3. Nietzsche rejeiia câttjorkarnentc tanto o Deus moral. Juiz dos homens, o Deus antigo testamento, quanto o Deus crucificado, o Deus Salvador, do novo testamento, e em "A Feita do Asno" de Zarafuirra, blasfema ultrajaniemtnte contra cie. 4 Enfim» o único Deus em cujo nome fala t Dioruso. porque t para ele o símbolo da "afirmação mais alta do mundo, cia transfiguração mais total da cxiittacia« jamais proclamadas sobre a Terra1"*, enquanto, aotonlrário.oDeuscristâoé.aseusolhos. "a maior obieçlo contra a existfnda". "O Deus na cruz é uma maldição á vida. uma tnd*c*çio para se iivrar dela; I>ioniso esquartejado i uma promessa de ' vt.p.m. *XVl.p.ML -ítvrp m rM

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vida; eternamente renascerá c retornara do fundo do aniquiLamento' 3 ". O i tnistêrios dionisíacos celebram, na vontade de procriaçAo sexual, o eterno retorno da vida natural, "(-••) N4o conheço nenhum simbobuno mais alto do que esse s«nbolismo fnrgo, o d a i Dionisias. Nele. o mau profundo initmto da vida. o do futuro da vida, é sentido religiosamente — o caminho mesmo para a vida. a geração, como o caminho J í / I M L . Somente o cristianismo com seu ressentimento contra a vida no fundamento, fez da sexualidade aljo impuro: lançou lodo sobre o começo, sobre o pressuposto de nossa vida... 1 "*. " O amor do Deus c n s i i o petos homens * a exaltaçlo da idéia do homem vivendo com um ser assexuado**.1* O único deus que o pensamento filosófico de Niet^sche reconhece n i o t um deus mítico, mas " o mundo dionisíaco" da vida, que eternamente te renova e que e uma vontade " m u n d a n a " de autoconservaçlo e de exaltação de t i " A f a s temos do conceito de Deus a bondade suprema — ela ê índiana de um deus. Afastemos dck igualmente a suprema sabedoria: i a vaidade dos filósofos que é responsável (...) por esse absurdo. (...) Deus * a pertencia suprema C I M O basta. Dal de* correm iodas a i coisas, dai decorre — ° o m u n d o ! " " . Deus* a mesma coisa que o mundo, que c uma vontade de potência querendo a si mesma sem cessar. A esta >dcia corresponde o aforismo 150 de Par* Além dt Btm t Mo/, sesundo o qual " a o redor de Deus" tudo se torna mundo* Em compensação, o Deus criador da B b U . que está acima e fora do mundo, contradiz o ciclo divino do nascimento e da morte. Deus, isto t , o ser divino (to thtton) do universo total, perfeito cm si mesmo, è sua suprema potência e sua força, mas é uma força flnita e portanto determinada. "Nossos pressupostos: nada de Deus; nada de fim. uma força firma 1 *. H A essa força e potência divinas do mundo pertence, antes de tudo, a potfa< cia de procriaçlo do ser vivo. O mundo da natureza — ai está a potência suprema e divina. Com uma tal concepção do mundo, o " a t e i s m o " se rcabza e se completa. Julfado do

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ponto de vttii do tebmo crisilo. o mundo corncu-sc "sem Deus" e "nio-dtvino"; em n metmot o mundo, ao metmo tempo unidade e totalidade, existindo por fraca da natureza e divinamente perfeito. Sob O titulo "Nosso Ponto de Interrogação", lemos num fragmento importante de A Gaia CÜ*eia(t 346): "Estamos bastante endurecido* pela idòa (.•.) de que a marcha do mundo nâo c divina e. p*orB de que nâo è mesmo razoável segundo oi critérios humanos. .." O mondo em que vivemos c irracional, tem Deus. imoral, inumano. Mas o que pode querer dizer "inumano** em rdaçfto à totalidade do universo? Para se ter o direito
CT Kil u>—a. Mftt**a ft^yw 4* w**m **-***+> €****«, IV». p Kttt « f Ã O C F. H t t a c f t t , - V t r t i " . XVI p. 41?; XV p. 146 t *

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deixada aqui em suspoiso.. tfeuscfae. raais t a r c k . m O O r puscuio dai ídolos, t r a i o m resposta mostrando como o mundo "verdadeiro**, o o v a d o do» ideais, d a i idéias e dos Ídolos, tornou-se. enfira. uma fábula c com isso. ao mesmo tempo, a simples aparenaa do mundo das aparências. Nietncbe n i o somente *c d o a centra o Devi salvador cnstio, contra a moral c r o t l c os ideaa sociais seailanzados do cristianismo " l a t e n t e " , mas te procuaoa também peto mundo amoral, com o «cismo do qual o aicismo chega ao fim, Ele tem também o direito de adiar que com i> i+ *eihis cxpressàey de aieu. descrente e imoealau. estava longe de icr qualificado corretamente. O " a i c a " é. com efeito, acua expressão anacrônica* poò quem acredita seriamente no Deus do antigo c do no*o Testamento, ou mesmo simplesmente em uma religiio da razlo prtoea oo, corno Hefste. m unia ordem moral do mundo? Mas. poc outro lado. qoem acredita, cemo queria Nietiscbc. na divindade do mundo compreendida 1 maneira dos gregos? A i está o problema diante do qual o "ateismo** de Nietzscbe nos coloca. Os ateus dos séculos X V I I e X V I I I , os "livres pensadores" que Bossvct combateu insurgiram-te ainda com paixão contra uma crença religiosa dominante, e tiveram de lutar para livrar-se dela, e fazer de sua descrença uma profissão de fe. Para os atocos da religião dosecuk>XIX t essalibertK*ocmreiacaoaocnidanismodaj Igrejas j i se tornara uma tarefa ffcr-I. ainda que acarretando inconvenientes no plano sooal e político, como o prova a sorte de um Bruno Baucr. de um David Friedrich Strauss ou de um Feucrbach, Entretanto, de um modo geral, o aiasmo é. no séc, X I X . uma condição natural do pensamento cientifico. Que pensadores sérios como Heiscnberg ou Weisz*:kcT se digam ainda cristãos, isso, parece-me. n l o significa nada. O atcbmo c. como dizia Kictàchc, " m a acontecimento que concerne a toda a Europa*', c o resultado da divulgação do pensamento aenlifico. Também Nlctzschc pode falar do triunfo do "aidsaso cientifico", demento vital de todo penhonesto.

"Por toda pane em que o espviio trabalha boje sem mgmcear. DO fim das contas ^»«r"»TT O idcaJ — a expressas popular para essa abstmenat e *itetsmo' — abstração feita de sua "»tadc de verdade. Mas c m vneáade. este « J » de ideai t

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(...) esse próprio ideal, sob u i formul*£lo mais rigorosa* mais cspiriuulirarta, abiolutaAcstc esotcnca. despojada de lodo invólucro c. cocueqfletjtemeote. menos seu roto do que seu núcleo* O aicismo absoluto, honesto (c é somente csn sua •imosfcra que podemos respirar — nós, outro* homens, csç*ritos n a u cHHfitnatt dote tempo!) nlo cata, portanto, cm opondo a esse ideal, como pode parecer; ao contrário, ele nlo t «coto uma dai òlUmto fases de sua cvotuçfto, uma de suas formas finais, uma de suas cofuecûênciai intimai — t a catástrofe rcspeiU* d de uma duapüna de dois milênios para a verdade. Que acaba por ic proibir a mentira da crença cm Deu*"M. A consòincia crisU traiucendcu-se e sublimou-se em consciência cientifica que. a partir de entlo. deva-se contra sua própria origem colocando cm questio a moralidade da moral vigente. Através desse questionamento, e de seu ataque ao cristianismo latente da moral. Nietzschc destituiu o ateismo beato da critica da retigilo do século XIX. Nfto comente negou, como fez Feuerbacb, o "sujeito" dos "predicados11 cristãos, isto c\ Deus. mas também e principalmente os próprios predicados: bondade, amor. piedade, etc. Ousou opor, às virtudes cristãs do amor a Deus, da humilde obediência e do amor desinteressado ao próximo, outras virtudes, como os valoro transvaloradoi da "volúpia", o "desejo de dominação"* o "egoísmo", e este "pari alem de bem e mal — mas em conformidade com o criténo do bom e mim11, por esta vida total que interpretada segundo o principio universal da apropriação, da incorporação e do crescimento como vontade de pottoaa". Pois. "o que e a vaidade do homem mais vaidoso em face da vaidade que possui o homem mais modesto, dado que de se sente simplesmente 'homem' na natureza c no mundo?" Essa vaidade demasiado humana — que toma sua origem histórica na cresça que fax do homem a única imagem de Deus. e lhe atribui um lugar absolutamente excepcional no conjunto do mundo da natureza — perturbou o "texto origina]" da natureza humana, impediu que o homem se reconhecesse a si próprio como natureza- O que importa aqui e que o homem seja recolocado aa rtaturcu, no conjunto

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das coisas, e que "triunfe sobre as numerosas intcrprctaçócs c significações órias, tis e obscuras que foram rabiscadas e manchada* sobre este texto original eterno do homem m o ra; è preciso fazer com que cora*ante o homem te coioque diante do homem como ji boje, eadurcodo peLa disaptina da ctfncu. te coloca diante dessa outra natureza; turdo ás teduçóes dos %elhos artnheiros metafísicos que durante bastante tempo cochichar am-thc ao ouvido: "Tu es mau elevado! Tu ét de outra origem!" — é uma tarefa que pode parecer estranha, mas è unia tarefa — quem ousaria negar?"*. Entretanto, o homem moderno, o homem "pôs-cristâo", nio tem mau o à natureza diretamente, por intermédio da percepção c da m* esugaçlo cientifica do mundo natural, mas somente pela mtervençfto da experiência que tem de teu próprio eu como existência corporal, de uma existência maculada por um corpo. Para uma filosofia do "para si", como a de Saruê, i natureza aparece apenas nas impullóes. nos desejos e sensações da existência corporal, ao o que a "outra" natureza, fora de ata e "em si", provoca em nós simples nojo como em A .Vdusre Mas mesmo a experiência do próprio corpo nos é proibi* da. desde que os sistemas filosóficos aparecidos após o cristianismo transformaram o sentado do ser propriamente humano em um seio me vfrrre (Agostinho), em um cogito me cogitar* (Descarto), cm um "eu" que acompanha todas as minhas representações (Kac:). na "cocsoéada de si" do espírito que í puro para si (Hegei)* no "para si" da existência (Sartrc) ou cm "ter-ai" (Atsvüi), para o qual em seu ser se trata de ti mesmo (Hridcgger). Em outros termos: essas filosofias transpam o ser humano na refkxio do mundo cm nós mesmos, opondo-o i natureza pensada como o ser que existe fora de nóst que nos c rniaahn, o ser-outro. exterior a si; porque a natureza nada sabe de si mesma. Entio, é perfeitamente dentro da lógica de sua tentativa, que Pfctzsche. em seu esforço para reintegrar o homem na natureza (ou. para falar como SchePing. para "despotcnciaiizi-kO. estabefcça uma distinção entre o "eu" consciente de si e o "Si" (St&si) corporal, e interrogue-se sobre a origem e a essência da com* ciência. v n , B. t «

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Discussão Heinz Wismann: O que mais me impressionou em sua exposição foi o lema da totalidade e, relacionado a ele, o da transcendência. Com efeito» a articulação dos conceitos de totalidade e transcendência pode ser interpretada de maneira radicalmente diferente; e se existem diversas maneiras de •tardar os problema* do texto filosófico, elas podem ser caracterizadas a partir dessa diferença de interpretação. Você lembrou que Didcrot» ao morrer, disse que a filosofia começa com o Ungtauben, a ausência de crença. Eua afirmação parece dificilmente conciliivel com o que Nietzsche escreve em O Nascimento da Filosofia, onde, ao falar de Tales, declara que a filosofia começa por um verdadeiro ani|0 de fé metafísico (metaphysischtr Ctaubenvíatz}\ a crença de que tudo o que t procede de um todo que ê. Nascida de uma Intutçfto mística (mystlsche Intuition) da totalidade, a oatoteologia prt-tocràtica transpôs de uma sò vei os obst* culos da experiíncia [Htcktn der Erfúhrvng). A rgcuia M i acreditar na possibilidade dessa transcendência acarreta a regressão ao empiriimo cego da era pré-filosófica. A menoi ue a contestação vise ao objetivo*Z*el) do impulso especula* vo. seu limite supremo, e exija a transgreâo deste. Mais do que uma ausência de fé* trata-se entao de uma heresia. Here sia que consiste em querer prolongar a transcendência para além do horizonte da totalidade. Ora. uma tal vontade herética reencontra-se. Km cessar, diante do obstáculo que acaba de transpor. Ela nlo escapa à totalidade. Tudo o que pode fazer é fortificasse com seu fracasso, aceitar o desafio do eterno retorno. Dizer que Nietzsche nega a transcendência permanece uma comutação ambígua, é negando o que afirma, e afirmando o que nega, que o pensamento faz aparecer a articulação contraditória da totalidade e da transcendência. Kart Lõwith: N l o sou o único a utilizar o conceito de totalidade. Ele se encontra cm Heidegger. igualmente. Aplicado ao mundo da natureza» parccc~mc consoante ao pensamento de Nietzsche. O conceito formal do todo. como totalidade possível de uma transcendência, é central na interpretação de Jaspers. Mas no sentido em que a entende, ela se aplica mal a Nietzsche, que nfio somente transcende iodo concei

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10 forouJ de transcendência, nus procura no* liberar de ioda transcendência, que t, para de. sempre a do Deus criador NictzAchc interpreta sempre cua superação da transcendência com uma atitude polêmica, mesmo contra o ateismo de DxJerot. Quer excluir a transcendência mesmo do conceito da na* íureza como totalidade, Certamente, n i o se pode desfazer da idéia, ou antes, da impresslo quase empinca. de que vivemos num mundo que è totalidade, na medida em que. para ele. te o homem nio e criado à imagem de Deus. nio pode ser senio um produto contingente da natureza. Mas parece-me que o conceito filosófico da totalidade, ou qualquer conceito de transcendência (ou melhor: do transcendido), só tem lugar em NirtiKhe como Stlt*uufrfr*mdung. como uma supera* çâo de i), que se apbca unicamente ao homem. Heinz Wismann: Se itirmos» conforme a ótica tradicional» que Nietziche reconduz o pensamento, do horizonte da transcendência ao da imanênoa. c preciso acrescentar que, desde Hcgel. a transcendência se confunde com a imanência do sistema enquanto totalidade realizada. A clausura < um faioincontomivei Ela condena o pensamento irepetKio. O retorno do mesmo, ligado à realidade da imantnoa. excede os limites da totalidade, ao parodiar a reiaçio de identidade. Traia se ai de uma outra transcendência, verdadeira proteçio na abertura infinita do tempo. Kori Lôwttk: O testo mais significativo na obra de Nietzsche parece-me ser a paisagem do Crepúsculo dos ídolos, intitulada Como o \trdodetro mundo acabou por st tornar tm fóbuèa\ aqui Niçt/sche apaga toda concepção transcendente de um mundo verdadeiro c anuncia o mkio de uma nova concepção com a frase de Zaratustra: " A q u i sou eu que aparece..*", através de um retorno para aJcm de Platlo. cm dircçio a uma cosmoteotogia que ele opõe, como a verdadeira filosofia grega, a toda a filosofia crisU, Bto é. em todo caso, a ioda filosofia até Hcgel, a uma antropottologia onde o homem ocupa uma posiçlo de etceçio, onde o mundo só tem sentido pela relacio entre o homem e Deus. A questlo ê saber como. hoje. após a chegada à lua e outros progressos cientílV cos è ainda possível a:er-*e i cosmoceoiogia pre-socriixa. Eugen Fmk: Karl LOwíth nos akrtou, em suas observaçOes preliminares, contra a importação de conceitos estrangeiro* no texto de Nietzsche; nio estou certo de que se tenha

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mantido fiel a esse principio metodológico. Ele se utilizou, essencialmente, de um método, ao mesmo tempo histórico c biográfico, e iro a precisão de seu perti-pris traduzido cm ato, O sentido de sua proposta é, parecc-me. que Níctzschc operou a rcinscrçAo do homem na natureza, pondo fim a urna pretensão secular do homem como imago Der. mas na raposa çflo de Karl Lüwith» creio, esta reinserçâo nAo concernia senão è natureza viva* Ora, o cosmos è feito do vivo e do morto, de natureza orglnica e de natureza inorgânica; c um mundo totaJ Que engloba essa dualidade e que se chama potência. Nâo leria preciso interrogar le sobre a significação de uma rein K T ç I O do homem somente no mundo vivo e n l o nesse mundo lotai da potência? Tive a Impressão de que Karl Lôwith reteve apenas o aspecto "zoológico" do homem e da natureza, o que corresponde exatamente à vislo grega do mundo como grande ser vivo. Mas livros como o de Monod. " O Acaso e a Necessidade", mostram bem que essa perspectiva esta superada. Paia nós. cosmos nlo pode mais significar natureza animada. Karl LOwith\ Você suspeita que eu nlo tenha sido total* mente fiel a meu próprio principio metodológico, à minha recusa de interpretação» à minha proposta de iimples comentário. Ê difícil para mim responder »lhc essa questão. Observarei somente que eu nao podia comentar Níctzschc sem rc< correr a um quadro histórico, o que expóc sempte á acusação de interpretar, mas essa vontade de comentar e o recurso aa quadro histórico constituem justamente um esforço para escapar a uma interpretação puramente historktsta. £ indo ao limite da interpretação histórica que se pode superar o his* toríciimo. Quanto ao problema da reinserçâo do homem na totalidade, o essencial c essa observação de Níctzschc. segundo a qual ê preciso retraduzir» rccolocando-ai na natureia. todas as figuras do homem, ja que o próprio homem nâo e senfto uma pane do mundo. Certamente, a dificuldade reside no fato de que essa parte do mundo é uma parte consciente do todo. Mas o todo nlo pode ser compreendido a partir da consciência, isto tt de uma particularidade humana que aparece, mais de uma vez. como uma espécie de doença. Terceiro ponto; você me objeta que, para Nieizache. o str t a vida c que, para além do ser vivo. ha uma natureza

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HBRSCHCCACOMPlXTVDCDOATElMO

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inorgânica que c umi espécie de potência» ou mais cutimct^ te, qut a antiga oposição entre orgânico e inorgânico nlo i mais totalmente aceitável hoje, que se tomou problemática. Responderei que, embora o homem pertença à natureza e nasça dela, permanece, para Nieusche, consciência do todo* E, finalmente, o enigma de uma natureza dando origem a um ler consciente que se volta contra ela, que cria obras de arte, que pode tramfor má*la, mudar >cu scntklo. nlo *, laJvu, no fundo, mais difícil de apreender do que o de um Deus criando um homem capaz de se revoltar contra ele. Gitbcrt Kãhn: Pcrmita-rnc retomar sua proposta metodológica. Voe* deseja que os textos sejam tratados diretamente em si mesmos, e nâo de acordo com o que ai se pode ler — o que visa, sem dúvida, tanto às leituras freudianas ou marxistas, quanto a uma interpretação de tipo hcideggenano. Mas você pensa realmente que nâo se deve levar cm coou o nâo-dito no texto? As indicações que o autor dâ, concernentes a seu próprio pensamento, têm mau valor que as de um homem de teatro, concernentes à sua ptòpria poça? Em particular* no que se refere às relações entre o ateismo e a religião, do e- se dar cròdito ao próprio Nietzsche quando trata Schlcir« macher c Feucrbach de "semipadres"? Nâo te deve considerar • questão em si mesma, independentemente do que Nietzsche pode ter escrito? Trata-se de saber se sua atitude pessoal nâo t, em certo sentido, mais religiosa que a reviravolta de Fcucrbach e de Schletcrmacher. Karl Lówith: Nietzsche t o tipo do pensador que sempre tentou, ele próprio, fazer o balanço de teu pensamento. Em Ecct Nano* vísâo retrospectiva de sua obra, constata, HSTpreso, que escreveu coisas mas ignorava sua própna unidade e era inconsciente de sua coerência, que tó lhe aparecia no fim. A questão c saber K nâo se deve, ao menos no caso de Ntetzscfae. dar credito a essa interpretação do pensador por de mesmo, mais que 1 dos exegeus ultcnora — a começar, durante tua vida, por Lou Salom* — que pretendem compreendê-lo melhor do que ele próprio se compreendeu. Po«s, se assim podemos dizer que nâo há coisas caladas em Nietzsche, o comentário se Justifica maii que a interpretação. Outrora, a proibição de dizer tudo, por exemplo, a propósito da religião, podia incitar à interpretação dos claros, como fez Lco Strauss propondo* i maneira de um detetive, a leitura do que Spinosa

H*L LO*ITH

nio disse. No que concerne ao atcttmo. interpretado num sentido religioso, partee-me qwc i posição de Nietzsche nlo 4 absolutamente compararei à de Feverbncti. Niet/sche foi uma natureaa religiosa, desde tua juventude ate o fim de MU vida. quando invocava ainda o Deus desconheodo. Entrelau* to. a fórmula freqüentemente citada. Dtotuso contr a o Crucificado, nâo t suficiente, creio, para definir toda a sua atitude em relaçio I religião. Nek. au coisas Uo mau complicada] que em outros pensadores U M do século pausado; seu questionamento do teismo * antes uma contesta-lo radicaJ da m o ml cristã. He.nz Wtsmaw. Voei diste que Nieirsche se interpretou a SJ mesmo, que se elucidou integralmente ao retomar seus próprios os ou. pelo menos, que se compreendeu melhor que outro* intérpretes, posteriores. Mas esse retornar sobre ti do autor» inscrevendo-se naturalmente no esquema do eterno retorno, pode igualmente ser pensado como ditfe renciaçAo, como correção progressiva da trajetória. Creio que NKt/ache nos advertiu bastante freqüentemente coatra a ilusão de identidade, para que suas auto interpretações nlo tejam suspeitai. Kml Léwitk: Nlo te traça de identidade, «as da descoberta rettotpect iva de uma continuidade involuntária em toda obra. Htmt Wismtnn: Pen**riamot de bom grado que se trata ai de uma ficção, e talvez a rivais impenou de todat: a con* tiuçto ê paumoft da ontem. FffuzM> AsMod-Mtkkatl: Jà que se evoca esse tema da íícçáo. gostaria de ducr que. justamente na ordem da ffcçlo, NKUSCAC ratitui um sentido ao cristianismo. Ele o demok enquanto moral, enquanto instituição, mas retoma, por um eterno retomo, os temas mesmos do cristianismo; de inicio, i superabuxvdincia de amor de Zaratustra pelos homens, div umulado. às veies, como dttprezo. como paródia, mas que olá sempre U; c n seguida, isto que chamarei gjosacirameüic de messianismo, isto é, a idéia de um salvador que nlo dev? tornar-se uma instituição, que deve permanecer a paródia de si mesmo, mas que é. d e próprio, o retomo de um outro Zaratustra. o Apoio grego, o Horas dos antigos egípcios, a «léu de um amor pela terra e peta vida, que deve ser re-stíruido e restaurado* e de um personagem mítico encarregado Cessa salvaç&o.

N1ETZSCHE E A COMFLf'TVH DO ATTtWO

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Kmri Lõmith: A retomada de Nktixfac, de seus escritos de juventude, nlo t um simples retorno; * uma continuidade, orientada para t superação de ti, um vtf-a-ser mau radical NOS te freqüentemente aqui em "intensidade": è umi continuidade no sentido de "mais intensidade", ê também am movimento de esperanc* em Nteuschc. Se voei encontra em Zarutustra motivo* verbalmente religiosos, ete tio sempre poUmicot. E * ai que u pode ler a famosa apóttrofe: "Ack! das* Einer tk noch w i iMrtn EriOser eriQsttt ("AM que de MU redentor alguém atnda o* resgate!'*). Roberto Cúêmtc: Gotiana de voltar à questlo colocada no inldo por Karl Lowith: por que a Alemanha hoje evita NitUsche? A resposta I, creio, que ela teme teu pastado. Depor* da guerra, e para se justificar, quis Lançar no obteuran turno alguns de teus maiores pensadores, nlo somente NtciKht. ma* também Schopenhaucr. No>aü*t m maiores romântico* S*o todos suspeito» de fercm.por aulmduci.os agentr* de uma conjuração secreta, de que o nammo terta, de alguma forma, o resultado, Esse erro capital foi compartilhado, mesmo em parte, por pemadores tio importantes como Walter Ben>amin. E» depoi* de Bcnjamin, nlo houve. na Alemanha, questionamento radical do pensamento mctiscaiano. Quando começamos a preparaçlo de uma nova edi çio de Niel/sehe. encontramos muito rapidamente aceitação pelo lado da f rarxa, ma* quanto i Alemanha, ai negociações duraram anos, e a resistência concernia menos a motivos finanerjos do que ao medo. E, finalmente, foi De Grupes quem aceitou, isto cÉ um editor acadêmico. Kúri Lômth: E caro que o desinteresse da Akmaaha por Nietische é. em grande parte, uma conseqüência do na/umo, e das interpretações tendenciosas que haviam udo feitas do mctíxhianumo Nao penso, entretanto, que somente a situação política na Alemanha, durante e apta Hitler. ttpttque o paradoxo, de que foi preciso dois italianos marxista». Mooiman c Colli... Roberto Catasso: Um deles è marxista, o outro nlo... Kari LOwtthz PATA no* dai uma edição completa e tio esperada. As dificuldades financeiras nlo foram simples pretexto*. Mas, o que quer que seja, eu gostaria de saber por que a juventude sa se interessa por Ntetzschc. e nlo creio que ji me tenham dado uma resposta completamente satisfatória

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kAKLLOWJTH

Mourice de Ganditlúc: Os moüvos político*, cm todo caso, nâo l i o suficiente*. Tivemos também nossos metzschia* DOS de direita e Nictzschc teria podido se achar comprometi* do com a ' 'colaboração1', como o esteve na Alemanha, cool certos setores do hitlcrisaio. Roberto Catasso: Mas houve Bataillc e Klossowski!' Maunct de Gandiítac: Certamente, mas o Nietzsche d£ nossa juventude atual nâo è somente talvez nem mesrm) principalmente — o de Bitaille e Klossowski* Como bafl mostrou Foucault em Royaumont9,t antes o da trilogia libertária Marx-Freud-Nicluchc, Ot três, ou doii dot t r l i , \h0 confrontados e combinado* em um grande número de dissertações e teses* acrciccntando-sc ai referências variáveis à im gtlhtica, ao cstruluralismo e a tudo o que se relaciona á mod* parisiense. Dominiqut Bourti: A psicanálise nâo a de um m±iodo. O problema do marxismo í . muito freqüentemente, maculado por combates de ortodoxia. Ntctzsche c u m d ^ único* filósofos em minha opinláo. o único — que permite ser« verdadeiramente, entre aspa» c com todas as precauções, "si mesmo". Escutemos o que diz em A Vontade de Potêncfr "Mestre, que devo fazer para ser felix?" — " N l o sei, i# felií e fai o que quisera", Maunct de Ginditíac: Ê uma transposição — suprimln* do o amor — da máxima de Santo Agostinho- Délige, rt fui çuod wi. O apelo á felicidade pode seduzir seguramente mui* tos jovem e menos jovens. Mas dizia Oide outra coisa em Lei Nourritures Terrestnsl Sua explicação ê um tanlo curta, e tf voot a ampliasse através de referência a Sade e BatalUe» è $ própria idtta de "felicidade" que seria preciso, então, cokv car em questflo, em relaçio aos temas do disptndio e da intensidade. Ma» sobretudo, qualquer que seja o valor de leu testemunho pessoal, nlo se deve subestimar o que se espera hojí

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METZ3CHI E A COWl£TVPC DO Al 1ÜMO

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de uma convergência, ou, «o menos, de um confronto, a crítica marxísia. a doutrina freudiana, c toda a conthbujçAo subversiva de Nietzscht. tal como se depreende aqui mesmo era nosso colôquio. Heinz Wtsmann: Niet^schc è um caso clássico disto que se pode chamar de asiimilaçfto cultural, operado que consiste nlo somente em ocultar o sentido dos escritos, como Lambem em deformar a materialidade do texto. E verdade que a ambigüidade, uma das característica* principais de sua escritura, era vulncràvd a esse gtncro de empresa Tenho a impressão de que na França, t pelo viés da literatura maldita, isto e, ao elaborar o conceito de uma tal literatura, que se pôde abordar a face oculta da figura nieuschiana. Kart Lõwtih: E Curioso que homens inteligentes como Benjamin e Adorno nio se tenham ocupado mais seriamente da Nietncht a partir do momento em q*e aderiram ao marxismo. Sem falar em LuckAcs» que pretende ver nele apenas um macionalisia romântico. Nêtm Wamann: Isio diz respeito, creio, ao problema da subversão. Nada garante, com efeito, que eia se detenha diante da revolução. Mai o caio de Bcn>amin e de Adorno t maii complexo. Ar. tf? Ftécheux: Na última pane de sua cxposiçlo. quando Karl Lowith, partindo de Santo Agostinho, atra*** de Descartes, Kant, Hcgel. chega a Heidtgger. podemos pav sar que esse colocar em »ène. que esconde a recusa do poda de ruptura de Heideggtr c seu alinhamento, consequentemente, no conjunto dos metafísicos, nio tem como correlato ocultar, na prôpna interpretação de Nicuachc, um conceito capital em Hndcggrr, ao menos a partir da Carta sobre o Humanismo! Quero
•o. rt* o Wk> 'ZUí OmlJÉW ém d*** 1*14)" (CoAtnbvifaâ p*,« 4 kmAn* 4*

LA1LLOKITH

temo que você deixe de lado o que è fundamental em Hndegger. a ac jiralijaçio de um certo código, que me parece ser precisamente o de uma linguagem escrita como metafitxa, de maneira que voe* mesmo permanece preso auma espect* de cireularidade viciosa, entre uma teologia que Nietzscbe etiquetaria, laKcr, como teista, e uma a-teoaogia ou um a-teismo. que finalmente n i o teria tenio a teologia negativa, enquanto que precisamente» taNea )a em Nfctrache. em todo o ciso* certamente em Heidegger * pvtif cioia ou revolucionaria Quando w x í lenta desligar, ou opor. ou integrar Nict/schcMcidcggef Treud Marx colocando-os em compammentot, por assam direr» heterogêneos, separados uns dos outros na tásaòria da filosofia (o que. aliás» c muito bem tradaxido no apêndice de seu livro sobre Ntetzsche» onde Hcidcgger n i o tem lugar próprio* è relegado a uma espécie de gaveta), eu me pergunto se. explicita ou implicitamente» n i o se trata de uma* estratégia» aliás» legitima, na qual n i o t u n t o dcNietzscbe— e aqui respondo a Roberto Catasso — que a Alemanha teriaj ado ao largo, mas igualmente de Hcidcgger, menos em sua possibilidade de utílizaçio, digamos» fascinante, que nat* tirtuatidades propriamente criticas de sua linguagem» nisto que o aparenta de longe a pensadores como Marx e Freud, porque dá instrumentos de leitura indispensáveis para eviur

•attKacGj

StETZSCHFE\COWrLfTUt*ÜOATtttM<] oposiçOcs viciosas de conceitos, como o i que finalmente fariam de Nktzscbe um nostálgico da fê perdida. Nêo nego que haja isto também efli Nktrsche, mas temo que. enftn, você d l ênfase sobretudo ao Nict/Khc religioso,, e, ao utilizar textos autobiográficos de juventude ou ccrtoi poemas, bloqueie o pensamento nietZKhiaao q*e ele n l o pode liberar sua potência critica; você bloqueia o pensamento heideggcriano c o i que Lhe sAo mais ou menos aparentados, num nível totalmente neutrah rAdo Lniio, chega-se à t o e de Roberto Calasso. que fa/ de Hideggcr um interprete, por ast*m dizer, frusta, au mesme conservador, de Nietasche. enquanto a potiçlo de Hcidcggei è uma posição que. na linhagem da fenomenoJogi* husserlana, e de maneira oblíqua em relação a ela, consiste em liberar o uso de um instrumento critico, tolo ê. i mo*, um instrumento de leitura, de rekitura. Kirt lòwiitt I m minha «posiçAo de hoje. eipiiquci muito pouco minha pouçio sobre Hndcgger Ckntana tomente de sublinhar que ck interpreta Nieuxhe rcíciindo-o à sua própria problemática* A J i tt&tio do wr e do tvqugfltaMM do ler, da história da metafísica. Penso, de minha pane, que nlo rompeu verdadeiramente com a tradição metafísica; que. ao contrário, t uai doa raros pensadores contem por tacos a ti-Ia assumido desde o* prf-socrAtkcos afê Hegel Mau que una ruptura. te)o simplesmente, em Heidcgace, a comtatadfl do fim da metafísica eB mito, a continuação do que haviam balo o >osem M a n , e depois defc, periodicamente, pensado* re» de menor n l v d , ootadamente Dilthey, que Hcidcggcr, ao menos em certos períodos de tua vida, parece ter irado muito. Poder-se- ia acrescentar que o deslocamento da quev tio do ente ao ser é uma ruptura radical, na medida cm que o enie è tlo-sooeftic suscetível de formar uma totalidade idêntica a si mesma e única capaz de funcionar como chUrío de verdade. Nomwt Palme: Gostaria de retomar a relação entre totalidade e transcendência, tal como foi colocada ao inicio desta ditaiiaao e, notadamente, o que disse Wismaan sobre uma "projeção aa abertura", que me parece justamente ema cegado da transcendência. Heinz Wismann: O que chamei — emprestando a temi*notogía a Karl Lowith — de uma "outra transcendência".

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tem antes • forma di transiaçAo, do deslocanscato; eU t« opera precisamente pelo reconhecimento da «nanrncia. pela aceitaçio do morno do mnmo. que funciona como um gerador de diferenças inccupcrávcu peU d*a£tica da identidade No inicio de A G*ia Ofnrif. Sietncbe define i essência da espécie humana como instinto de consenaçio. feia tal fòrM k resiste à anihie lógica, na medida cm que a identidade confunde se ai com a mutaçio. A cuénoa nio è mais concebida como origem imutável regulando a teologia de um vira ser. mas como pro>cçlo infinita na abertura do tempo. Isto vale, igualmente, para a formula mais geral da vontade de potência, que define, segundo a cipreisio de Nieizschc. a tsicncia do que e *ir-+strNorma* Pa!ma Parece-me que. ao conceber Deu* como ccmraliiador de valores, e, ao deslocar essa funçfto para o alem-do-homem. Nieuscfce estabelece um novo quadro de referência, mas num nível psico-sdeio-histórico que nio pertence m*** ft problemática mciafh*ca no sentido tradioonal do termo. Kãrí Lòwtih: Seguramente, a filosofia de Nietiscfae esta vokada para o futuro. Mas o futuro a que de vtsa está em retaçio com uma critica da cultura bem ma» profunda que. por exemplo, a de um Feuerbach. Roben Sasso: Gostana de lembrar um texto celebre, que todos os comentadores retomaram, em particular. Jasperv £ um dos mais tardios de A Vontade de Potência. Colocando dm Wttt entre aspas, Nieusche escreve: "Para mim. *o mundo* c uma totalidade". Mas mostra bem que nessa totabdade nio há nem dispendio, nem perda, nem crescimento. Ela exclui, portanto, toda transcendência. No inicio de sua exposiçio. voe* leu um texto bastante kmgo de Valer?» que c uma condenação do mundo moderno» e onde se dti que "o homem moderno se embriaga de di$s»paç*o#\ Nio compreendi bem o mso que voe* faz dessas palavras, se para você elas proloagam as concepções de Nieuschc. leasoegani. c o n s u m i , gostana que voe* explicasse essa referencia preliminar a um escritor que sempre foi definido como nio-filósofo. Kari Lõwitk: Direi, de inicio, que nio resisti ao prazer de ler cm francês essa página de Valery. pois há algum anos ocupo-me bastante desse peniador francas. Mas. sobretudo, parece-me que mnguem soube mcfcor que ck descrever com

lACCMPUTVnoOATItUÉO

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brilho tfcMBMfci tio iacMvaaifomçtoquchoitè a e que tahci ap«rtça melhor boje do que cm 1935. Eufrn ftarr Voe* dèue que para Ntetache. uma vea abofcdo o boruoacc da traibccodtocia, o homem toma-K um caio fortwo. Como isco * poatfvci, te * verdade que o acau mão tem lentido m ã o em rc*ç%o a tma aecesudade. eU pcò pna ligada a uma totabdadr? Segunda qucstlo: como o homem de Nietzsche code referir-se ao todo atrai és de KU pensamento? • • • LCwtik: Que o homem seja um produto coatíalente da natureza, n*o Mnpfcca absolutamente a cxnttncia de uma tranKcaitaaa, mas exdm. de imediato, toda necessidade tefcol60c*. E o fato de que o homem tefa. ao metmo tempo, uma cnrwagrcia capai de pensar o todo. olo supõe, de forma alguma, um emfr+mondt superposto 4 totalidade M-

Nova experiência do mundo em Nietzsche* v o m SUAS contradições SUAS máscaras c suas mudan ,-"••. quase nlo há pensador que dí lugar a múltiplas interpretações corno Nictnchc. Lí-se em teus "Póstumos": "Sou o mais dissimulado cntic todos os dissimulados" e "Tudo o que è profundo ama a máscara". Toda exegese da obra de Nietzsche é empresa arriscada e. no melhor dos casos, perspectiva. EstilUaram o pensador como herói dc lenda, cck oraram suas "conquistas psicológicas" ct aradas á sua própria psicologia desmascaradora. descobriran>no como um tornem que sofre profundamente e sonha com a nquua dc vida forte e vi; denunciaram-no como precunor do fas. como anunciador do niilismo ascendente, etc* Vários fUosofemas tentaram abusivamente invocá*lo c lhe Impam desvios de sentido. Empresa facilitada por sua maneira de ser. suas vistes a mergulharem no coraçio mesmo do vhi* Ao. a coloração apaixonada e o brilho inédito de suas formulações expressivas, sua habilidade em acionar todos os repstros de uma grande arte da linguagem, capai no seu conjunto de persuadir e convencer. Essa multiplicidade de faces provém ainda de sua desconfiança frente ao rigor do conceito, á tua exatidfto e força petrificame» dc sua recusa em sacrificar á universalidade do Logos o concreto com seus meios tons e luas nuanças intermediárias cB sobretudo, do invocar imagens sugestivas, figuras de visionário e falar por metáforas insôti-

NOVA KXtt&ltNClA DO MUNDO £M M I TZ3CHÊ

u v Some-se a aso um estilo fragmentário, aforistico, imperioso* sedutor e provocante. Mas para compreender seu pensamento é melhor partir de sua pessoa, de sua humanidade empírica, out antes de preferCncia. considerai suas enunciaçôc* sobre a essência do homem? A fascinação que exerceu sua obra literária, principalmente no inicio do século; o encanto com que da entreteve espíritos de grande classe intelectual e uma juventude capai de entusiasmo — tudo isso pertence ao ado. O duplo combate de Nictzscbe. contra a tradição ocidental e as "idéias modernas" perturbou, sem dúvida, o espirito do tempo: de nio o transformou em profundidade. A realidade efetiva da tecnocracia. a racionalidade planificadora estendida a todo o planeta, a influencia crescente, nos dois hemisférios, do iguaI turismo provindo da Roolução sa — tudo isso oc fatos confirmam, contra o sonho nietzschiano do além-dohomem senhor da Terra. Hoje o pcthot dessa linguagem c para nto. às v e m intolerável, mesmo sendo necessário itir que Siet/tche enriqueceu maravilhosamente o potencial expressivo da língua alemã, que a tomou mais sensível ás ressonâncias afetivas do sublime, às nuanças do pensamento e do sentimento, que tornou seu ritmo mais leve. E com uma mistura de iração e mal-e\ur que. presos no aparelho de uma civilização racionalmente tecnícizada. lemos boje. impai saveis, as obras de um escritor que. para descrever a situação e os problemas do homem, recorre quase sempre aos cooceitos românticos de natureza c paralelamente pratica o modo de pensar desmistifícador da filosofia das Luxes, ousa falar no estilo poético dos mais altos mistérios, não teme o pomposo hieia ti* mo c se faz de imitador da Blbha para volta-Li contra o cristianismo. A consciência plena de estilo de uma missão a cumprir, o prazer em aturdir e subjugar, o amor pela mae* ert-scéne, ai está o que desconcerta e incomoda em Nictzsche Ele domina com virtuose os artifícios da sugestão, sabe deita car com vigor posições e situações fundamentais diante do mundo e das coisas, delinear um retrato do homem c conferir-lhe o esplendor de um Ídolo. O que Nietzsche pensou do homem está fixado em uma série de imagens sugestivas. Mas de não apresenta um inventário de fenômenos com a fria objetividade da ciência positiva — toma partido, engaja-se apaixonadamente, impregna

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EÜOfcNCnNfl

o seu retrato do homem da emoção de uma linguagem existencial* linguagem da afirmaçlo de si c da injúria contra o adverlirio. Seus esboços sâo polêmicos, toda afirmação se duplica em uma negação. Em Nfctziche nenhuma imagem do homem e estática, nenhuma repouu satisfeita sobre ü mesma, e quando ele ie aproxima do idllio, í o "idlüo heróico" das celas de Claude Lorain a se refletirem sobre ele. Quando edi* fica as virtualidsde* ewnciais da humanidade, alaca o tempo todo, e no lugar onde constrói, deva a aunflama da guerra. De um espirito t i o rico cm contradições deve-se esperar uma vUio do homem que ie disperse em múltiplas "imagens". E. de fato* seus escritos apresentara formas incompatíveis entre si; a essíncia do homem se retrata em facetai variadas Nicuschc percorre uma s*ne de figuras estilizadas onde se atualuam as etapas de seu próprio pensamento, Com alguma prudência pode se distinguir ai formas densas e formas sublimes refinadas. t Certamente, a tese mau densa t a que coloca o homem como um "animal de rapina", um selvagem astuciosamente saga/ que sem piedade uia sua arma. a inteligência, contrs qualquer outra criatura, e até dilacera, oprime, explora c submete teus congfcierei. Airavti de fórmulas de um naturalismo cni. ele lenta por a nu o homem "verdadeiro", coberto pelo vernii enganador da civthxaçlo e desvendar t "besta loira" como a realidade do ser humano. Percebe-se logo o toque de provocaçlo de imagens como estas, que sâo como bofetadas no rosto da civilização tradicional O cinismo de Nittzsche tem qualquer coisa de traição, pois ngo se v a l i a i um zoólogo ing*nuo que situa o homem no reino animal. Ao «firmar o caráter bestial do homem. Nietzsche ataca a for mula metafísica do animal rttioruilt e a fórmula teológica da mago Dit Com uma alegria diabólica, empreende o com bate contra todas as "falácias idealistas" e demole as ilusões que o homem constrói de si momo. Assim, noções que num outro contexto definem estados biológicos, tomam uma signi* ficaçlo mais alta — aspectos médicos concernem agora â filosofia; "saúde" e "doença", " f o r ç a " e "íraqueia" tornamse critérios axiolôgxos. Categorias vitais comandam a avaliacio de todas as coisas humanas. Nietzsche edebra a vida que repouu sobre os iiuunios mais seguros, a vida pujante. forte e s i ; ele a v* encarnada no

Í«GVA CXTMltoCIA DO MUNDO LM MZTZ3CMZ

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tipo do guerreiro» do senhor, m u logo abandona essa ótica para associar "saúde" com "nobre**", rejeitando o guerreiro em proveito do cavaleiro, ou crendo realizada na sociedade aristocrática da Grécia antiga a imagem que constrói de uma vida elevada e pujante. Ai noções biológicas sobre as quais funda seus juízos de valor procedem de uma metafísica ntaliita nlo sistematizada, que utiliza de uma maneira mab efetiva que racional. A seus olhos, nlo í a saúde do homem comum» com sua* faces rechonchudas» nlo c soa normali dade nem seu bom tenso que constituem o entêrso de rttidáo c de validade do que seja o homem. É do "criador". da^Mk que produz, que a sorte da essência humana depende. Aqui, Nietnche nlo pensa no "trabalhador", no operário da sociedade industrial» no produtor de nosso mundo técnico moderno, mas no artista» no pensador e no poeta, no Legislador, no herói que funda uma cidade. Assun. por uma espécie de >ogo de reflexos» a imagem do "homcm-animal-de-rapina". Unhada como um desafio contra o cristianismo e contra o "humanismo'* filantrópico, toma o aspecto de uma naturalidade com significado estética. Acrescentemos que» apesar de seu paneglrko da vida lelvagem e pu>ante» Nietzsche lança um olhar agudo de psicólogo sobre as possibilidades criadoras que o sofrimento» a doença e certos estados de extrema fraqueza também encerram. A morbidma pode conduzir a uma consciência mais imensa da existência, mas lambem a uma vingança contra a vida* A potência criadora secretamente ambígua da doença e da fraqueza foi profundamente clarificada por Nietzschc cm suai análises da "decadência", do ressentimento e da moral dos escravos, A cnaçlo c ambivalente. Na medida em que Nietzscbe esboça uma imagem estetizante da natureza humana c a opõe 1 imagem do homem transmitida pela üadfcio européia; na medida em que proclama a "potência criadora" como padrlo de uma vida sá e forte — c, por outro lado, reconhece ao mesmo tempo uma virtude de criação á vida doente, sofredora e dcclinante, nlo se pode mau ver com clareza segundo que critério quis medir o homem. Ainda que talvez nlo seja nem a sede da ra/lo, nem tampouco a imagem de Deus. o homem nlo è um animal. A critica contra Nietzscbe le fixou, na maioria das vezes, nesse ponto fraco, colocando justamente em questlo o naturalismo e o brologumo

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de sua imagem do homem, mas nlo viu que aqui os traços sao carregados dtliberadamente. Nieirsche nfto reintegra absolutamente o homem na natureza para entrega-lo aos naturalistas; tendo caiado a teologia, nao dà a palavra A zoologia* Considerando antes o esforço de transcendência pelo qual o homem ocidental, no curto de uma história de tr^t milênios projetou-se sobre algo que seria para ele como urna razfto do mundo ou uma divindade» o que Nietzsche tenta t voltar à força esse movimento em direção ao próprio homem* Para uso. necessita de inicio localizar e dar a conhecer a lituaçlo terrestre do homem; definir, por conseguinte, essa criatura natural que é. i sua maneira, criadora. Os escritos de Nietzsche momam, de diversas maneiras, esse duplo caráter do ter humano, tradicionalmente definido como dualidade da natureza e da liberdade. O essencial, para Ntctacht, t recusar o corte da essência humana em duas partes; a que pertence à Terra e a que pertenceria ao rêu platônico ou cristão. Ele consagra tntcir» e totalmente o homem t "Terra". Tal è o sentido profundo de um "naturalismo" freqüentemente formulado de maneira brutal e provocante. Mas Uao é claro igualmente nas outras imagens nlctuchlanas do homem. por exemplo, a do "gênio", central em seu primeiro período. O pai* dos homens t para ele cortado, como que por uma fenda. entre oi "numerosos, demasiadamente muito numerosos" c a humanidade da grandeza, que designa uma relação criadora com o fundamento do mundo. O real originário fala pelo gênto, manifesta-se na obra de arte. Para o Nwtzscrtc da primeira fase. a da metafísica da arte, afigurado gênio é a de um homem atingido por um raio, e que se torna o porta-voz de uma potência além-de-humana. É verdade que essa imagem do homem logo te transforma e se volta sobre si mesma, pois ele se reconhece no que projetara durante tanto tempo acima de si. toma consciência dessa projeção alicnantç e discerne cm suas próprias produ çôes a degradaçlo que fora sua até o presente. Dessa maneira, aparece o motivo de uma análise critica e cientifica dessa força produtiva pertencente ao homem, c que ele quase sempre esqueceu Em liberação em relaçfto a um delírio que o fazia ajoelhar-se diante das obras de seu próprio poder inconsciente de criação, leva a desmascarar como "humano, demasiado humano", e que se tomava por "além-do-huma-

SOVA EXPf l í NOA 0 0 K U > € » t « M t TZSCHF

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DO". E este motivo crítico de liberdade que Nictzsche condensa t u personagem do homem das luzes e 6o espirito livre, e finalmente na figura do príncipe Fora da Lei. O pathos de crença na ciência, que reinava ainda cm Humano, demasiado humano, cede lugar a uma audaciosa alegria. Nietzschc utiliza-se da psicologia do desmascaramento. de uma psicologia dai ilusões humanas, isto c, da metafísica, da religião, da moral. Seu problema continua sendo o da "grandeza" da existência — o que para de t um enigma no homem, é ainda o filósofo, o santo, o artista, o gênio. A crítica ataca a própria vida. destrói sua segurança e a cegueira que a ilude. A personagem do "espirito livre" apresenta, na obra de Nietxsche, traços surpreendentes — está bem longe da sobriedade da Idade das Luzes, bem longe de uma confiança inabalável na razão. Antes de tudo. guarda uma certa distância cn relação a si mesma, avança com uma astúcia k qual nada apavora, anuncia a alegria aksoniana de Zaraiustra. A tentação c K U demento característico; faz experiência» com todas as coisas, até consigo mesmo; inscreve por toda parle seus pontot de interrogação, sem excluir o objeto da mais alta veneração. Desconfia a um pau que. sem düvtdt, nenhuma desconfiança atingira ate então; sua psicologia i de longo alcance, submete a uma luz crua mais de um plano de fundo bem ocultado e e dotado de um sexto sentido pua descobrir a i vias tortuosas e secretas do "ideal"; de todat as maneiras, ele e aquele que persegue. Entretanto, o espirito bvre ê uma figura de transição. À primeira vista parece um homem das Luzes, que realiza com uma prudência de serpente a obra desiruidota de dcsmistificação dos ideais c liberta a humanidade de amarras milenares. NÀo se >i de imediato que c. ao mesmo tempo, um homem embriagado, que sua sabedoria * a de um fora-da-lei que se lança para alem de toda realidade fixa* a quem nenhuma fronteira pode conter — cuia desconfiança e frieza significam somente o N i o que abre caminho a um Sim que virá. As Luzes de Nieizsche se exercem também contra si próprias; nlo crêem ingenuamente na razão, no progresso, na ciência. A ciência n i o a, para elas, de um meio para colocar em questão a religião e a metafísica, a arte e a moral. Se entoa o Cântico dos Cânticos da ciência, o espirito hvre de Nietzscbe n l o esquece jamais que esta ciência, ela própria ainda cons-

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EUGCNEnNX

titui um problema — sob uma ótica que considera a existência coso lance de audácia * experitocia. Se é "livre", nio t> por que estaria vivendo segundo a vislo da ciência, mas porque nio í limitado por ela. porque a utiliza como meio par* quebrar a servidão da humanidade ao< ideais "transcendentes". Ao viver sob a dependência dos ideais e dos preceitos da moral, o homem alienou-se a ti próprio; ao inclinar se diante óo "alím-do-humano", submeteu sua existência a cargas enormes que o pressionam e oprimem Desde entio. vive no "temor do Senhor*' e nio sabe que criou para si mesmo seui mestres e tiranos, Na verdade, pensa Nietzsche. o alèm-do-humano nió a de uma aparência tenaz e dificilmente penctrável i lu/ du dia» uma mii agem onde o produto se apresenta a seus produtores como sendo-lhes exterior e sob a forma de uma potên* cia superior. A desmmifkaçlo das bases demasiado humanai do pretenso ilêm -do*homem provoca o desmoronamento de c*u religioso, metafísico e morai que, esquecido de si mesmo, o homem erigiu acima de soa existência; de maneira ainda mais decisiva, ria produz uma transformação na situação fundamental do homem, uma metamorfose de tua exittênciaA partir de entio. nio t mais no exterior, mas em si mesmo que o homem busca os fins de sua mais alta esperança. Su* vida Já nio depende de um sentido precstabclccido» nio esti mais ligada a norma* coercitivas, nio ê mais dirigida pdo querer divino, nio t mais governada petos Ídolos axiològico# de uma moral absoluta, nio ê mais condicionada por um arrièrt-monde metafísico além dos fenômenos. O homem agora * livre, ele próprio se coloca e coloca seus fins* O espl' rito livre e o precursor de Ziratustra, Mas na realidade o que surpreende quando se tenia seguir o caminho do pensamento nictzschiano ê que. se o discurso e as parábolas de Zaratustra tio de uma profundeza dificilmente sondivel, sua figura mesma. ou. mais geralmente, a imagem do alèm-do-homcm permanece surpreendentemente inexpressiva. Nictzache utiliza todos os meios estiiis^ ticos de uma linguagem sedutora, toda sua força de evocaçlo para elevar Zaratustra acima de qualquer medida humana, para que se possa crer na personagem que sua alma sonhou c, no entanto, essa personagem permanece, existcncialmcnte o boneco do filósofo vcmrttoquo, incapaz de constituir uma

NOVA t x r a u t o t t A D O S A M » EM NUTZSOU

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figura concreta àquele q»r não somente perua u idéias cenirait do pensamento oietzschiano, mas que. além disso, t i vive. N I o estamos fazendo uma observação critica* porque t conformação da existência ao muDdo ato é. nem um inventário empírico* nem mais uma tarefa que simplesmente seria preciso cumprir — ela é. antes, uma transformação e um deslocamento que subvertem todos oi limites e fronteiras do espaço, do tempo c das coisas. Ao viver a experiência de nossa presença no mundo, todos nós. enquanto somos, nos encontramos situados no trio de uma natureza que nos envolve e ao mesmo tempo apodera-se de nòs; nós nos descobrimos uma criatura natural que não somente come e bebe. mas fala e pensa, oomeia ai ròisat e julga-at. sabe discernir o efetivamente real do simples possível e interpelar a tudo segando o "coração" e a propriedade, segundo o repouso e o movimento, segundo Inúmeravais «tnituras — uma criatura, portanto, que ao longo de sujLt experiências progressivas do ser. mantém-se numa compreensão organizada e articulada do ser, Nâo estamos apenas no seto de uma natureza previamente dada. mas também no interior de uma cultura que lhe t superposta, em um mundo social com suas instituições, kts. costumes e sistemas de valores, h é ai que Nietzsche combate, para destruir a alienação do homem por si mesmo, levantando a tese de que o que a por além-do-humaao e transcendente é um alheamento do homem e um esquecimento de 11* Deus e a moral sâo resti tuidos ao homem, o ser do homem se estende além de todas suas antigas fronteiras, o infinito muda de sentido para se tornar uma realidade antropológica. Essa reviravolta axiotógica cm relação ao poder humano de colocar valores, explode com os limites estreitos entre oa quais se sustentava a compreensão do homem de si próprio — mas» liberado assim de seus entraves, de perde os contornos da finitude. Não seria uma vã pretensão ter de ser todas as coisas, pretender-se o criador de todo o universo dai significações culturais? Sob uma forma nova aparece aqui cm Nietzsche um tema que no idealismo moderno fez do sujeito um absoluto, o Ititmotiv da "reflexão transcendental**, B essa idéia que no primeiro discurso de Zaratustra (livro primeiro) Nietzsche caracteriza através das "Três Metamorfoses do Espirito1' — de inicio como "camelo", o espirito resper

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loso c dócil â carretar o fardo; cm seguida, por u n a tub*u mutaçlo. como " l e i o # \ isto é. como- radical negação de Deus e da moral 10b iodai tuas aparência* de transcendência, e. enfim, c o m o "criança que brinca'', «símbolo do projeto criador. A OOCD l a d o radical cm direção ao ato criador, tal çio paradigmática, ao n*cnos quando provem da ptenitode, do vigor e da nobrera. Seria possível moi
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c ^ x c i . VMc t eu sou um anunciador do relâmpago* e « M cota pesad* da nuvem mas esse relâmpago se chama o alem* do-homem" übtd). Se de m kio parecia que toda c» luxação, com suas obras e seus feitos» encontrava-se inteiramente xefenda ao homem, eu que. ncisc momento, o homem transcendeu novamente — n i o , t certo» em direção a alguma coisa j i presente no teu c «obre a Terra, mas em direção a alguma coisa que deve vir dele e advir por ele E poderíamos perguntar se a filosofia de Níet/schc n i o è uma mos* doutrina da potência criadota do homem e de tua alienação por n mesmo, da superação de si em direção a um nível supenor da existência — em t u m i , uma antropologia de cunhagem nova. N i o há cultura que n i o seja precedida por essa naiuren cujo teio o homem *e situa, cnaiura natural ao lado de oura* Ele a percebe, ele a conhece segundo seus fetloa e WÊêá leii. ek a determina por meio de conceito* e dr frlgamenicn pertencentes i Unguagem da comunicaçio, *** chaga (mamo provisoriamente) a concepções e verdades. E essa rrente que Ntcuichc orienta seu segundo ataque: de denuncia corro Imagens enganosas das coisas e de teus doml* atos a pluralidade e a diversidade, que nos envolvem; como ficçio. o lúsema de categorias nas quab determinamos, o ser g causalidade, as estruturas cotsais, o processo 10 e todas as formas do pensamento e da objeti O "ente" c para de o defino que comanda e domina toda a loucura do homem, fonte de uma rede que falsifica conceitos, onde cam—isnlc os homens se enredam, fixação, cnnjcámemo, imobiliiaçfto da pretensa efetividade. Os coo« ocitos falseiam e alteram, na medida em que solidificam o movimento do real airavts de seu esquematismo eaUtko. Com sua profunda desconfiança em relação ao conceito imo büuador, Nietische prefere a "ímiaçâo", menos, entretanto, o simples fato de ver c entender, que a captação de imagens fortemente sãnbòbcas, airavts das quais rdux como um relâmpago uma realidade mais profunda, rebelde a toda fixação conceituai. O conhecimento humano em ordens conceituais t uma "mentira no sentido em/amoral", uma medira que falseia o mundo, que- faz dele enganosamente uma ordem Tua e sòbda

EUGENEF1NK

de coisas singulares articuladas cm gtneros e espécies* O postulado de Nitusche t que a verdadeira realidade t vir-a-ser. nâo ser O ser * a mentira da razão, a ilutio do conceito, que no* esconde o jogo cambiante do vir-a-ser. O conhecimento, entendido em sua acçto comum t um saber empirko, mas em seguida é também conhecimento apriorhtico, isto t , o conjunto das categorias pelas quais captamos o ente como uma substância provida de propriedades, como uma coisa tingular lendo uma essência universal* Nietzsche afirma que nâo e*istc. absolutamente falando, nenhum "ente", mas ipenas o fluxo cambiante da vida» o rio do vir*a-ser, nada de estável e fixo. tudo em movimento. Nossa faculdade cognitiva falseia a imagem do real. do fluxo reduzido a um pretenso ter de coisas subshtentcs. que persistiriam airavts da sucessão Limbuntc de seus catados. A "coisa", a substância, t uma ficção pela qual nõs violenumos o real fluente para "torná-lo pensável". nós o imobili/amo» e o lubmetcmos ao conceito, bastante esque* cidot de nossa própria violência para insensatamente acreditar captar o real em conceitos que se teriam constituído a si próprios* O homem crt em coisas, mas nio existe nenhuma coisa; cr# no "ente", mas este ente c sua própria criação, essa trama conceituai continuamente lançada nas ondas do viraser. Ao nível fenomenal, o que nos é dado è ura mundo drcuadante disperso em realidades singulares; ai se desenrola una variedade de processos em movimento, ai nio cessamos de utilizar uma prt-compreenslo articulada de individual!* dade e de universalidade. Ora. essa construção aprioriitica. a "compreensão omológíca". e um ser coiaal. que nôs pensamos graças às categorias, aos conceitos do entendimento — nâo tem nenhuma "validade objetiva"» é a mentira de uma pressuposição fundamental pertencente à razlo humana. O único real * exclusivamente vir-o-ser — nAo o vir-a-ser de um ente já ai. que se modificaria, mas um puro vir*a*scr. um escoamento e um fluxo incessante, um movimento sem fim, essa "vida" jorrando do mundo, que está presente por toda parle, que prodiu tudo e a tudo aniquila. O que nós homens, em geral, chamamos de coisas preexistentes, ãl está o que nos impede, justamente, de dirigir o olhar á totalidade sem fronteiras, sem forma e sem limitação. Os fenômenos nos dissimulam o mundo.

P*OVA LXTtJUÊNÇU DO MUNDO CM >4tTZSCWE

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É claro q Jr nfto podemos vrvtr *em protoçto no oceano cósmico efluentedo puro vir-a-ser; somos forçados a falsear o m l . A "fahifícaçfto" c uma necessidade biológica — mas para quem? A todigtocia torna inventivo, mesmo a que DOS obriga a viver em um mundo onde tudo desh**, se esvai. K dissipa* Eurbilhona. O que torna cisa iodigtacja tio inventiva? í o homem que se diz Sim. que le toma por um indivíduo único cm seu gênero e insubstituível? Ou esse indivíduo nfto e ele próprio uma ítcçâo? As categorias significam uma humanizaçâo do mundo, uma interpretação antropomórfica que nos ' - pretnra" t por m* da mesma, estática? As categonas sto Atçftet. a "cotsa" e uma imagem enganosa, um inttramcmo racional da vida, nada mais. £ propriamente o homem que se projeta em todas as figuras e ena o mundo à sua imagem? Ou finalmente nto íena de mesmo algo falso, um produto de ficção? Ao se nomear Eu. dia após dia, de se toma por qualquer cosa Òe estivei c de persistente nofluxovariado dos conteúdos subjetivos de experiência vtvxla. Este eu que previamente •e estabelece oáo poderia ser o e dai üiuóes ontolôpGas, ja que ele mesmo è uma fiecáo, e ale a modalidade fundamental e a representaçãoficcionaldo ser. Nói transferimos para as coisas, dii Nietxscbe. a pretensa esubilídade do Eu, e imaginamos a relaçAo da substância com suas propriedades por analogia â relação do Eu com teus atados e condutas* O conceito de substância cÉ portanto, uma conseqüência do conceito de Eu; "O homem possui o querer de projetar para fora de si o espirito, o Eu — cfc tirou, de inicio, o coocoto "ter** do conceito "Eu", e colocou as coisas como "tnto" á sua própria imagem, conforme seu conceito do Eu como causa". Pode-se notar o caráter problemático dessa proposição, pois como pode o homem ser o falsário, se ele própno é algo falso e ato o autor da falsificação? A brevidade provocante que Niettschc confere a suas teses de combate fadliu. seguramente, a tarefa de ieus adversários quando o acusam de circulo viçoso. Certamente, a interpretação ficoonaltsta do conhecimento humano nlo repousa, no caso de Nittzscbe, numa crítica da razlo, numa análise metódica e rigorosa da faculdade cognitiva. Ela se apoia no testemunho de uma experiência, de uma experiência seguramente insólita e rara. que t a

Fllf+NFFIMi

da iotuiçJo adivinhadora, a de um olhar visionário que atra* vessa as malhas dos conceitos, antes de tudo dos roncou» ontológicot. c que por detrás da máscara petrificada do ser. capta o fluxo vivo do vir*a-ser. vasto como o mundo. Nteusche invoca Hcráclito. o filósofo trágico» opondo-o ao ekata PurmrnuJcs O decisivo é a fluidificaçlo universal» a liquefaçio de todas as idtias congeladas do ser. E isso significa o verdadeiro declínio de um mundo humano delirante» de um mundo "humano, demasiado humano", enrijecido em conceito, racionalizado. Para que apareça, brotando» o vir**-ter em lua própria temporalldade, c preciso, primeiro, ler desvendado e demolido a "mentira do ser'1 como tal. Antes que ipareça dança, o Jogo circular da realidade cósmica. * preciso ler destruído a própria idéia de estabilidade. Ntctsche se fai. assim, o fervoroso propagandirta de um ceticismo radical e perfeito, que primeiro redux tudo ao homem, e em seguidi reconduz o próprio homem a uma potência criadora anônima» jamais um fundammum tnemcussum, mas um vlr-a-ser do mundo, conceitualmente indeflnível. O homem escapa a si mesmo quando "se pensa, finalmente" — no sentido nietztchiano — como pro)eto criador Ao suprimir» ele próprio, seu ter de homem, remonta a um fundamento de iodas as coisas* A que conduz esse movimento? A uma realidade cósmica á qual o homem pensante rOo pertence como simples figura, mal antes como porta e como pane do caminho* Desde entlo, (orna-se impossível situar», por um lado. o mundo em uma gigantesca estrutura coisa!» onde o homem tt ao mesmo tempo, coita e sujeito de todas as coisas, bem como de si mesmo, e, por outro, opor o homem to universo como se fosse o olho om vidente. Na ótica niet/schiana» o ser do homem e o universo estlo solidamenie ligados um ao outro, sua antropologia t cosmomôrfica. sua cot•toJogit anuopomórfica. Nio se trata ai de uma fantasia arbitrária nem de uma analogia superficial entre macrocosmo e microcosmo É prenso fios condutores paia se entender o mundo c o homem como único e duplo movimento, onde se interpenetram. O homem se perde no vir-a-ser universal, o mundo se concentra no homem. Ora. nada disso aparece ao nível fenomenal. Pode-se. entretanto, discernir no ser fenomenal do homem itguns traços importantes que de imediato concernem e de:cr-

WVA i X F t Ü l t X l A DO MUNDO CM MIT23CH1

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minam a coexistência; o açr-com. O homem produt íui vida pcodutindo MUI meio» de vidi, submetendo a seu trabalho a natureza que o cerca, tornando-se senhor das coisas graça» à tua força, a seu poder de dispor de mercadoria» e de colabo radores. Ma» nao existe *k um estado definitivo e estático; trata-se antes de um nivel relativo de potência, que ora cresce, ora decresce, sobe e decai, e se encontra continuamente numa oscilante labttidodt. De uma ouua maneira, descobrimos entre os homens uma permanente rivalidade, que conduz á estratifkaçlo, à domuiaçao. e que se manifesta na fuerra em sua forma rnaés brutal. No pais dos homem, a vontade de pottocia se exerce no trabalho e no combate. Ela acentua a individualidade dos indivíduos, divide os povo» em amigos e inimigo*, eleva um rebaixando o outro. Um* forma de coexistência extraordi nina e essencial t o amor entre os sexos, fundado cm um interesse da natureza. Homem c mulher slo aqueles indivíduos que no ápice de luas vidas procham. depois envelhecem e finalmente morrem. A mesma vida subsiste através da cadeia das atrações, sobrevive á morte. * simultaneamente mortaJ e •mortal Amor e morte s4o uma parábola da identidade na diferença* um retorno eterno do mesmo, E ao final das contai a vida humana nos revela a estranha diferença enire sírio c lúdico, mostra-nos o ;ogo como uma enorme potência de vida anulando através de todas as afeacoaócs da existência, na reciprocidade do ser e do parecer, e a) resplandecendo com o brilho do belo* Vontade de pottocia, retorno do mesmo, a tramfigurante magia do jogo, lao* Soa fenômeno* centrais, ou melhor, tantos tracei fundamentai» da coexistência humana — e outros tantos modelos antropolóçcos aos quais recorte o pensamento cósmico de Nieusche+ E a partir do homem que ele tenta compreender o mundo; o homem torna-se para ele a chave do cosmos, o no condutor através do labirinto do mundo. Entretanto, a grande, a decisiva dificuldade c que os próprios modelos de Nhctzschc escapam ao solo que ocupam, dispóem-no em peças e fragmentos, destroem o próprio caminho que pretendem traçar rumo 4 compreensio. porque o homem aqui nio e somente produtor, 6 também produto das ficções, na medida cm que í. ao mesmo tempo, o trabalhador e a obra da vontade de potência.

KUGENCraE

Assim, a cosmologii antroporoórfíca de Nietzsche per* . em seu valor de expressão filosófica, altamente problemática. Como metafísica da arte. apoiando-se em Schopenhauer, como libertação "aurorca!" cm direção ao espirito livre, como olhar adivinho de Zaratustra sobre o mundo, o pensamento nictzschiano se consuma sempre em uma orgulhou solidão, que não se interessa por uma efetuação ulterior, nem por uma justificação de identidade» nem pela garantia nas "coisas mesmas11» que se recusa, receosamente» 10 esforço penoso da verificação, que chega a declarar que poder seguir c um problema de nível. Nictzschc anuncia, nlo mostra» as vias que o conduziram à sua sabedoria Certamente, seria errôneo ver nessa atitude uma impo* tíncia secreta ou, de imediato, recusar ás suas teses uma significação de verdade. A "vontade de potência*1, uma das teses fundamentais de Nietzsche sobre o mundo, c atcstável no horizonte dos fenômenos humanos. No campo da socialidade. na luta dos povos e das raças, no combate das classes c doa indivíduos, ela se exerce de mil maneiras, no seio das relações Jnter*humanas. Sem ser. por isso, a única forma fundamental da realidade humana, ela aparece como um fenômeno evidente e demonstrávet» clarifica o parentesco do homem como os animais, sua bestialidade. Mas, por outro lado, apoiando se no exemplo do orgânico. Nicmche pensa encontrar confirmações que o permitem fazer do organismo uma chave demonstrativa ao nível do cosmos- Mai isso já implica uma s*rie de pressuposiçôaa

ládttK I. De inicio, o mundo inteiro * " v i d a " ; o cosmo* e aqui considerado através da imagem de um imenso vivente; trata-se. bem entendido, de velhos postulados filosóficos. O Timtu de Platão caracteriza o mundo corso um gigantesco vivente esférico, sem extremidades, que não está envolto por nenhum meio, n l o recebe nem rejeita nada, representa a imagem temporal izad a da Idéia Suprema. Surpreendemo-nos de imediato ao ver utilizada uma comparação oeganológica que deixa de lado diversas características essenciais do "organismo fenomenal": a autoconservaçáo nas mudanças materiais, o crescimento, o envelhecimento.

NOVA EXPUltMOADQ MUNDO EM HIÉTZSCHE

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2. Em \cgu>da. o termo "vida" adquire uma acepçio mais ampU que a do fenômeno «tal, já que pretende designar, em SUA mobilidade, i jdo o que custe. 3. Enfim, a diferença, fenomenalmente aprccnsívdt entre organismo vegetal, organismo animal e organismo humano t aqui aplainada, n* medida em que o demento de liberdade do ser humano nio c explicitamente esclarecido em opouçlo ao ser das plantas e dos animais. Essa "vida" do mundo, que Nteusche se representa através do organismo, è simultaneamente tendência pulskraal, afirma-lo de si e agressão humana. Nietzsche vegctaltfa. animalüa o homem e humaniza o vegetal e o animal, sob o denominador comum "vida", que assim formulado, serve de paráboU ao mundo: "Onde encontrei vida, ali encontrei vontade de potência, e até mesmo na vontade daquele que acne. encontrei vontade de querer ser senhor. Que o mais fraco sirva o mais forte, a hso o persuade o seu querer, ele quer ser senhor de um ainda mais fraco. E como aquele que t menor se tubmete ao que ê maior, porque tem prazer e potência às custas do que c o menor de todos, assim também *e submete o maior de todos, e por querer A potência — coloca a vida em jogo" (Zãratustra, II, "Da superKiO de si**)* Que significa esse discurso sobre aquele que t o maior e aquek que c o menor? Certamente* de encotw» um pomo de apoio fenomenal na articulado efetiva do mundo em uma pluralidade de rõts contendo coisas maiores e menores — grandes c pequenos indivíduos, Mas pode-se ainda falar em indivíduo*, se o mundo t o fluxo de um I ô c ánico oceano, o manilh&r incessante do vir-a-scr? Nietzsche constrói uma teoria pela qual a vida do cosmos se arrebenta da mesma, destrfri sua unidade, e sobre os escombros procura recons* btui-la no movimento eristico da dominação e da opresslo. O querer originário se dissocia cm "pontos de vontade", em posiçAe* acabadas e temporárias, em "quanta de querer". Essa curiosa teoria especulativa escapou a numerosos interpretes. Exduida pelo concdto de "vida", a individuaçto reaparece corro princípio de ipsoposicôes quase rnonid:cas.

Evidentemente. Nieusche nlo visa A ««idades fechada* e «cm mas a unidades de duração breve — a t o substâncias. simples ondas DO mar. E também ai houte precursores na história da filosofia, desde a "amuade" e a "discórdia"» de Empédoclet. ate a concepção de um Ser Absoluto, perado pelo sofrimento da finitude e pela enorme potência do negativo, e que se restabelece após iodas as divadcs e todos os dilaceramentot» atingindo a fórmula hcgeliana da " w u i feira santa-cspeculativa". Sfto numerosas, na história, as afirmações sobre o mundo que colocam, ao mesmo tempo, unidade e multiplicidade, identidade e diferença, oposição entre ícnóocno e esstaoa, de maneira dialética ou mística, em fórmulas explosivas — mas em pane alguma pode-se esclarecer o fenômeno de um mondo único, que r i o cessaria de le despedaçar a si mesmo. Em Nicfuchc, a "vontade de potência" é uma metáfora, cosmotôgica que toma elementos ao doetámo fenomenal, mas que de maneira quase arbitrária deixa alguns de lado. transgredindo assim a fenomcMHdade, isto c. negando-se a reconhece Ia como tribunal diante do qual os filósofos doessem juuificar-se*Tendência desenfreada ao aumento do quaatüffl de potência, ao aumento máximo, a "vontade de poetad a " avança cada vez mais para ama de si mesma, ardente querer vital de ipso-superaçio ( d o capitulo de Zorotus tre. "da superação de si"). Até que altura ela pode subir? Evidentemente, até o nivel em que um quantum de potência absorva todos os outro*, em que o combate se complete pela derrota de iodos os adversários. Parece que é isto que ocorre» Para que se possa pensar cm uma diminuição, em uma queda do quantum de pottocia. após ter atingido seu mais abo grau. seria necessário tomar novos motivos aos fenômenos conhecidos de ruína, que sobrevta ás coisas. Ora. náo é esse o caso em Nietzsche; para ele. aumento de potência dos quanta de querer e destruição das unidades de vida slo igualmente originários; construir c destruir, edificar e arruinar sáo modalidades conexas da açáo própria A vontade cósmica de potência. Mas a questlo que te coloca então é saber se o vir* a-ser, no qual se move tudo o que se acabou, possui um atado terminal, te o mundo tem um fim A essa questlo Ntcttscfce responde com tua doutrina do eterno retorno.

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m e n i j w e * . impossível òc \< representar • da coaunrcaçào. "sabedoria esotérica" que Ziratusira diz a m s • * " " * ! c a ti mesmo. Tentativa de destruir as paredes mais espessas; de abolir a diferença que partilha o lempo: de t o o w , simultaneamente, o ado como porvir e o pocvtr coso sempre yà ado; de afirmai como indefinidamente repelido o iniíiric único, na medida e u u em que c eue iinxo instante. EJD teu esforço para fundar O eterno retorno, Níeuscbc emprega argumentos fracos. K D profundidade cm n i compreensão do tempo, que permanecem a um a h t i muito baixo, abaixo dos àptees de uma metafísica da temporabdade. Entretanto, essa viifto nlo fascinou apenas Nietücbe. mas muitos espumo* stnos Se ela a peio toraçlo mesmo da filosofia nsetischuna, acreditamos que isso « de«n a duas causas De mioo, ela pode referir-se a expentecaas que todo homem vê algum* vez, quando se rompe, por ciem pio. a uniformidade cotidiana da marcha linear do tempo, no momento de uma grande febeidade ou de uma profunda dor; nos instantes em que cisamos próximos da natureza, quando a lua siieooosa inunda, Dovamcrite, com mo brilho a t W o a o . arbustos e vales: sentimos cotio a "cterndade do mundo'', e para nós o tempo está submerso. Por outro lado. essa doatnna da eternidade do mundo apresenta, DO retorno do mesmo, uma vitoria sobre o cariier perecer de :C*1Aí AS CO;US, ao mesmo tempo que uma uru4o da bberdade e da Dfirfiniíaijf DO omof Para NktziCDC, nlo K pode pensar anda mais pesado na Terra que essa teoria do retomo- Porque a cada instante se decidem para sempre outra vez, através de infinitas repetições, oi atos e suas srejurteius Sã os indivíduos mais robustos e os povos mais fortes estariam em coodscno de "ar" essa doutrina, que sem assim, cia mesma, um principio scktivo rigorosamente duro e eficaz- Seria possível, entretanto, reverter a argumentação. Se tudo volta, t que tudo j l foi decidido; a teoria do eterno retomo poderia tornar-se. para o querer do homem, uma parahsanic quietude, c pura a inquietude do homem, uma fatafcsra pacificação. A correUçto entre "vontade de pottocia" e "eterno retorno do mesmo", ao pensamento de Ntetzscbe. apre* seau-ie no aforismo 1067 dos textos póstumos publicados

•MOMP1NK iob o titulo de A Vontade de Pottmie (Ed. Itrooer TaschcAusgabe); "E sabei* lequcr o que * para mim "o mundo"? Devo mostrá-lo a vói cro meu espdho? Ene mundo: uma monstruosidade de força, sem início. i«m fim. uma firme, brfinxea grandeza de força, que alo K torna maior, ocm menor, que nâo te consome, mas apenas se trammuda, inaJteravdmente grar.de em leu todo, uma economia tem despesas e perdas, mas também sem acréscimo, ou rtndimenios. cercada de "nada" coino de seu limite, nada de evanescentt, de desperdiçado, nada de infinitamente extenso, mas como força determinada posta em um determinado espaço, c nfto em um espaço que cm alguma parte estivesse "vazio", mas antes como força por toda pane, como jogos de forcas e ondas de força, ao mçsmo tempo um e múltiplo, aqui acumulando se e ao mesmo tempo ali minguando, uni mar de forças tempestuando e ondulando em si próprias, eternamente mudado, eternamente recorrentes, com descomunais anos de retomo, com uma vazante e enchente de ruas configurações partindo das mais simples ás mais múltiplas, do mais quieto, mais rígido, mais fno, ao mais ar dal c, rrui; tdvagem, mais contraditório consigo mesmo, e depois outra vez voltando da plenitude ao simples, do jogo de contradições de volta ao prazer da consonância, afirmando a si próprio, nessa igualdade de suas trilhas ç anos. abençoando a si pròpho como Aquilo que eternamente tem de retomar, como um vir-a-ser que não conhece nenhuma sacicdade. nenbmo fastio. nenhum cansaço: esseroeumundo dionisíaco do «eraamente-criar-se-a-sipróprio, do etcrnanMnte-destruir-se>a*si-próprio, esse mundo secreto da dupla volúpia, esse meu "para além do bem e do mal*1, sem alvo, se na íebddade do círculo nfto está um alvo. sem vontade, se um and nio tem boa vontade consigo mesmo. — quercis um nome para esse mundo? Uma solução para todos os seus enigmas? Uma fez também para vós. vós. os mais escondidos, os mais fortes, os mais intrépidos, os mais da meia-noite? — Esse mundo é a vo/tíode de potência — e nada aUm tfisso! E também vós próprios sois essa vontade de potência — e nada além disso! É este o discurso de um homem embriagado, a conjuração cósmica de um poeta visionário, ao qual faltam as pala^ vras — ou o pensamento provindo de uma experiência nova

NOVA tXTtftífrC.A PO M U * * » ( M

do mundo? Essa cxpenfcacsa ao*a nJo está ao "grande combate" dt Nietxsche contra a mctaftoca ocidental, comra o cnstíaniuno c i moral • J J — f c da ic exprime* Mutante, através Cai fórmula* c s qnc, como noa canto* de Za**iustra ' - AêÊêê 4O N M do SoT e "Da Grande Noatalgia". ek celebra o mundo como um jogo. coeso uma roda, uma leqüfaaa de acontecimentos regido* pdo acaso e a aventura, como o teatro de Diooiso, o devi das máscaras. A v e l u questio. mais uma vez resposta por iodos os exegtus de N i e t u d * — pensador ou poeta? — permanece j i há tanto tcntpo sem resposta, que ainda somo*, sem dúvida, impotentes para pensar um conecto adequado ao mundo, para alem do tujàto e do objeto, para alem da alternativa do ser cm si e do aparecer, para akm, enfim, de todas as categorias cotsats. de uma cocnpretnsio do ser orientada para o ser fragmentado, isto é. mdtvtduado, do cate. para atoa da metafísica ocidental. O que está o tempo todo cm q uestio na obra o> Nieuv C*K, como uma luta indecisa entre criação poíòca e pensamento,talofc.absolutamente, a dua&dadc de duas faculdades criadoras, é antes a diferença entre o pensamento do intramundano e o do próprio mando Do ponto de vtst* filosófico» 0 problema "Nirocfae hoje" n l o c, de modo algum, refletir lobrc o conteúdo de pensamento que a " votitade de p o t t o á v ' c o "eterno retomo" nos trazem, enquanto fórmulas que dizem respeito ao arando, mas ânus de todo, traduzir em palavras a rebelo da cMstfnria no mando, a "experiência do m j o d o " -

Discussão R&bcri Sasso: Voe* cortoo. voíununamente, no aforismo 1067, toda uma sírie de atoas qne me parecem, confesso, bastante esclarecedoras, ou h i dmas versões desse texto? Aqui esti (na tradjçio sa da GaEanard. tomo 1. p. 216) a agem que tenho em mente (que aparece no tomo J, p. 189* 90 da ediçfto de Weimar). e qne se insere entre a (vocação áo Per* além d* txm t Uat que seria ok*e Zxi c. de outro lado. a do Vontmk
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% . . ) Este meu mundo — quem t lúcido o bastante pari olhá-lo sem desejar a cegueira? Forte o bastante para expor sua alma a esse espelho? para opor seu próprio espelho ao espelho de Dioniso? Para propor sua própria solução ao enigma de Dioniso? E quem o conseguisse, nio icr« de faxer ainda mais? Prometer-se ao "and dos anéis"? Com o juramento do pròpno retorno? Com o anel do eterno auto-abençoar-se. auto-aflratar-se? Com a vontade de querer -de*no>0-e*aindauraa-vw? De querer retomar todas as coisas que foram? De querer ir a tudo o que tem de ser? Sabei* agora o que è o mundo para mim? L o que quero, quando quero este mundo?" Richard Roos: Existem, efetivamente, duas versões deste aforisjno. A primeira, que finaliza com as linhas que vocf menciona, havia sido conservada por I*. Gast e os irmãos Horneffer, para sua edição de A Vontodt de Pottncta, de 1901, em que figura sob o número 385 (tomo 15, p. 411). Esse volume foi, como se sabe, recolhido c destruído, e depois lubstituldo peloi tomos 15 e 16. sob a responsabilidade de I* Oast e Elizabeth F0rster-Niet£sche< O aforismo 385. traiu* formado em aforismo 1067, apresenta, aqui, um fim totalmente diferente. O Nachtxrteht de Otto Weiss (tomo 16, p. 515) assinala que a primeira versão fora ruçada à mio por Nkixsche. que escrevera entre as linhas a vento definitiva, precisamente a que Eugcn Fink citou. A exatidão deita obscivaçio foi-me confirmada por Colli e Montinarí. O único texto correto t. portanto, o do aforismo 1067. acompanhado no aparato critico pela variante do antigo aforismo 385, ta) como foi feiro com o tomo 16 da edição Krôner. Por outro lado, a tradução sa que voe* cita baseia-se em uma adição de dois textos, em que um exclui o outro*.

t n - f f ^ j Mkf ItfcrfAr [Settdten mi fr*t****í} iîaiu 411 •forajra ia*» âtot < foi pubteado toteme XV da *'QTOMOEU*-Aiaaabc*'* N*wfr**»r.. Impai. iWI,«aafnpoa«bíidadede^rt*rGa*t Ercm t Av*uit Hcraftcr A k*»uí^ «ú^lo. cooMdaftda cono • vcrOo drffca>* t m n M n ttmrwH da «dtçlo caaontea". s o b r a m • amolar Rnimado 10** *fcrame*. *JIV*C«* ao* w è a » XV t XVIda "OfOMOttavAuaaabC", Nauiaû. j t u . tobampcoi*bdídaaa de Ono W f « . £ H C icuo — m o t u d o por Altad Krtoor Vc T U* t Utpn» — corropcodC t^nd^mcn^lmcv^ Sjurfe CSíME< í í - l o poç Pctcf G**i c fcwl FdrMa-Nittudw. f * 190». para a "tdttao da bobo" da» obnt do Aôaofe. t iaoonaau n •:•'*- qut iaa;o aa onnMua OÂUO na tcguiiâi eàçao d* yçniaée d* taftrat, oi iforUBkOf forno «xotado* i dedo nc oaio da SK*JI r t e g r i a ao

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Kari Lõwtih: Ainda que DOS escritos de Niet/sche o aspecto antropológico pareça prevalecer, voei mostrou bem i importância do aspecto cosraolôfico, c estou de acordo quanto ao caráter insuficiente dos cooceitos fundamentais de "mundo" c de " v i d a " , principalmente no aforismo 1067. E voei também esti coma raxfto ao diier que em Nitzschc, nio se pode separar o poeta do pensador, mas este caso. diga-se de pastagem, o i o c excepcional. De qualquer maneira, o atpècio medico-biológico eierce um grande papel no conceito meuschiano de " v i d a " , mas a distinção entre vida ascendente c vida descendente vai mais longe; creio que cia sã tdquire plenitude de sentido em relação a uma certa idcia 6Q homem, que cm Nscuscbc. substancialmente, parece pouco ter evoluído. Voei evocou o problema da relação entre o homem e o mundo tal como está formulado, em particular, no aforismo "Nosso ponto de interrogação", e que recebe, parece-me, sua resposta mais clara nos esentos de juventude A "mentira txtrarnoral". que falseia o jogo do vir-a-ser, deve-se a essa consciência, cujo tknico possuidor, no conjunto do universo. c o homem. Mas creio que o problema nlo se coloca mais para a filosofia alemã desde que Ketdegger alcançou a proeza de tirar o homem e o mundo de um sõ conceito: o de £to*ui Euftn Fimk: O conceito de universo foi tirado, de inicio, das dtocias da natureza. E um conceito formal, sem comeúdo determinado. Na Crinca da Ratão Pura, o conceito de mundo, que e Lentral. adquire uma determinação na doutrina do ser transcendental, ao nível da retaçio entre os conceitos da razjo e as idéias, segundo as quais se pressupõe, por detri* «torto*» E i « r j » a * deMtnotdo por Ktri í í i i c H i - já a* dtcad* Ar W. dípoi* dr ur rrihmán n M » Aj**i*-tm M u c b r . c a « d n o . utbaAo CMC OJM muJiog VWnJT*r V * r t c <•* trrH -rrhiwry CMí Hinwr M " « « ™ * . r M t •*» ttfaren * GuraM wmèm àt N k m f e * * * «n#o • pmmmmmm MJMMO • CNMlopA one*»* ao «úK*C O U O t r a toktaa. OB akafto ffralur ét Qrwfm 4 Co.. Bcfiml. frt*0B (StfttoM i A ^ ' J . r*f-*'. -loàoa* (Atüpoi U u m . MiHoj c japoooi
fcKXM de toda ctperitncia. una totabdade nlo dada. Ora. codu a* formas em que se produz essa tuperacAo da experiência pdo pcmaroenio, possuem a fatal propriedade de se contradizer. EU* te contradizem tefuado a Lôpca. que te organiza em um nívd em que suas regras oflo conseguem abranger a totalidade. Minha te*e unpòatacraadeque hácm Nktxsche uma irnntiva de aplicar a «ata totabdade modelo* antropomórftcot. Quando fala dos deuves que jogam dados, nlo esclarece em nada a fenomenabdade e o valor fenomenal da causalidade. Ele duvida lio pouco disto que interpreta fundamentalmente estes modelos como fictfcs instrumentais da vontade de potência. Mas o proWcma e saber te. objetivamente ou subjetivamente» o mundo pode ser apreendido em quaisquer categorias. Direi, a titulo puramente pessoal, que Nietzichc. evocando ás vezes o problema do mundo com a loucura de um poeta embriagado, abre *•»•*•**** a quesiOes absolutamente fundamentais A non KtiM: Voei lembrou bem, toda incerpretaclo è uma das perspectivas possíveis da obra de Nictzsche. em que algumas talvci comportem ruços maiora que outras. Goiia riamos de ouvi-lo definir tua posição em relação à interpre^ taçfto de Heidcgger. quando este vt cm Nietzsche o peruador da metafísica. Minha questÀo se baseia nas gtacias que percebo entre Hode-gjer e voei» e que parecem» ao mesmo tempo, trair divcrgtecias. Voe* diz que, segundo Ntetzscbe. os fenômenos no* dissimulara o mundo; que u m necessidade biológica oot constrange a falsificar o real* Aqui voe* coincide, em certo semido. com o que diz Heidcfger dos entes que dissimulam o ser; mas em seus cursos sobre Nietzsche1. Heideggcr considera, parece, corro profundamente zoológicas as impuliõcs, que cm Nictzsche suscitam uma dissimulação, de ura certo modo, reguladora (enquanto para de, das viriam mais do próprio ter). Em todo caso. essa antropologizaçAo nietzschiaaa da seta física corresponderia bem ao próprio movimento de toda metafísica ocidental, ao o que você ve ai antes uma destnuçio dessa metafísica.

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Por ouuo lado, vocí mostrou Nktnche operando eua destrviçlo da ontologia por uma esptae de antropocovrologu V i x i acha que Hc.dcgger le engana ao discernir eoi NxUKfct j m i ontologia, pelo menos latente? Voe* mesmo «geriu. creio, uma tendência na obra d d t a identificar íCT c vida. tiàgen Fmk: A opomçÈQ bodeggcnana entre icr eente K «tua aura nivd e nu» pLuio diferente do da critica nietuchia M do ICT era nome do «w-a-ftr Para Hctdcgger. trata-se o tempo todo de uma compreensão do ser. pois o cate e pensado kcrnprt crc referencia s*. te: eu era opoi (Ao a e*. mqjan 10 Mcttsche quer escapar da região do íer. Mas o problema t saber o que significa ciae conceito de w a-scr. porque de parece mau o de um «tr-a-ter intraraundano que o do próprio • • i d a O Nmtnmemto « r 7>ufmwf permanecia tributário do duahsroo •cuopcmaagrriann. que opõe vontade a representação, m u Nictoche aèo te deteve na simples opoucâo entre D*oniK> e Apoio; i o próprio vir-a-ier , ek quis mostrar a icterpenetraalo incessante doa òouk tmmm Aram*: Voe* disse que em Nietocbe o real leri* algo que ic ***"•#» r ^ c se destro* a ü peópno; parece-me antes discernir em ma obra uma rndicaluaçlo progressiva do pensamento no sentido do real. O Dionbo de Ecct Home )t nio c o de O Sammenro d* Truçêdmi ek aparece cada vce mas como o símbolo da reafcdadr. em oposição ao Crucificado, que e o símbolo do idealismo, aquele que d i esperanças ao* escravos, que quer, portanto, mudar as ejmituras do real, aquilo que Ortcga > Gaoet chama de contextwv, e que. para ek como para seu mestre, implica hierarquia e O paradoxo * que alguns — aóa o constatamos iquj mesmo — pretcodeo encontrar cm Nietzacfae uma dimensão bbcniha que seria melhor procurar em Bakunin, Voot mov trou bem. o aspecto mais transparente do pensamento meta* chsano è a vontade de potência, a dominaçio de uma minoria- Mas o que difrinçu* soa ontologia das ontologias ante* riores — mdusive, sem dúvida, a de Hegd, apesar da função motora que o negatiro desempenha ai — e que nek o ser se coloca como **por-vir p \ Ji que o mundo atual c deformado, degradado, desestruturado, è preciso que reencontre sua ver. dndeira cvmtextufw. para que o homem um dia possa dizer S m ao ter.

Eugtn fínk: Sim. eu estaria absolutamente de acordo com voe* quanto a o u vulo de um desenvolvimento efetivo do pensamento nietzschiano. mas o que ele próprio escreve sobre a prática è mais» eu receio, a imagem de uma imensa dommaçio, a dos senhores da Tem. Os senhores, para eftr, nio são homens de potência DO sentido tradicional, mas jogadores, e esses jogadores jogam com valorei. Eks descobrem posições axiológicas e orientam os outro* homens, as massas, enquanto legisladores — legisladores nio por quaisquer Devik>gos ou o que quer que seja do mesmo gtnero. mas desper* tando atitudes afetivas cm relação i rida; orientações axiológicai. Tratam os homens como joguetes. Mas o surpran* dente t que esses senhores tiro uma certa inocência em relaçao ao vir-»**er, precisamente na medida em que jogam. Nio lio tiranos, nem Napokões, nem Hiücrs. e t c . mas jogam com o que os homens situam no oJvel mais alto: com as rdigrôc*. as morais, a arte. com todas as dimensões tradicionais da civtlizaçâo. Parece-me. entretanto, que o comércio desses homens de potincia, que sio criadores, o comércio desses inventores de morais com as massas tornou-se impossível, pois as próprias massas conhectm boje o segredo que permite dar um sentido humano ao mundo bvmano. Elas jà nio sio joguetes possíveis para quaisquer senhores da Terra, mesmo que estes se apresentem como grandes filósofos, como fundadores de religiões ou de morais.

Da leitura à história extemporânea EneOémms

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caráter selvagem do t o l o ukuschuno deve-se i complexidade de suas cootradiçoO» que nio esconde nada a nâo ser a Itftt intrincada de uma escritura, da destruição á afirmação. Qual "filosofia" permanece mah irredutível a qualquer coffiprecnsio? QuaJ «aí mais tooje na pencguitfo 4 Alga dos conceitos e mais siaáta mas interpretações? Depois de Dcrrida. entendi o quanto hoemene provoca uma inconv preensâo necessária, calculada pela sua au^fnaa de wrdúde. sem que estes termos possam ser apresentados simplesmente. Pois nenhum sentido último dá coou dos labirintos desse texto, nem os identifica no seio de uma origem apahauadora. O entrecnirâmcnto de inierpreâa mi: \;\i> àpôia-se oa desenvoltura critica diante do verdadevo. 4
••eaftaa - e a história. As rtdcs de impücaçOcs do (esto nietzsfazem-no desdobrar te imediatamente: em solapa mentos produtivos e em morem históricos desses ioUpan rel="nofollow">entos+ Sc a história, conceito metafísico, (rego c judeu, cristão, for sempre a história do sentido, quebrar a verdade quebra a história, em outras palavras, produi aquilo cujo conceito foi sempre a clausura: uma bnsura. O (esto introdutório de N*ef zsche é sempre duplo: a critico do vtrdodc di>td+*e com 0 briswv do hisfóna. Eis por que, entre estai redes que se encadeiam, aquela que percorre o* tecidos da história (de seu conceito) produz een profundeza o exorbitante do texto nietzsv emano a história "em geral". " N i o sei como chegar lâ — mas é poastvfl que ptio prtmeuo vtt «*e tenha vindo o pensamento que corta a lustóna da humanidade em duas"*. I antatI H ou deMho? Desacreditar precipitadamente confirmaria um tetstor moral: "Nesse tomar tomou-se provável; mas também - metafísica (da arte, da vontade de potência.,. )» antsdialetica (ato et antvhistónca), inter • prctaiiva Uenealospua)... Tal distanciamento deveria justificar-se indefinidamente: mas ele invoca de inicio a desenvoltura., a escritura que dispensa a inversão, solidária daquilo que da nega, Se se trata de refutar, uio nunca será na cumplicidade do face a face de dois detentores de versões verdadeiras, ao contrário: pelo viés de um desvio* que nio i outra cona scnlo a leituta do texto (nicmchiano). A leitura desen-

DA LlfTVJA A MlTTOtlA F.XTf MTQÊÀM*

V

volta pratica i flutuação na analise — no que ria M f t toda vontade de ioterpreuçlo. ao que Ntetache desgru num parêntese peremptório por "violentar* ajustar, encurtar* dfixar de lado. inflar, feoonar, falacar"*. Através de propo u(Oci incisivas «obre a interpretação, lujada i crença no verdadeiro, Nietxschc af^ma a força do texttf e da leitura, da 'Tildoftui'1: "Por filolota deve-se compreender aqui» num tenuJc muito geral, a arte de kr bem — poder ler fatos, m t faJKâkupelaintCTpccUvio. «rm perder rae*i gene ia dt compreende-los a prudência, a paciência, a uilifeia"", No entanto, nenhuma "teoria" da leitura é potsrvd: a i«o porque a ".filologit" nem tempre tem, como nenhuma paüavra em Ntctxschc. vaJor umlatrratmente positivo. Atum, a frase precedente íegue-ie a "filologia com wpbexu na inteepretaçio'* enquanto esta nwaaoa "suspensão do juizo" carac* leruaem outra parte ou sibios "niilista*"'. P que a Justo da verdade ainda espreita a filologia como apreensão dos pr^ pnotftlos.ConitadicAo. Nieusche destrM a tradição herma> acuttea e ao mesmo tempo redui a pretensão de uma nova cttncia. Contradição irrelevante, que e preciso pois manter icm cessar, A pràllca da leitura sô ocorre no ato das contradições da liagvaitm, que nlo prttende neutralizar oposiçócs metafisi CAS por uma simples suhstjtuiçAo: "Nlo se pode escrever tudo na linguajem antifa, mesmo (atum) modificada, a neuíraliEM&o nlo pode fazer com que o teito de Nietuche ainda afto seja suficientemente retido, por estes ugnos» no teodocoav ceituaJ que ele realmente pretende rasgar, brutalmente, coaa uma penada vinda de Outro lutar. Ê portanto para determinar este outro lugar que a parte mais visa do texto se consagra e cujo efeito filosófico trealmenteo de quebrar a história da tnetafisKa. outro lugar fora de alcance, nós o dtsscmot: focadtvtcxto"...* A linguagem dcvtría quebrar a história da raçtafíuca que a sedimenta, destruir o conceito de histtaia determinado

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caso queira ser mais do que um saber intcnoroemc recolhido, sem efetto"". 0 limite preciso do nietachiarJsmo t que o u açio se esgote ou se amenize como açio cultural. Mas o seu tempo forte contra a "tcodiceà cristi mascarada'* da tckolojia histórica se dará sobretudo na alegre lutg que separa e liberta. O discurso anti-histórico introduz a irrupção histórica dos acontecimentos. O r n o reajem. portanto, os intérpretes? (Eu escolho as referências com dificuldade), OcasoScblechu deve ter bquidadodefimiivamenie: ele interpreta as refaçôe* de NmHzsehe com a htuõna*' etn função de umi pretensa "víraf cm" contemporânea de Humano demasiado humano, "virarem qualificada de "niilista". Duplo engano, uma vez que o eniaio de 1974 já "fira*' em tomo de uma linguagem cujas marcas podem ser declaradas constantes (para coawiwr o com do autor), uma \ex que principalmente o niütsmo nio só t combatido por Nieusche, mas contestado na rair pelo desc>o profundo do impacto histórico. Uma frase de Scftlcchta revela a discrepância na qual ele se "A história enquanto história e a citncia caata e natural tornam se para ele as duas alavancas mais poderosas para quebra; as áobradiças do mundo tradicional; elas se tornam porque no fundo sao desprovidas de siffiifkaçlo e contemente destrôem valorcs"M. Como duas ''alavancas**, uma das quais a da citncia "exata"» como a destruição» podem-se confundir com a ausência de "significação" — somente a impotência de um dnicTlador donte da dialética t capaz disso. Um outro comentador permanece no prolongamento desta acepção unicamente negativa da história seiurdo Nietzsche-Granicr, no seu temor espiritualista de descobrir a história cm suas forças antagônicas, prefere exclui-la do pensamento nictzschiaao,\ o a Fínk c a Hcidetger (unicamente no Srvi und Zeit): a reduçio inierpretaiiva assume a forma, quase inversa. "• OCmoSWvcM. p SJ.ff Omcac *•***•**•*«• rTMMfláeA*fc*Cât» roy. GkiJmtr± P*^ l**C O mt» «p#atl 5éí pofcfccaáo n a o duo '*Dt*

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de um apelo i historicidadc ontoiófka ou antropológica. Cada um d d a recoostrói a questto brc a temática da tcmportlidade e asrin, escreve Hcidegger, í " " f ' * * « dtr Einhetí VOA Zukunft und Gt**s*nhtit ais GÉgenwarr*" — c è iUim que ele unifica uma história thpl-.ee? E Fnk. em eco quase deformado: "Trata-se ai de uma critiea do "sentido histórico** enquanto sinal de uma decadtacia cultural, O tema escondido deste totó fc a hütoricidadc do ser humaDO' íW . Ser humano» icr-*Ia a cada v*z o "exterior" da história è escamoteado, a história na sua multiplicidade. A lógica desu Biá interpretação prossegue no fato de que Fiok apoia a idéia de uma "metaflsic* de artista" subjacente e acentua o papei do "fênjo". A história |efai 0A0 deve ser woniecida: eis ai o ponto em comum do* intcrprctt*. reação a uma nova Torça que apareceu entre eles e Nieusche o matenahsmo histórico Tudo se a na órbita de uma fttasofta (ou de uma "metafilosofia*' ou de um "pensamento") que para sobreviver deve afastar a sua eatenondade mau violenta: a transformação do mundo <XI T&t sotxt FtiÈtràochy O fato de que neste pomo "Nietachc" ie articula com "Mar*", apesar de estar longe de uma perspectiva mantisu. constitui a ameaça contra a fltatoAa interpretaria. ameaç* que csu deve cm primeiro lugar fazer desaparecer. Nietzschc, Mar* á parte evidentemente, toma se aniimamita sub-repóciamctttc; os wMncioi da interpretação nivetan>-se apesar dele» ao baralho ntista. que, por sua vez, adivinhava o "serviço" que NrUschc poderia prestar à "história"! VuiUemin esti perto disso com a sua frase quase celebre: "Decididamente, c tempo de esquecer Nieizscbe"*. VuiUemin. por certo, denuociava a falsificacic dos textos que oferece a imagem de ura Nkusche nazis-

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ia, mas ccnfirmaw a tese de Kaufmarm sobre a perspectiva supra-hisiónea do eterno retomo. Tese que nio se trata de negar, mas de mergulha/ nas contradições de um texto cora pticado. Em todos os casos, mutisaios e interpretações negligenciam as mesmas questões persistentes: que (ai "Nietzsche"? Quais os discursos que de destrói? Com quais efeito* históricos? Estamos começando talvc2 a não mais nos esquivarmos destas questões — este questionamento de nossas questões de interpreto que nio transformam. "Nós", isto è. os filósofos de "cultura" sa em 1972: è impossível escamotear o tempo e o lugar do discurso — os acontecimentos de nossa história. Estes acontecimentos nio devem ser citados para instaurar uma causalidade que enclausura: mas devemos insistir em nossa relação com eles. o que provoca contradições. Esta relação intervém bteralmente entre Skt&che, Marx, Fmd11 ou As pmcirms r as coitas, de um lado, c Xirtzschr, A Geieofogw, A Hàstôna0, de outro: textos onde Foucault fala de Nieusche. De um sò golpe, escrevamos que rles operam a tenslo entre a ünguafem (a interpretação) e a linguagem na história. Este golpe nâo ocorre sem vesUgios justificados: ele nio implica uma oposição, mas um alargamento (taNe/ previsível). Do projeto arqueológico á gencak>gia. existe a suplcmcniaçlo de um conceito, o de história f/íífva ("WlrtlKhe Hístotre", traduzido por Foucault). Mu este conceito permanece ligado por inteiro à pesquisa gencalôgica. sem dúvida com Nieusche na medida em que este só conhece a açio cultural, mas sem uma marca tio decisiva do exterior do discurso* Para Foucault, o acontecimento parece ocorrer apenas com a coodiçAo de ser captado por um olhar, uma "leona". £ o teonsmo de Foucault, esta tnstlncia do olhar que nio foge do ptatonismo. "O senudo histórico, tal como Niewcbe o entende, ifirmi-se como perspectiva, e nio recusa o sistema de sua própria injustiça. Ele olha sob um certo ingulo, com o pro-

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pôsito deliberado de apreciar, de dizer sim ou nlo, de seguir todas as pecadas do veneno, de encontrar o melhor antídoto. Antes de simular um discreto ofuscamento diante daquilo que olha, antes de procurar nele tua lei. 6 um olhar que sabe de onde olha t i o bem quanto o que olha. O sentido Histórico dá ao saber a possibilidade de fazer sua genealogia no próprio movimento de seu conhecimento. A "firkliçhe Histoirtefetu* a genealog ia da história na verticalidade do lugar em que M encontra1 * . Foucault ijnora ainda que • história real, geral e efetiva» nlo è Igualmente uma questão de "perspectivas": com os "olhares", forcando o*, existem as lutas, o desejo e o poder. Nenhum absoluto, certamente, mas uma realidade efetiva (c o conceito de sua nAo-imcdiaticidadc que deve ser procurado cm outra parte), mau e menos do que o "carnaval organiado"*". A metamorfose dai ires modalidades da historia que Foucaull examina permanece no plano teórico (e tcorttico); para dar folga à " v i d a " , a teu "podei de afirmar c de criai" 11 , ao que estai palavras condensam numa velha linguagem, ekc se condena a pensar apenas a importância, f preciso, por opostvAo, examinai uma démarche que se tornou bem diferente da de Foucault (com cxccçlo do Foucaull da Históna da loucura e das práticas recentes que ela relança) que fez Deleu/e ar de seu Nietzsche et Ia philosophm (1967) ao Ann t.dipo (]972) Estabeleço um núcleo provisório a partir da Utibdode e desvantagem da hluôria para a vida. O paradoxo do histórico e da vida no nlo-histórico, o paradoxo do tempo desaparecendo, deslocado em espiral, o paradoxo da hLsioricidadc do anti-histórico, irredutíveis, lienvse em conügüidadc com a nlo-oiunciaçlo de uma doença verbal e hístoncista, de um discurso analógico e finalizado i serem suprimidos tmpretcrivclmentc» com seus dualismo*» sua estrutura representativa, imitativa e interpretam*. Mas as alavancas de uma tal aç&o — cultural (na forma), embora de efeito generalizado — forças plásticas que destróem. com* póem, mas nio dispensam o dado, essas alavancas ou forcas

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DA LfrTUlEA A HtnOUA EXTEMPORÂNEA

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tendem para umi extcrioridade: o acontecimento. Ou melhor: oi acontecimentos, potências do reaJ que requerem ma vir», ser (a "adivinhar'*). Nietache quer quebrar a história atravfe de uma comracultuf», uma contrapcdagogia "viva**? Ambv çio ou revolta, tal < qual manchadas de idealismo, tem cootefuir uma prática materialista e dialética da história, e tafrez também do sujeito..No «tanto, seu gesto mais significativo rio te reduz a nada (ao niilismo), nem mesmo à linguajem; ek ftot impõe desde ji. além disso, uma potência de esquecimento e de luu (norao>.a pottncia de divisão.

NIETZSCHE HOJE ? Seleção e apresentação de Scarlett Marton

Em julho de 1972, importantes pensadores ses e alemães reuniram-se para debater o tema "Nietzsche hoje?". Nesse colóquio, alinharam-se posições e posturas divergentes, diferentes interpretações e preocupações: Como ler Nietzsche hoje? Nietzsche estaria inserido na tradição filosófica ou seria o criador da não-filosofia? Num momento em que esse filósofo ocupa um lugar privilegiado no panorama do pensamento ocidental, a leitura desse livro se faz obrigatória a todos que se interessam pelos movimentos da filosofia.

Nietzsche Hoje 163l5b

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